Marco Aurélio: “a que custo será implementada blindagem pessoal do senador Renan”
Marco Aurélio Mello |
O ministro Marco Aurélio Mello alertou seus pares do Supremo Tribunal
Federal para o que considera ‘desmoralização ímpar’ da Corte máxima.
Irritado com a conduta do presidente do Congresso, senador Renan
Calheiros (PMDB/AL), que o desafiou e se recusou a desocupar a cadeira,
ignorando a liminar que despachou na segunda-feira (05.dez.2016), Marco
Aurélio disse aos colegas na sessão plenária de quarta-feira
(07.dez.2016), que a conduta do peemedebista ‘fere de morte as leis da
República, fragiliza o Judiciário, significando prática deplorável’.
“Ao fim, implica a desmoralização ímpar do Supremo, o princípio
constitucional passa a ser um nada jurídico, a variar conforme o cidadão
que esteja na cadeira”, alertou o ministro.
Apontando diretamente para Renan, o ministro foi enfático. “A que custo
será implementada essa blindagem pessoal, inusitada e desmoralizante, em
termos de pronunciamento judicial?”
Conclamou todos os ministros presentes à sessão, a quem nominou, uma um,
a evitarem a ‘desmoralização’ da Corte e propôs o referendo da liminar
que derruba Renan e a derrota do recurso do senador.
“Com a palavra, o colegiado, os ministros Edson Fachim, Teori Zavascki,
Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e
Cármen Lúcia presidente. Que cada qual, senhor de uma biografia, senhor
da busca da credibilidade, do fortalecimento do Supremo como
instituição maior, autor da história a constar dos anais do Tribunal,
cumpra o dever decorrente da cadeira ocupada, prestando contas à
História, a gerações futuras, implacáveis testemunhas, não há falar em
devido afastamento no campo monocrático de presidente de outro Poder,
mas sim na observância estrita da Constituição Federal consoante
interpretação já assentada e executada pelo Supremo ante o quadro
presente o impensável, o desrespeito a uma decisão judicial, a um
pronunciamento do Supremo proponho o referendo da medida cauteladora,
implementada, ficando prejudicado o agravo.”
“O Supremo não pode despedir-se do dever de tornar prevalecente à ótica
adotada (em relação ao ex-deputado Eduardo Cunha), sem que isso importe
em provocação ao Poder Legislativo. Caso provocação haja, essa está no
inconcebível, intolerável, grotesca postura de recusar ordem judicial.”
Marco Aurélio foi dramático. “Receio, receio muito o amanhã, caso
prevaleça visão acomodadora, dando-se o certo pelo errado, o dito pelo
não dito.”
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