Suprema Corte demonstra que a Justiça “tarda”
Dias Toffoli |
O Supremo Tribunal Federal demonstrou na quinta-feira (03.nov.2016)
que a Justiça não é apenas cega. Sua balança está desregulada. E a
espada perdeu o fio. Formou-se no plenário do Supremo uma maioria de
seis votos a favor do entendimento segundo o qual réus não podem ocupar
cargos situados na linha de sucessão da Presidência da República. Porém,
antes que o veredicto pudesse ser proclamado um dos ministros, Dias
Toffoli, pediu vista do processo. Adiou-se o desfecho do caso para uma
data indefinida.
Costuma-se dizer que os ministros do Supremo estão sentados à direita de
Deus. No caso de Toffoli, ficou entendido que, o ministro está sentado
ao lado de alguém que se considera acima de Deus. O adiamento do anúncio
do veredicto que veta a presença de réus em cargos que podem levar seus
ocupantes ao exercício da Presidência beneficiou uma única e suprema
divindade: o presidente do Senado Federal.
Ao protelar o veredicto, o Supremo estendeu um tapete vermelho para que
Renan Calheiros desfile seu rastro pegajoso de processos no comando do
Senado até fevereiro de 2017, quando termina sua presidência. O senador
responde a 12 processos no Supremo. Uma denúncia que poderia convertê-lo
em réu aguarda por um julgamento há 3 anos e 8 meses.
Ao poupar Renan, o Supremo ajuda o investigado. Socorre também o governo
Michel Temer, que trata o encrencado como herói das reformas no Senado.
A Suprema Corte só não ajuda à sociedade brasileira, atormentada pela
constatação de que a Justiça tarda, mas não chega.
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