Coaf detecta “movimentação atípica” de apenas 31 citados
nos “Panama Papers” — número de casos indica possível incapacidade de apuração
nos “Panama Papers” — número de casos indica possível incapacidade de apuração
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou
movimentações financeiras atípicas de pelo menos 31 pessoas e empresas
mencionadas na série de reportagens “Panama Papers”.
Transações bancárias desses 31 contribuintes caíram numa espécie de
“malha fina” do Coaf. Consideradas suspeitas, foram descritas em
Relatórios de Inteligência Financeira (os chamados RIFs) e encaminhadas à
Receita Federal, ao Ministério Público Federal, ao Banco Central e à
Polícia Federal.
O Coaf informou que não conseguiu relacionar os nomes de 26 pessoas e empresas citadas com nenhum CPF ou CNPJ.
Os números mencionados pelo Coaf são modestos. Podem indicar uma
incapacidade do órgão de fazer as checagens devidas. Por exemplo, os
“Panama Papers” revelaram a existência de, pelo menos, 107 empresas
offshore ligadas a personagens da Lava Jato — firmas que até aquele
momento não tinham sido mencionadas pelos investigadores brasileiros que
cuidam das investigações relacionadas ao escândalo da Petrobras. Os
“Panama Papers” mostraram empresas offshore relacionadas a políticos
brasileiros e seus familiares com ligação com as siglas: PDT, PMDB, PP,
PSB, PSD, PSDB e PTB.
No Brasil, os bancos são obrigados a informar ao Coaf sobre qualquer
transação bancária de alto valor. Movimentações de quantias superiores a
R$ 100 mil em dinheiro vivo também precisam ser relatadas, bem como
operações que estejam discrepantes do histórico dos clientes. A maioria
não indica a existência de irregularidade. Mas algumas caem na “malha
fina” e são checadas por técnicos do Coaf.
A série “Panama Papers”, que começou a ser publicada em 03.abr.2016, é
uma iniciativa do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas
Investigativos), organização sem fins lucrativos e com sede em
Washington, nos Estados Unidos. Os dados foram obtidos pelo jornal
Süddeutsche Zeitung. O material está em investigação há cerca de 1 ano.
O Coaf também realizou esse tipo de apuração após a publicação da série
de reportagens SwissLeaks, baseada em informações do banco HSBC da
Suíça. Na época, foram encontrados “indícios de ilícitos” relacionados a
50 dos 126 brasileiros cujos nomes foram divulgados na série.
Leia a íntegra da manifestação do Coaf sobre o assunto, encaminhada por meio do Ministério da Fazenda:
“As informações que foram veiculadas pela imprensa a partir de abril deste ano divulgaram 80 nomes de pessoas físicas e/ou jurídicas, dos quais 54 identificou-se CPF ou CNPJ e 26 não foi possível identificar CPF. Em relação a esses nomes, o COAF, no âmbito de sua atuação, incluiu na sua base de pesquisa como fonte de mídia. Ainda dentro de suas competências, os casos identificados pelo COAF com alguma atipicidade e passíveis de comunicação, foram comunicados às autoridades competentes.
Dos 54 CPF/CNPJ identificados, 31 constaram em Relatórios de Inteligência Financeira (RIF) desde a criação do COAF até os dias de hoje.”
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