Supremo julga ação que pode tirar Renan do cargo
Renan Calheiros |
A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal,
marcou para 3 de novembro, quinta-feira da semana que vem, o
julgamento de uma ação que pode abrir caminho para retirar Renan
Calheiros do cargo de presidente do Senado. A Corte terá que decidir
se um réu pode ocupar cargos situados na linha de sucessão da
Presidência da República. Como presidente do Senado, Renan é, hoje,
a terceira autoridade na rota sucessória. Se por alguma razão Michel
Temer e Rodrigo Maia, o presidente da Câmara, não puderem assumir o
Planalto, é Renan quem assume.
Numa sessão realizada em 5 de maio, o Supremo afastou o então
deputado Eduardo Cunha do comando da Câmara a pedido da Procuradoria
da República. Um dos argumentos esgrimidos pelo relator do caso,
ministro Teori Zavascki, foi justamente o de que não convinha manter
a poltrona de presidente da República ao alcance de um réu.
Teori anotou em seu voto: “… Não há a menor dúvida de que o
investigado não possui condições pessoais mínimas para exercer,
neste momento, na sua plenitude, as responsabilidades do cargo de
presidente da Câmara dos Deputados, pois ele não se qualifica para o
encargo de substituição da Presidência da República, já que figura
na condição de réu no inquérito 3983, em curso neste Supremo
Tribunal Federal”. A tese foi endossada pela unanimidade do plenário
do tribunal.
Agora, os ministros do Supremo terão de dizer se as razões que
justificaram o afastamento de Cunha se aplicam às outras autoridades
que compõem a linha sucessória. Se a resposta for positiva, bastará
que Renan se torne réu na Lava Jato ou em qualquer outro escândalo
para ser apeado do comando do Senado. A ação foi protocolada pela
Rede, legenda de Marina Silva. O relator é o ministro Marco Aurélio
Mello.
A hipótese de Renan ser enviado pelo mesmo Supremo ao banco dos réus
não é negligenciável. Além de responder a oito inquéritos na Lava
Jato, o presidente do Senado já foi denunciado pela
Procuradoria-Geral da República no caso em que é acusado de pagar as
despesas de uma filha que teve fora do casamento com propinas
recebidas da Construtora Mendes Júnior.
O caso é de 2007. Está pronto para ser julgado há 3 anos e 8 meses.
Desde o dia 4 de outubro, encontra-se sobre a mesa de Cármen Lúcia,
para que ela marque a data do julgamento. Algo que pode ocorrer a
qualquer momento. É contra esse pano de fundo que Renan comprou
briga com o “juizeco de primeira instância” que autorizou a Polícia
Federal a varejar a Polícia do Senado. Em resposta, Cármen Lúcia
exigiu “respeito” ao Judiciário.
Em visita ao Planalto, na manhã de terça-feira (25.out.2016), Renan
pediu a Michel Temer que intermediasse uma conversa com Cármen
Lúcia. Contactada pelo presidente da República, a ministra alegou
ter dificuldades para encaixar o encontro em sua agenda. Ficou de
verificar. Renan chegou a celebrar o encontro em entrevista. Horas
depois, porém, Cármen Lúcia refugou o convite. E Temer viu-se
compelido a cancelar o encontro que ocorreria na quarta-feira
(26.out.2016).
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