Situação de Lula está mudando de patamar
Segundo a crença dos devotos do PT, Lula não tem muito a dizer sobre
os momentos mais constrangedores de sua passagem pelo poder porque
ele não sabia da devassidão que vicejava ao seu redor. A julgar pelo
seu comportamento atual, Lula não sabia e continua não sabendo.
Nunca um culpado pareceu tão inocente. Ou, por outra, nunca um
inocente pareceu tão culpado. Do ponto de vista da Lava Jato, a
situação de Lula mudou de patamar. Piorou!
Antes, o ex-presidente era acusado de ter seus confortos bancados
por empreiteiras num sítio e num apartamento de praia. Ou no
pagamento do aluguel dos contêineres que guardam suas “tralhas”. Ou
na recompensa pelo tráfico de influência camuflada sob a aparência
de remuneração de palestras. Agora, a acusação é mais direta: o
“amigo” que aparece nas planilhas da Odebrecht associado a R$ 8
milhões em propinas é Lula, acusa a Polícia Federal.
A defesa de Lula reitera o mantra: “É perseguição política”. No fim
das contas, Lula parece reivindicar que os investigadores levem em
conta a sua inocência inquestionável. É como se exigisse para si um
julgamento à parte, um veredicto que não ousasse responsabilizá-lo
pelas culpas do sistema. Sempre foi assim, caramba!
Lula deseja que a Lava Jato leve em conta que, no governo, ele
lutava por uma biografia ao mesmo tempo que tinha que cuidar da
governabilidade. Seus aliados queriam propinas, não um bom nome.
Deve doer em Lula o destino que a história lhe reservou. Um destino
de ex-monarca obscuro, numa peça de enredo confuso, em que o
personagem central é um juiz de Curitiba e o epílogo é a Odebrecht.
Luiz Inácio Lula da Silva |
Relatório da Polícia Federal (PF) que indiciou criminalmente o
ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil — Governos Lula e
Dilma) afirma que codinome ‘amigo’, em planilhas de propinas da
Odebrecht, é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em um documento
do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, ‘Amigo’ é destinatário
de R$ 23 milhões.
No relatório, a PF afirma que, deste total, R$ 8 milhões foram
‘debitados do “saldo” da “conta-corrente da propina” que correspondia ao
agente identificado pelo codinome de Amigos’.
O Setor de Operações Estruturadas da empreiteira era responsável pelo
pagamento de propina a políticos, agentes públicos, ex-dirigentes da
Petrobrás, segundo a Lava Jato.
A suspeita sobre o ex-presidente Lula consta da página 34 do relatório de indiciamento do ex-ministro Antonio Palocci.
A PF afirma que a suspeita sobre Lula tem ‘respaldo probatório e
coerência investigativa’. O relatório cita a sigla EO em suposta
referência a Emílio Odebrecht, patriarca do Grupo Odebrecht.
“Luiz Inácio Lula da Silva era conhecido pelas alcunhas de “Amigo de meu
pai” e “Amigo de EO”, quando usada por Marcelo Bahia Odebrecht e,
também, por “Amigo de seu pai” e “Amigo de EO”, quando utilizada por
interlocutores em conversas com Marcelo Bahia Odebrecht”, diz o
relatório subscrito pelo delegado federal Filipe Hille Pace.
O delegado diz que esta parte da investigação está sob responsabilidade
de um colega dele, o delegado federal Márcio Adriano Anselmo.
Documento — O RELATÓRIO
As planilhas da Odebrecht trazem, ainda, o codinome ‘italiano’, segundo a
PF, uma referência a Antonio Palocci. O ex-ministro da Fazenda foi
indiciado por corrupção passiva. Segundo a Lava Jato, entre 2008 e o
final de 2013, foram pagos pela Odebrecht mais de R$ 128 milhões ao PT e
seus agentes, incluindo o ex-ministro.
“Muito embora haja respaldo probatório e coerência investigativa em se
considerar que o “Amigo” das planilhas “POSICAO — ITALIANO310712MO.xls” e
“POSICAO — ITALIANO 22 out2013 em 25 nov.xls” faça referência a Luiz
Inácio Lula da Silva, a apuração de responsabilidade criminal do
ex-Presidente da República não compete ao núcleo investigativo do GT
Lava Jato do qual esta Autoridade Policial faz parte”, afirma o delegado
Filipe Hille Pace.
“Consigne-se, todavia, que tais elementos probatórios já são de
conhecimento do Exmo. Delegado de Polícia Federal Márcio Adriano
Anselmo, responsável pelo núcleo de investigação dos crimes que, em
tese, teriam sido praticados por Luiz Inácio Lula da Silva.”
A DEFESA DE LULA — Por meio de nota, o advogado Cristiano Zanin Martins
afirma. “A Lava Jato não apresentou qualquer prova que possa dar
sustentação às acusações formuladas contra o ex-presidente Lula. São,
por isso, sem exceção, acusações frívolas, típicas do lawfare. Na falta
de provas, usa-se da “convicção” e de achismos”.
O criminalista José Roberto Batochio declarou. “Este é um novo produto
onírico dos fundamentalistas que não apresentam provas, mas só
‘convicções fervorosas’, inspiradas por forças divinas.
Confira abaixo a íntegra da nota de Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira:
“A Lava Jato não apresentou qualquer prova que possa dar sustentação às acusações formuladas contra Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo após ter promovido devassa em relação ao ex-Presidente, seus familiares, colaboradores, ao Instituto Lula e à empresa de palestras LILS. São, por isso, sem exceção, acusações frívolas, típicas do lawfare, ou seja, da manipulação das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política.Neste caso, uma autoridade que não é a responsável pelas investigações em relação a Lula, emitiu sua “convicção”, sem lastro, para atacar a honra e a reputação do ex-Presidente, repetindo o abuso praticado na coletiva realizada pelos Procuradores da Operação Lava Jato (14/9/2016), quando nosso cliente foi alvo de comentários sobre questões estranhas ao processo ali tratado. Tal posicionamento não pode, assim, ser tratado como oficial, mas tão somente como a indevida e inconsequente opinião de um membro da Polícia Federal, sem elemento algum para autorizar a conclusão de que Lula recebeu qualquer vantagem indevida. Todas as contas de Lula já foram analisadas pela Polícia Federal e nenhum valor ilegal foi identificado.”
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