Ong LGBT terá de responder no Conar por
comercial com beijo gay
comercial com beijo gay
Exibida em horário nobre pela Rede Globo, um comercial que mostra dois
casais homossexuais se beijando foi denunciado ao Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária (Conar). O Grupo Dignidade —
organização pioneira na promoção da cidadania LGBT —, que coordena a
campanha, foi notificado a apresentar sua defesa em um prazo de cinco
dias.
A propaganda chama-se “Eu odeio berinjelas”. No vídeo, criado pela
agência OpusMúltipla especialmente para a ONG, a sogra oferece ao genro,
durante um jantar, um prato que contém berinjela. O jovem começa a
imaginar uma série de “crueldades” contra o ingrediente (afogar,
esfaquear, pisotear, explodir), mas, ao final da reflexão, só responde:
“Não, obrigado”. Na cena seguinte, dois casais gays se cumprimentam com
um “selinho” em um restaurante, enquanto o locutor diz: “Com orientação
sexual é a mesma coisa: você pode discordar, mas tem que respeitar”.
A reclamação foi remetida ao Conar em 14 de outubro. Segundo a queixa, o
comercial “é uma forma de fazer lavagem cerebral em crianças”. A
reclamante ainda afirma que o vídeo “transparece que as pessoas são
agressivas somente pelo fato de não achar correto ser homossexual”. Ela
diz, também, que os LGBT “pedem respeito, mas esquecem de respeitar
outras pessoas” e que o ideal seriam “comerciais que estimulem crianças a
se tornarem pessoas de bem”.
O diretor executivo do Grupo Dignidade afirma que “o comercial não
ofende a dignidade de ninguém, apenas pede respeito à orientação sexual,
tendo em vista os altos índices de violências e discriminação contra
pessoas LGBT no Brasil”. Uma equipe de 18 advogados já prepara o texto
de defesa perante o Conar, que deve, então, avaliar se o comercial deve
ou não ser retirado do ar.
O OUTRO LADO — O vídeo “Eu odeio berinjelas” foi escolhido pela Rede
Globo para integrar uma ação da emissora para a promoção do respeito
mútuo, veiculada nacionalmente a partir deste mês.
Com o mote “Você não precisar aceitar, mas deve respeitar”, o vídeo
mostra de forma inusitada a importância de lutar contra a intolerância
de qualquer espécie e ensina que o respeito é a melhor maneira de lidar
com as diferenças.
“Sempre achei suspeito a forma como alguns lidam com as diferenças,
especialmente no que se refere a orientação sexual. O que justifica uma
pessoa gastar sua energia para agredir, verbal ou fisicamente, alguém
que não compactua com suas preferências? Talvez essa pessoa não esteja
tão segura assim de suas escolhas”, reflete Renato Cavalher, criador do
filme.
“Obviamente que podemos discordar do modo de vida de outras pessoas. Sou
a favor de todos os direitos e da justiça. Não devemos discriminar e
sim respeitar não apenas a religião e a cor, mas também a orientação
sexual”, pontua Toni Reis, diretor executivo e fundador do Grupo Dignidade.
Nota Pública — Comercial “Eu Odeio Berinjela”
“O Grupo Dignidade é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, fundado em 14 de março de 1992 em Curitiba. É pioneiro no Estado do Paraná e tem como missão atuar na defesa e promoção da livre orientação sexual e identidade de gênero, bem como dos direitos humanos e da cidadania de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT).Neste sentido vem a público se manifestar acerca da repercussão positiva (elogios)/negativa (críticas) do comercial veiculado na Rede Globo nacionalmente desde a quarta-feira (12.out.2016) em que pauta, acima de tudo, o respeito como forma de eliminação de qualquer tipo de intolerância.O comercial intitulado “Eu odeio berinjela” é resultado de uma profunda reflexão dos dados oriundos de três pesquisas nacionais: Pesquisa Nacional Sobre o Ambiente Educacional no Brasil, 2016 (ABGLT/Grupo Dignidade); Quem a homofobia matou hoje? (Grupo Gay da Bahia); Relatórios de Violência Homofóbica (Secretaria de Direitos Humanos/Governo Federal).A análise desses dados, junto com os grupos focais utilizados, nos demonstrou que as violências de todo dia só acontecem pela falta de educação para diversidade sexual e de gênero. E o começo para o aprendizado é o respeito. Esse é o ponto. Sem respeito e educação para diversidade, a população LGBT continuará andando com medo. Por isso, importante não invisibilizar qualquer tema.Esta é a mensagem do vídeo: você pode não gostar, mas é preciso respeitar!A intenção do comercial foi ridicularizar a figura do agressor. Mostrar que uma pessoa que agride uma pessoa LGBT porque não gosta ou não concorda com seu comportamento, é tão irracional quanto alguém que agride uma berinjela, por não gostar do vegetal. Não se trata de uma apologia à agressão e neste sentido reafirmamos nosso compromisso com a defesa da igualdade dos direitos das pessoas LGBT.Acreditamos na parceira feita com a Agência OpusMúltipla, que produziu brilhantemente o comercial, bem como nos felicitamos com a Rede Globo pela responsabilidade social de veicular junto aos seus telespectadores um tema ainda tão delicado, com profundo respeito.As considerações colhidas sobre a repercussão dessa ação serão utilizadas para novas atividades. Se você pode contribuir, ajude a enfrentar a violência, o ódio, o estigma, o preconceito e a discriminação contra as pessoas LGBT.Grupo Dignidade”
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