quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Negócio de Donald Trump no Brasil é alvo de investigação



O candidato presidencial do partido republicano Donald Trump, fala durante evento de campanha,
no Centro de Convenções Ocean Center, em Daytona, na Florida (EUA)


A Procuradoria da República no Distrito Federal afirmou à Justiça Federal que um fundo de investimento criado pelo FGTS e administrado pela Caixa Econômica "favoreceu de forma suspeita" o grupo econômico "The Trump Organization", do empresário e candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump.
De acordo com a manifestação do procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, com data de 21 de outubro, um complexo de cinco torres de escritórios corporativos no Rio, com 150 metros de altura cada um, denominado Trump Towers Rio, é "objeto de exame por parte da equipe interdisciplinar investigadora" da Operação Greenfield, que investiga fraudes em fundos de pensão.
O empreendimento, de 38 andares e anunciado em 2012, ainda não saiu do papel.
A manifestação foi enviada ao juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira, na ratificação à denúncia feita em junho passado pela PGR (Procuradoria Geral da República) contra os ex-deputados federais Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), entre outras pessoas.
O juiz acolheu a denúncia na quarta-feira (26.out.2016) e mandou abrir ação penal contra o grupo, denunciado por suposto recebimento de propina em troca da liberação de recursos do FI-FGTS para projetos privados.
Foi com recursos do fundo de investimento do FGTS que a Caixa adquiriu terrenos na zona portuária do Rio, em uma região rebatizada de Porto Maravilha, onde foram anunciadas as Trump Towers Rio.
Sem dar mais detalhes, a procuradoria diz que o investimento "favoreceu, de forma suspeita, o grupo The Trump Organization".
Segundo a denúncia da PGR contra Cunha e outros, na mesma região do Porto Maravilha houve negócio com o fundo do FGTS que beneficiou uma série de empreiteiras que lançariam obras de revitalização.
Ex-vice-presidente da Caixa, Fábio Cleto fechou um acordo de delação premiada com a PGR no qual afirmou ter recebido uma propina de R$ 2,1 milhões pelo projeto de Porto Maravilha, enquanto Cunha teria sido beneficiado com 1,5% do valor total da operação, estimado em R$ 3,5 bilhões.

FUNDOS DE PENSÃO — O procurador da República Anselmo Lopes pediu, na petição à Justiça do DF, as investigações sobre Cunha e outros sejam anexadas pelo juiz aos autos da Operação Greenfield.
Deflagrada no último dia 5, a operação investiga supostos direcionamentos e vantagens indevidas em projetos de financiamento bancados por fundos de investimento de estatais, o que teria provocado um prejuízo estimado em R$ 8 bilhões.
Até a petição do procurador ter vindo a público na quarta-feira (26.out.2016), contudo, não se sabia que os negócios de Donald Trump também eram objeto da apuração.
A empresa do candidato republicano à Casa Branca é citada em outra parte da manifestação do procurador da República. Lopes informou que a Greenfield também apura "outro investimento lesivo ao fundo de pensão Serpros", dos funcionários da Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), vinculada ao Ministério da Fazenda, e o Igeprev, o instituto de Previdência Social do Tocantins. Segundo o procurador, o investimento é o fundo de investimento em participações LSH, "que favoreceu a empresa LSH Barra Empreendimentos Imobiliários e o grupo empresarial 'The Trump Organization'".
Em 2013, na sua conta oficial em rede social, Trump afirmou: "A Organização Trump vai revolucionar a área portuária central do Rio de Janeiro com as Trump Towers. A construção começa em breve!"




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