De dentro da cadeia, Marcelo Odebrecht é flagrado pela PF "orientando" a destruir provas.
A Polícia Federal (PF) informou à Justiça Federal ter apreendido, por
volta de 22 horas da segunda-feira, 22.jun.2015, um bilhete manuscrito
do empresário Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da maior empreiteira
do País, que seria entregue a seus advogados. O bilhete, segundo a PF,
contém a expressão ‘destruir e-mail sondas’. Na quarta-feira,
24.jun.2015, a PF informou ao juiz Sérgio Moro, que conduz as ações
penais da Operação Lava Jato, que “como de praxe as correspondências dos
internos são examinadas por medida de segurança”. A PF copiou o
bilhete.
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Segundo a PF, uma das provas da Lava Jato que pode incriminar Marcelo
Odebrecht, preso desde sexta-feira, 19.jun.2015, é uma troca de e-mails
entre funcionários da empreiteira. A mensagem eletrônica, de 2011, faz
referência à colocação de sobrepreço de US$ 25 mil por dia em contrato
de afretamento e operação de sondas.
A descoberta do bilhete foi comunicada à Justiça Federal pelo delegado
Eduardo Mauat da Silva, que integra a força-tarefa da Lava Jato. Ele
informou que na manhã de terça-feira, 23.jun.2015, os advogados de
Odebrecht, Dora Cavalcanti e Rodrigo Sanches Rios, estiveram em seu
gabinete, ‘ os quais ponderaram que o verbo ‘destruir’ se referia a uma
estratégia processual e não a supressão de provas, destacando que o
documento original teria sido levado a São Paulo por outro advogado e
que iriam apresentá-lo’.
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Defesa apresenta sua versão para o caso
Advogados da empreiteira entregaram petição ao juiz da Lava
Jato esclarecendo que bilhete encontrado com Marcelo Odebrecht não
contém ‘o mais remoto comando para que provas fossem destruídas’.
Os advogados da Odebrecht entregaram petição na noite de terça-feira,
23.jun.2015, ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da
Operação Lava Jato, em que afirmam que o bilhete encontrado com o
presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, com a expressão ‘destruir
e-mail sondas’ não significa intenção dele em eliminar provas.
Marcelo Bahia Odebrecht |
“As anotações não continham o mais remoto comando para que provas fossem
destruídas, e que – à toda evidência – a palavra destruir fora
empregada no sentido de desconstituir, rebater, infirmar a interpretação
equivocada que foi feita sobre o conteúdo do e-mail”, diz o documento
subscrito pelos advogados criminalistas Dora Cavalcanti, Augusto de
Arruda Botelho e Rodrigo Sánchez Rios.
O bilhete de Marcelo Odebrecht foi encontrado na manhã da segunda-feira,
22.jun.2015, na Custódia da Polícia Federal em Curitiba, onde ele está
preso desde sexta-feira, 19.jun.2015, por suspeita de cartel e
corrupção.
Os investigadores da força-tarefa da Lava Jato avaliam que o bilhete
encontrado com o empresário, na segunda-feira, 22.jun.2015, significa
que ele estaria passando orientação para destruição de provas.
Para os defensores da empreiteira “as considerações do ilustre delegado
que se seguiram fazem antever a lastimável determinação de criar uma
celeuma onde não existe”.
Os advogados da empreiteira, no entanto, são categóricos. “A fim de
evitar tumulto, optou a defesa por narrar esses fatos diretamente a
Vossa Excelência, de modo a preservar o assistido (Marcelo) e seus
advogados de ter que enfrentar hipótese que muito se assemelha a um
‘flagrante preparado’.
Os advogados destacam que ‘o sentido absolutamente neutro e próprio do
combate jurídico do termo destruir, aniquilar, refutar, emana cristalino
da leitura das demais anotações registradas nas duas folhas sulfite
fotografadas antes de serem entregues aos patronos’.
“Afinal, abaixo das palavras “destruir e-mail sondas” estão registrados
os argumentos e fatos que deveriam ser invocados para elucidar o teor do
dito e-mail apresentado como comprometedor”, pondera a defesa.
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