segunda-feira, 18 de maio de 2015


Petrobras tem "time" de 1.146 pessoas na comunicação

A nova diretoria da Petrobras começou a passar o pente-fino na estrutura da estatal e levou um susto. Atuam hoje na comunicação 1.146 pessoas, número fora do padrão em qualquer comparação.
A anglo-holandesa Shell fatura o triplo da Petrobras, mas a equipe que cuida de sua imagem em 70 países é metade do time da brasileira.
Com uma receita que é pouco mais de metade da da Petrobras, a Statoil dá conta do recado com 172 pessoas. Focada em exploração e produção, a norueguesa precisa de menos gente na comunicação.
A reportagem teve acesso a um levantamento interno, pesquisou o cadastro dos funcionários e obteve dados via Lei de Acesso à Informação. Trata-se de um exército de relações-públicas, publicitários, jornalistas e técnicos de segurança da informação etc.
Essas pessoas cuidam do relacionamento da Petrobras com a imprensa, com os funcionários e com as comunidades locais. Também decidem patrocínios e publicidade e atuam nas redes sociais.
No ano passado, a Petrobras gastou R$ 1,74 bilhão com relações institucionais e projetos culturais.
O total de funcionários refere-se só à holding. Não entram nessa conta os profissionais contratados diretamente por subsidiárias como Transpetro e BR Distribuidora.
No Brasil, a estrutura da Petrobras não tem rival. Na Vale, 45 pessoas cuidam da comunicação. Até no setor de serviços, que lida com o público, os números são menores. A comunicação do Banco do Brasil tem 105 pessoas.
Uma pesquisa da Aberje (associação de comunicação empresarial), de 2012, revela que 179 grandes companhias brasileiras (excluindo Petrobras) tinham, juntas, 1.500 pessoas na área. Ou seja, a Petrobras, sozinha, emprega o equivalente a 76% da equipe de todas essas empresas.
Procurada, a Petrobras informou que tem gerências de comunicação em todas as suas áreas de negócios, nas operações no exterior e nas subsidiárias e que avalia um novo modelo de gestão, com maior sinergia entre as diretorias para maior agilidade.

APARELHAMENTO
A comunicação da Petrobras foi comandada desde o início do governo Lula pelo sindicalista Wilson Santarosa, indicado pelo PT.
Considerado intocável, Santarosa acabou demitido quando a nova diretoria assumiu, em fevereiro, em meio à crise provocada pela Lava Jato, que desvendou esquema de propinas na empresa.
Segundo apurou a reportagem, a comunicação inchou com a contratação de funcionários sem concurso via empresas de recrutamento. Dos 1.146, 627 são terceirizados.
Outro motivo da explosão de pessoal é a descentralização das atividades. A Petrobras possui uma gerência de comunicação institucional, subordinada à presidência, com 469 pessoas. Outros 677 funcionários estão espalhados em vários cantos do país.
Cada diretoria tem seu próprio departamento de comunicação. Na de exploração e produção de petróleo, por exemplo, são 35 profissionais.
O modelo de terceirização da Petrobras é raro no mercado. Os prestadores de serviço trabalham exclusivamente para a estatal dentro dos prédios da empresa. A única coisa que os diferencia é o crachá marrom, enquanto os empregados utilizam o verde.
Em grandes empresas, a praxe é contratar agências de comunicação, que trabalham com equipes que prestam serviço para várias empresas ao mesmo tempo.

CORTES
A nova diretoria vai contratar uma consultoria para reestruturar a comunicação. McKinsey, Ernest & Young e Alvarez & Marsal estão no páreo. Segundo a reportagem apurou, a previsão interna é que os cortes cheguem a 50% em alguns departamentos.
Essa área é apenas uma pequena fatia dos funcionários da Petrobras. A estatal emprega hoje mais de 446 mil pessoas – 80% são prestadores de serviço. O corpo funcional da empresa tem 81 mil pessoas, ante 94 mil da Shell e 77 mil da Vale.



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