João Vaccari, ainda hoje tesoureiro do PT, pediu propina por meio de doações oficiais
Eduardo Leite, vice-presidente comercial
da Camargo Corrêa, afirmou em delação premiada que João Vaccari Neto
sugeriu que ‘propina atrasada’ fosse depositada em contas de campanha
CODINOME MOCH – João Vaccari: homem de confiança do ex-presidente Lula, o tesoureiro era o elo financeiro entre os corruptos e os corruptores que atuavam na Petrobras |
No ano de 2010, o vice-presidente comercial da construtora Camargo
Corrêa, Eduardo Leite, foi apresentado ao tesoureiro nacional do PT,
João Vaccari Neto. Estavam em um restaurante quando o petista aproveitou
o encontro para marcar uma reunião sobre “assuntos de interesse comum”.
Dias depois, Vaccari colocava a fatura da propina sobre a mesa de um
jantar com Leite, apelidado de “Leitoso” na quadrilha do doleiro Alberto
Youssef.
Num restaurante em Moema, na Zona Sul de São Paulo, Vaccari foi direto
ao assunto: a Camargo Corrêa estava “atrasada” com os pagamentos de
propina em contratos da Petrobras.
O relato consta em depoimento prestado na última sexta-feira,
13.mar.2015, na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde
está preso o executivo da Camargo Corrêa. Leite fechou acordo de delação
premiada e se comprometeu a colaborar com as investigações em troca de
possível punição mais branda da Justiça.
“João Vaccari questionou o depoente se não haveria interesse em liquidar
esses pagamentos mediante doações eleitorais oficiais”, diz o
depoimento de Leite, tomado pelo delegado Felipe Hayashi na presença do
advogado Marlus Arns.
Leite contou que foi cobrada uma dívida de propina superior a 10 milhões
de reais. “O valor certamente era superior a 10 milhões de reais”, diz o
depoimento.
O tesoureiro fez a cobrança e logo apresentou a solução: os pagamentos
poderiam ser feitos na forma de doações oficiais. O depoimento de Leite
foi essencial para convencer os investigadores da Operação Lava Jato de
que Vaccari atuava pessoalmente na coleta de propina. O suborno era
cobrado, várias vezes, na forma de contribuições oficiais, como
tentativa de dar uma aparência legítima ao dinheiro desviado do esquema
de corrupção da Petrobras.
De acordo com o executivo, o tesoureiro chegou a ser recebido na sede da
construtora em São Paulo, onde Leite “deixou a solicitação de Vaccari
para ser resolvida por Marcelo Bisordi [vice-presidente da área
institucional]“. A partir daí, o tesoureiro passou a ter mais contato
com Bisordi, de acordo com Leite, para tratar das doações eleitorais.
Mas Vaccari e Leite continuaram a se encontrar. O tesoureiro chegou a
ser convidado e marcou presença na festa de 15 anos da filha do
vice-presidente comercial.
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