Encontro no Planalto
Toffoli nega ter tratado da Lava Jato com Dilma Rousseff
Segundo o ministro, a audiência estava marcada O ministro do STF, Dias Toffoli |
Um dia depois de pedir para migrar para a 2ª Turma do Supremo Tribunal
Federal (STF), responsável pela maioria dos inquéritos relativos à
Operação Lava Jato, o ministro Dias Toffoli se reuniu na manhã de
quarta-feira, 11.mar.2015, com a presidente Dilma Rousseff e os
ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Casa Civil, Aloizio
Mercadante, no Palácio do Planalto. Toffoli negou que os casos relativos
à Operação Lava Jato tenham sido tratados no encontro.
Segundo o ministro, a audiência com Dilma estava marcada "há muito
tempo" e serviu apenas para apresentar a proposta do Registro Civil
Nacional (RCN), que será uma identificação centralizada do cidadão
brasileiro pela Justiça Eleitoral, abrangendo o período do seu
nascimento até o óbito.
A audiência do ministro com a presidente Dilma Rousseff foi comunicada
em cima da hora pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da
República. A atualização de agenda de Dilma informando o encontro com
Toffoli só foi distribuída à imprensa às 8h26 de quarta-feira,
11.mar.2015.
Segundo a assessoria de Toffoli, a audiência no Planalto foi um pedido
do próprio ministro e havia sido confirmada ao seu gabinete na
terça-feira, 10.mar.2015, entre o final da manhã e o início da tarde. A
reunião durou cerca de uma hora e trinta minutos.
"Essa agenda (com Dilma) já estava marcada há muito tempo, esse é um
projeto (do Registro Civil Nacional) que vossas senhorias podem ver que
estava feito há muito tempo, foi apenas uma questão e circunstância de
coincidência", disse Toffoli, diante da insistência de repórteres sobre o
fato de a audiência ocorrer um dia depois do pedido para migrar para a
2ª Turma.
Questionado se tratou de Lava Jato na reunião, Toffoli respondeu, incisivo: "Não."
Transferência
Com a formalização da transferência para a 2ª Turma, Toffoli vai
presidir durante um ano os trabalhos de investigação de políticos
acusados de participar de um esquema de corrupção na Petrobras.
Conforme informado, a migração de um ministro para a 2ª Turma evita
empates na Lava Jato e elimina o risco de o novo ministro do STF ser
indicado de forma "ad hoc" - para julgar especificamente o caso dos
inquéritos da Lava Jato.
Ex-advogado do PT, Toffoli já atuou como assessor jurídico da Liderança
do PT na Câmara dos Deputados (de 1995 a 2000), subchefe para assuntos
jurídicos da Casa Civil no governo Lula (de janeiro de 2003 a julho de
2005) e advogado-geral da União (de março de 2007 a outubro de 2009),
também no governo Lula.
Indagado sobre a demora de a presidente Dilma Rousseff indicar o novo
ministro do STF, o ministro respondeu: "Não vou comentar sobre isso. Não
vou comentar."
Registro
Segundo o TSE, a adoção do Registro Civil Nacional (RCN) traz benefícios
para o cidadão, por garantir sua identificação em todo o País,
concentrar informações de vários cadastros em um documento único e
desburocratizar procedimentos.
"Essa é a proposta que eu trouxe e teve uma receptividade muito positiva
por parte da presidente, do ministro José Eduardo Cardozo, do ministro
Aloizio, e vamos institucionalizar isso para que áreas técnicas da
Justiça Eleitoral e do Poder Executivo implementem essa proposição. Foi
isso que vim tratar nessa agenda com a presidenta Dilma Rousseff", disse
Toffoli.
A agenda
São essas coincidências que às vezes acontecem na política.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli foi incluído, de última hora, na agenda da presidente Dilma Rousseff.
Em 10.mar.2015, Dias Toffoli se transferiu da 1ª para a 2ª Turma do STF.
É na 2ª Turma que serão analisados e julgados os inquéritos resultantes
da Operação Lava Jato.
Toffoli deverá ser, a partir de maio, o presidente da 2ª Turma e conduzirá o julgamento de políticos da Lava Jato.
No encontro, o assunto oficial entre Toffoli e Dilma foi “registro civil nacional''.
Eis as agendas de Dilma. A primeira, divulgada em 10.mar.2015 à noite. A
outra, em 11.mar.2015 pela manhã, depois da inclusão de Toffoli:
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