sábado, 7 de março de 2015


Deputados federais gaúchos recebiam “mesada” do Petrolão


O doleiro Alberto Youssef assegurou em depoimento que os deputados federais gaúchos do Partido Progressista (PP), que seriam de menor importância na hierarquia do esquema, recebiam uma espécie de “mesada” do esquema, que variava de R$ 30 mil a R$ 150 mil.

Já os líderes do PP faziam jus a importâncias maiores, entre R$ 250 mil a R$ 500 mil.




Em nota, PP Gaúcho critica corrupção e diz ser oposição ao governo federal
Seis gaúchos, todos do PP, estão entre os políticos que serão investigados.

Instantes após a divulgação da lista de políticos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras revelado pela Operação Lava Jato, na noite de sexta-feira (06.mar.2015), o PP do Rio Grande do Sul divulgou uma nota oficial sobre o assunto. No texto, a direção no estado ressalta que discorda da posição nacional da sigla, de apoio ao governo federal. Os seis gaúchos que figuram na lista são filiados ao partido.
"O PP gaúcho é oposição ao governo petista", diz a nota.
No texto, o partido diz estar "desconfortável" com o suposto envolvimento de integrantes da sigla e afirma esperar que a Lava Jato "alcance políticos, servidores e empresários corruptos e tolerantes com a corrupção" e que a "impunidade comece a ficar no passado".
Os gaúchos que apareceram na lista são os deputados Afonso Hamm, José Otávio Germano, Jerônimo Goergen, Luís Carlos Heinze, Renato Molling e ex-deputado Vilson Covatti. Ao todo, o PP é o partido com mais políticos entre os que responderão a inquéritos (32). Em seguida, aparecem o PMDB (sete), PT (seis), PSDB (um) e PTB (um).
O PP gaúcho frisa ainda espera que não reivindicará "nenhum privilégio ou proteção política que não esteja ao alcance do cidadão comum" em relação aos políticos filiados mencionados na lista. "Não temos compromisso com os erros. Também não nos precipitaremos em condená-los antes que fique evidenciada judicialmente suas responsabilidades", pondera.
A legenda critica o governo federal e considera "inaceitável" que recursos oriundos de impostos e taxas "que deveriam ser destinados aos serviços públicos e as obras necessárias, sejam desviados para as contas e os bolsos de corruptos ativos e passivos". Por fim, a direção da sigla no estado ressalta que não concorda com o apoio do PP nacional ao governo federal.

Os atuais deputados federais Afonso Hamm, José Otávio Germano,
Jerônimo Goergen, Luis Carlos Heinze e Renato Molling
e o ex-deputado Vilson Covatti

José Otávio Germano é investigado em dois inquéritos no STF
Investigado ao lado de cinco colegas do PP gaúcho, o deputado federal José Otávio Germano aparece em outro inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar o esquema de corrupção na Petrobras.
Germano teria participado de intermediação de um repasse de R$ 200 mil ao ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, para favorecer uma empresa de engenharia em licitações da petroleira.

Rosane de Oliveira: "Bancada federal do PP foi atingida em cheio"


CONTRAPONTOS:
O que disse o ex-deputado federal Afonso Hamm (PP-RS):
"Pra mim (ter o nome na lista), é uma surpresa. Acredito que nosso nome entrou para diluir a culpa de alguém".

O que disse o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS):
"Não tenho relação com isso. Não recebi doação de nenhuma empresa investigada na Lava-Jato".

O que disse o deputado federal José Otávio Germano (PP-RS), por meio de nota:
"Como homem público e agente político, me coloco à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos necessários, bem como para atender aos comandos eventualmente a mim dirigidos. Rechaço e lamento, de forma veemente, a inclusão de meu nome no rol de parlamentares relacionados a esta investigação, mas asseguro à sociedade brasileira e, em especial aos cidadãos gaúchos, que não tenho absolutamente nada a ver com quaisquer ilícitos relativos a Petrobras".

O que diz o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS), por meio de nota:
"Estou surpreso, mas estou tranquilo. Não tenho ligação nenhuma, não é gente da minha relação. Estou tranquilo, de sangue doce, sem problema nenhum. Os recursos que eu recebi (para campanha) do partido são públicos, estão na minha prestação de contas, foi aprovada, não tenho mais nada a dizer sobre esse assunto".

O que disse o ex-deputado federal Vilson Covatti (PP-RS):
"Quero entender o porquê meu nome foi citado nesta operação, porque nunca tive contato com nenhum dos citados, nem com as empresas. Não recebi um centavo sequer".


Confira a íntegra da nota oficial do PP do RS:
O Partido Progressista do Rio Grande do Sul - PP/RS, juntamente com suas Bancadas Federal e Estadual, reunidos nesta data (23/02/2015), tornam pública as deliberações e os pontos seguintes:
Que acompanhamos com muito entusiasmo e esperança a Operação Lava-Jato e esperamos que ela alcance políticos, servidores e empresários corruptos e tolerantes com a corrupção. Que ela sirva de exemplo de que o crime não compensa e de que a impunidade comece a ficar no passado.
Enfrentar a corrupção não é apenas um princípio partidário é um dever cívico. A corrupção é um mal político e social. É inaceitável que os recursos resultantes das contribuições via impostos e taxas, que com enorme sacrifício e generosidade nosso povo recolhe ao Governo e que deveriam ser destinados aos serviços públicos e as obras necessárias, sejam desviados destes objetivos para as contas e os bolsos de corruptos ativos e passivos. Recolhemos os tributos na esperança de que o Governo retribua os mesmos através de uma administração honesta, competente e socialmente justa.
Lamentavelmente não é o que ocorre com o atual Governo Federal, nem no plano da moralidade, nem no plano da eficiência dos serviços públicos. Temos o pior governo para enfrentar a maior crise moral que assola o país. A mentira virou não apenas estratégia para ganhar as eleições mas rotina dos governantes para enganar e iludir o povo.
Temos um Governo Federal com a marca da imoralidade e da incompetência, aliado a mediocridade ampla, geral e irrestrita.
Portanto, não concordamos com o apoio do PP Nacional ao Governo Federal. O PP Gaúcho é oposição ao Governo Petista.
Nossa posição se torna ainda mais desconfortável quando convivemos com notícias e informações de que integrantes do Partido estão envolvidos nessa espantosa corrupção organizada, inicialmente no comprovado Mensalão e, agora, no Petrolão.
São estas denuncias que fazem o Partido Progressista sangrar diariamente na mídia. Em resposta a Direção Nacional do PP diz, em nota oficial, apenas e tão somente que está a disposição para "colaborar" e que só poderá se posicionar após tomar conhecimento oficial.
Entendemos, sinceramente, que a resposta é muito menor que o tamanho do problema. Isso não consegue desfazer a imagem de cumplicidade do Partido ou de alguns de seus membros, com as acusações de corrupção.
Constrangidos amargamos este silêncio da Direção Nacional. Deveríamos ouvir, no mínimo, que o Partido não aceita a corrupção e que deseja a punição dos culpados.
Nós progressistas gaúchos somos diferentes, Por isso não hesitamos no passado em marcar nossa OPOSIÇÃO aos líderes nacionais do nosso Partido, quando estes se mostraram tolerantes com as denuncias de corrupção.
Hoje, novamente, somos levados a manifestar de forma vigorosa nossa OPOSIÇÃO, aos que pelos seus atos ou por omissão causam desgaste a imagem do Partido e criam constrangimentos aos que fazem a boa política.
Nós lutamos por uma causa. Não aceitamos que alguns desconheçam nossos compromissos com a honestidade e com a ética. Estes princípios, para nós, são inegociáveis e não servirão nunca como moeda de troca. Buscamos o poder pelos instrumentos democráticos de eleições livres e transparentes. Para nós o poder não pode ser buscado a qualquer custo e pelo qual se paga qualquer preço. Lembramos que cargos, poder e perdas políticas, são recuperáveis, mas as perdas éticas são definitivas.
Em nome desta história nos tornamos, no Rio Grande do Sul, um Partido grande, sério e respeitado.
Somos diferentes, e por isso vamos agir diferentemente de outro Partidos e mesmo, se for o caso, da Direção Nacional do Partido.
Não reivindicaremos para os nossos filiados que possam, eventualmente, aparecerem como envolvidos nos delitos graves da Operação Lava-Jato, nenhum privilégio e nenhuma proteção política do Partido que não esteja ao alcance do cidadão comum. Não temos compromisso com os erros. Também não nos precipitaremos em condená-los antes que fique evidenciada judicialmente suas responsabilidades. Entre a eventual denuncia e/ou abertura de inquéritos pela Procuradoria Geral da República e o desfecho do julgamento, esperamos que os denunciados aceitem as deliberações das instâncias partidárias do PP/RS.
O que precisa ficar claro é que o PP Gaúcho não será guardião de possíveis mal feitos ou desvios éticos.
Por outro lado, renovamos nossos compromissos de unidade e fidelidade as idéias e ao programa do Partido Progressista e que continuaremos a lutar para preservar sua imagem positiva, que não pode ser confundida com ações negativas de alguns
Vamos continuar juntos e solidários em respeito ao nosso patrimônio humano e político. Temos um compromisso com a nossa valorosa base municipal - Prefeitos - Vice-Prefeitos e Vereadores e com mais de 210 mil filiados. Vamos priorizar as eleições municipais de 2016, pois temos orgulho dos nossos líderes municipais. Eles nunca faltaram com o Partido. E nós não faltaremos com eles.
Finalmente, temos muitas tarefas e a grandiosidade das mesmas requer a participação de todos. Não é hora de diminuir é hora de somar. Não vamos nos dispersar, a democracia e o povo precisam do PP Gaúcho Unido e Forte.

Porto Alegre, 23 de fevereiro de 2015.

CELSO BERNARDI
PRESIDENTE PP/RS


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