Doleiro e empreiteiros da Lava Jato tinham
conta secreta no HSBC da Suíça
Valor total dos depósitos chegou a US$ 110,5 milhões
Conta já conhecida do delator Barusco aparece na listagem
Relação mostra também integrantes da família Queiroz Galvão
conta secreta no HSBC da Suíça
Valor total dos depósitos chegou a US$ 110,5 milhões
Conta já conhecida do delator Barusco aparece na listagem
Relação mostra também integrantes da família Queiroz Galvão
Pelo menos 11 pessoas ligadas ou citadas de alguma forma no escândalo da
Operação Lava Jato mantiveram contas na filial suíça do banco britânico
HSBC nos anos de 2006 e/ou 2007. De acordo com informações exclusivas
obtidas em conjunto com o ICIJ (The International Consortium of
Investigative Journalists), essa lista de correntistas totaliza
depósitos de US$ 110,5 milhões.
Qualquer brasileiro pode ter uma conta na Suíça ou em outro país. Mas
para que a operação seja legal é necessário informar sobre a saída do
dinheiro ao Banco Central e declarar à Receita Federal a existência da
conta no exterior. Quem não procede dessa forma está cometendo uma
infração fiscal e também o crime de evasão de divisas – cuja pena varia
de 2 a 6 anos de reclusão, além de multa.
Embora a sonegação fiscal prescreva em 5 anos, no caso da evasão o prazo
é mais longo, de até 12 anos. Ou seja, não importa que o saldos das
contas bancárias sejam de 2006 ou de 2007, como é o caso dessa listagem
com dados sobre os correntistas do HSBC na Suíça.
Os dados ao qual se teve acesso inclui o nome do ex-gerente da Petrobras
Pedro José Barusco Filho, delator do esquema e que já havia revelado
ter mantido valores no HSBC.
Uma análise detalhada da lista de correntistas do HSBC na Suíça indica
que, além de Barusco, tinham contas naquela instituição financeira
integrantes da família Queiroz Galvão, o empresário Júlio Faerman
(ex-representante da holandesa SBM) e o doleiro Henrique Raul Srour.
Em depoimento prestado em novembro de 2014 na Superintendência Regional
da Polícia Federal no Paraná, Barusco admitiu ter contas na Suíça. Ele
mantinha, afirmou, US$ 67,5 milhões no exterior fruto do esquema de
propinas na estatal.
O ex-diretor da Petrobras declarou que a primeira das contas foi aberta
no Banco Republic, em 1997 ou 1998, para recebimento de propinas nos
contratos da SBM junto à Petrobras. Posteriormente, o banco foi vendido
ao HSBC. Barusco disse que por questões de sigilo fez uma nova mudança,
para o BBA Creditan Staut.
Nos registros do HSBC na Suíça, há a informação de que Barusco tinha US$ 1.984.208 depositados na instituição em 2006/2007.
Júlio Faerman, apontado pelo ex-diretor da Petrobras como autor de
pagamentos de propinas, tinha na ocasião US$ 20.820.893 no HSBC.
Suspeito de integrar o grupo do doleiro Alberto Yousseff, Raul Henrique
Srour tem também o nome grafado na lista de correntistas do HSBC. No
entanto, nenhum montante é atribuído à conta dele.
Oito integrantes da família Queiroz Galvão, que controla as empreiteiras
Queiroz Galvão e Galvão Engenharia, também estão relacionados na lista
de correntistas do HSBC. Tanto a Queiroz Galvão quanto a Galvão
Engenharia são investigadas por suspeitas de envolvimento com o esquema
investigado pela Operação Lava Jato.
Eis os registros encontrados na lista de correntistas do HSBC para clientes brasileiros na Suíça em 2006/2007:
OUTRO LADO
Tentou-se contato com todos os citados nesta reportagem. A seguir, as respostas de cada um deles:
A advogada de Pedro Barusco, Beatriz Catta Preta, não quis se manifestar
especificamente sobre a conta de seu cliente no HSBC da Suíça. Ela
enviou uma breve nota: “Em relação a contas no exterior, o sr. Pedro
Barusco reitera seus depoimentos em colaboração, já públicos”.
Na delação premiada, Barusco confirmou ter aberto 19 contas em 9 bancos da Suíça
para receber propinas, inclusive na agência do HSBC em Genebra, cujo
saldo atual seria de US$ 6 milhões. A Justiça suíça bloqueou os valores.
Raul Henrique Srour afirmou, por meio de seu advogado, Luiz Gustavo
Pujol, que manteve uma conta no HSBC na Suíça na década de 1990, mas
“não reconhece nem admite” qualquer movimentação nos anos 2006/2007.
O advogado de Mário de Queiroz Galvão, Eduardo de Queiroz Galvão e Dario
de Queiroz Galvão Filho, José Luis Oliveira Lima, respondeu que não se
pronunciará sobre o tema. Mário e Eduardo são irmãos de Dario,
presidente do grupo, denunciado pelo Ministério Público Federal na Operação Lava Jato.
Os 3 são membros do Conselho de Administração da Galvão Engenharia.
Mário acumula a função de diretor do Comitê de Risco da empreiteira e
Eduardo, de vice-presidente de gestão corporativa e diretor-presidente
da Galvão Finanças. A Galvão Engenharia foi fundada em 1996 por Dario de
Queiroz Galvão, pai de Mário, Eduardo e Dario, após vender sua
participação na empreiteira Queiroz Galvão, de sua família.
A Queiroz Galvão afirmou, por meio de nota, que “todo o patrimônio dos
acionistas da companhia são devidamente declarados à Receita Federal no
Brasil.''
Entrou-se em contato com o advogado de Julio Faerman, Carlos Maurício Ribeiro, mas não se obteve resposta.
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