Aposentadoria 'cheia'
O novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, deixa o comando do
Banco do Brasil com aposentadoria calculada com base no salário mensal
de R$ 62,4 mil, embora as associações de funcionários e aposentados do
maior banco do país sejam contrárias ao que chamam de "aposentadoria
cheia" - na qual se somam aos vencimentos benefícios como férias e
vale-alimentação.
A prerrogativa de se aposentar por essas regras não é exclusiva de
Bendine, mas foi adotada em sua gestão. Outros 20 executivos recebem
dessa forma. Ivan de Souza Monteiro, novo diretor da petroleira, também
reúne idade e tempo de contribuição suficientes para se aposentar com
base no salário cheio de R$ 55,8 mil mensais que recebia como
vice-presidente.
A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) xerife
do setor, considerou que caberia ao BB - e não à sua caixa
previdenciária, a Previ - assumir a diferença dessas aposentadorias
maiores.
Para a Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB),
as "superaposentadorias" são indevidas. "Eles não poderiam fazer a
contribuição sobre seus honorários brutos porque contêm o empilhamento
de verbas de benefícios que o plano não admite. Esses valores são
considerados no cálculo das aposentadorias, o que não é permitido para
os demais funcionários",disse Fernando Amaral, vice-presidente da
associação.
A origem do imbróglio remonta a 2008, quando, para cumprir exigências da
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o BB decidiu que os executivos
passariam a receber honorários em vez de salários. Para calculá-los, o
banco somou tudo que qualquer funcionário recebe durante o ano
(salários, comissões, 13.º, férias, abonos, licença-prêmio,
auxílio-alimentação, etc.) e dividiu por 12.
Novo presidente da Petrobrás - Aldemir Bendine - é beneficiado por regra de sua gestão no BB que permite a executivos contribuírem mais que outros funcionários do banco |
Limite
Para manter a isonomia entre a cúpula e os servidores, o conselho
deliberativo da Previ aprovou, em abril de 2008, que os executivos
poderiam contribuir sobre o mais alto salário de empregado do banco (R$
37 mil mensais em valores de hoje). Essa medida, referendada pela
diretoria executiva do BB, foi retirada em 2010, sob a gestão de
Bendine. Com isso, os executivos puderam contribuir com base nos
honorários brutos e, dessa forma incrementar as aposentadorias.
Para a Previc, a direção do BB não poderia voltar atrás. A autarquia
exigiu, em junho de 2013, que o banco colocasse limite nas
aposentadorias da alta cúpula, sob pena de intervir no fundo de pensão. A
exigência gerou uma disputa no governo que opôs os Ministérios da
Fazenda e do Planejamento ao da Previdência.
Procurado, Bendine disse que o BB responderia em seu nome. Em nota, o
banco informou que "as normas vigentes nunca estabeleceram um teto". "O
posicionamento do Banco do Brasil tem por base o Estatuto da Previ, que
estabelece a equivalência entre as contribuições realizadas e os
benefícios a serem pagos aos aposentados."
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