RIO GRANDE DO SUL
Consultoria aponta rombo de R$ 7,1 bilhões nas contas do estado.
Nos últimos cinco anos, despesa cresceu, em média, dois pontos percentuais a mais do que as receitas.
Governador José Ivo Sartori (PMDB) |
Os números levantados pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC),
contratada pelo Movimento Brasil Competitivo, são de tirar o fôlego de
quem terá de administrar o Estado e dos deputados que precisarão
defender as medidas duras a serem adotadas neste e nos próximos anos. O
mais assustador deles é o do déficit previsto para este ano: R$ 7,1
bilhões.
O número choca porque é bem superior ao apurado pela equipe de
transição, que estimava o déficit em R$ 5,4 bilhões. Os consultores se
vacinaram para possíveis variações, esclarecendo que trabalharam com
dados de fontes públicas, até 31 de outubro, e estimativas sobre o
fechamento do ano. Os dados da Fazenda são mais realistas, porque
contabilizam o Refis e um empréstimo de R$ 1,1 bilhão que entrou no
final do ano.
Algumas conclusões são semelhantes às do economista Darcy Carvalho dos
Santos, que há meses vem advertindo que no orçamento de 2015 a receita
está superestimada e despesa subestimada. No executado de 2014, a
receita ficou 5,7% abaixo do previsto e a despesa ultrapassou o estimado
em 5,2%. .
Recuando no tempo, a consultoria concluiu que de 2009 a 2014 a receita
aumentou em média 11,3% ao ano e a despesa cresceu 13,6%. O mais
preocupante é o esgotamento das fontes de financiamento do déficit. Numa
perspectiva otimista, o decreto de contenção de despesas, assinado por
Sartori no primeiro dia útil de governo, deve resultar numa economia de
R$ 600 milhões no ano. Esse valor equivale a 10 dias do salário de
ativos e inativos.
Deputados de diferentes partidos cobraram do governo uma estratégia de
comunicação para mostrar a situação em que recebeu o Estado. Sartori
prometeu dar transparência aos números, "com responsabilidade e sem
olhar para trás". A apresentação deve ser feita até o final de janeiro.
Aumentos Salariais
Durante a abertura oficial da 4ª Colheita do Milho, em Horizontina, o
governador José Ivo Sartori (PMDB) comentou a sanção dos aumentos
salariais para ele próprio, seu vice, José Paulo Cairoli (PSD),
secretários e deputados estaduais. O chefe do Executivo classificou a
medida como "decisão recorrente em relação à decisão nacional" e lembrou
que os reajustes também valem para Judiciário, Ministério Público e
Defensoria Pública.
— Evidentemente que eu poderia ser alguém bastante oportunista e
demagogo e tomar uma atitude particular para apenas salvar uma situação
pessoal — disse o governador à imprensa, conforme registro da Rádio
Noroeste. — Em todos os casos, vou pagar o preço que tiver de pagar, mas
não podia ter uma atitude irresponsável que não tivesse nenhuma relação
com todos os outros poderes nessa direção — acrescentou.
Os reajustes foram aprovados pela Assembleia Legislativa em dezembro
passado, sem nenhum voto contrário. A publicação no Diário Oficial do
Rio Grande do Sul ocorreu na sexta-feira (16.JAN.2015).
Com o aumento dos valores, o governador e os parlamentares passam a
receber R$ 25.322,25 — isso significa uma correção de 45,97% para o
chefe do Executivo e 26,34% aos deputados. O vice-governador e os
secretários terão vencimentos de R$ 18.991,69 (64,22% de correção). A
última revisão do vencimento dos deputados havia sido em 2010. Já
governador, vice e secretários tiveram reajuste mais recente em 2008.
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