sábado, 17 de janeiro de 2015


RIO GRANDE DO SUL

Consultoria aponta rombo de R$ 7,1 bilhões nas contas do estado.

Nos últimos cinco anos, despesa cresceu, em média, dois pontos percentuais a mais do que as receitas.


Governador José Ivo Sartori (PMDB)

Os números levantados pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), contratada pelo Movimento Brasil Competitivo, são de tirar o fôlego de quem terá de administrar o Estado e dos deputados que precisarão defender as medidas duras a serem adotadas neste e nos próximos anos. O mais assustador deles é o do déficit previsto para este ano: R$ 7,1 bilhões.

O número choca porque é bem superior ao apurado pela equipe de transição, que estimava o déficit em R$ 5,4 bilhões. Os consultores se vacinaram para possíveis variações, esclarecendo que trabalharam com dados de fontes públicas, até 31 de outubro, e estimativas sobre o fechamento do ano. Os dados da Fazenda são mais realistas, porque contabilizam o Refis e um empréstimo de R$ 1,1 bilhão que entrou no final do ano.

Algumas conclusões são semelhantes às do economista Darcy Carvalho dos Santos, que há meses vem advertindo que no orçamento de 2015 a receita está superestimada e despesa subestimada. No executado de 2014, a receita ficou 5,7% abaixo do previsto e a despesa ultrapassou o estimado em 5,2%. .

Recuando no tempo, a consultoria concluiu que de 2009 a 2014 a receita aumentou em média 11,3% ao ano e a despesa cresceu 13,6%. O mais preocupante é o esgotamento das fontes de financiamento do déficit. Numa perspectiva otimista, o decreto de contenção de despesas, assinado por Sartori no primeiro dia útil de governo, deve resultar numa economia de R$ 600 milhões no ano. Esse valor equivale a 10 dias do salário de ativos e inativos.

Deputados de diferentes partidos cobraram do governo uma estratégia de comunicação para mostrar a situação em que recebeu o Estado. Sartori prometeu dar transparência aos números, "com responsabilidade e sem olhar para trás". A apresentação deve ser feita até o final de janeiro.

Aumentos Salariais

Durante a abertura oficial da 4ª Colheita do Milho, em Horizontina, o governador José Ivo Sartori (PMDB) comentou a sanção dos aumentos salariais para ele próprio, seu vice, José Paulo Cairoli (PSD), secretários e deputados estaduais. O chefe do Executivo classificou a medida como "decisão recorrente em relação à decisão nacional" e lembrou que os reajustes também valem para Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública.

— Evidentemente que eu poderia ser alguém bastante oportunista e demagogo e tomar uma atitude particular para apenas salvar uma situação pessoal — disse o governador à imprensa, conforme registro da Rádio Noroeste. — Em todos os casos, vou pagar o preço que tiver de pagar, mas não podia ter uma atitude irresponsável que não tivesse nenhuma relação com todos os outros poderes nessa direção — acrescentou.

Os reajustes foram aprovados pela Assembleia Legislativa em dezembro passado, sem nenhum voto contrário. A publicação no Diário Oficial do Rio Grande do Sul ocorreu na sexta-feira (16.JAN.2015).

Com o aumento dos valores, o governador e os parlamentares passam a receber R$ 25.322,25 — isso significa uma correção de 45,97% para o chefe do Executivo e 26,34% aos deputados. O vice-governador e os secretários terão vencimentos de R$ 18.991,69 (64,22% de correção). A última revisão do vencimento dos deputados havia sido em 2010. Já governador, vice e secretários tiveram reajuste mais recente em 2008.


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