Governo da Indonésia vê 'pretexto' e confirma
execução de segundo brasileiro
Rodrigo Muxfeldt Gularte, que está na lista de execuções de fevereiro |
A Procuradoria Geral da Indonésia informou ao Parlamento local que o
brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42 anos, está em uma relação de 11
pessoas que serão executadas em fevereiro.
A Procuradoria é o órgão encarregado de levar adiante as condenações à
morte no país. Além de Rodrigo, o governo pretende fuzilar outros dez
presos.
Dos 11, oito foram condenados por tráfico, Rodrigo inclusive – foi preso
em 2004 ao tentar entrar em Jacarta com 6 kg de cocaína escondidos em
pranchas de surfe.
A família do brasileiro afirma que ele tem esquizofrenia e tenta
interná-lo em um hospital psiquiátrico. A comprovação ocorreu por laudo
feito por médico indonésio, a pedido da defesa.
O procurador-geral, Muhammad Prasetyo, não se convenceu: em declaração à
imprensa indonésia, ele disse tratar-se de um "pretexto".
Não há mais possibilidade de recursos à Justiça.
Prima de Rodrigo, Angelita Muxfeldt diz estar em "pânico" diante das notícias sobre a proximidade da execução.
"O advogado do Rodrigo esclareceu não haver previsão legal de
impedimento ou suspensão da execução de condenado que se encontre doente
física ou mentalmente", diz ela. "Tampouco há jurisprudência ou costume
nesse sentido, dada a excepcionalidade do caso", afirma.
Segundo ela, o advogado acredita, porém, que seria possível ao menos adiar a execução enquanto o Rodrigo esteja em tratamento.
Segundo ela, que está na Indonésia para visitá-lo, a intenção é
persuadir Rodrigo a se internar o mais rápido possível. Ele está preso
em Pasir Putih, prisão no interior da Indonésia, a mesma onde estava
Marco Archer Moreira, fuzilado no dia 18 no fuso local (tarde do dia 17
no Brasil).
"Ele se recusa a ir ao hospital, diz sempre que estar numa prisão é
seguro. Porém, concordou em conversar com um médico que venha até a
prisão para vê-lo", afirma Angelita, por e-mail.
A embaixada do Brasil em Jacarta pediu a internação de Rodrigo. O
governo da Indonésia respondeu que irá indicar um profissional para
avaliar o brasileiro.
Segundo Angelita, nos momentos de clareza, o brasileiro é "calmo e
gentil". Quando está doente, diz, "conta histórias de um passado nosso
que nunca existiu e de um futuro surreal".
Diz ainda "ouvir bombas e que existem ataques noturnos na prisão por ondas eletromagnéticas".
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