Esquema na Petrobras foi montado para financiar base aliada, diz o empreiteiro Gerson Almada
O vice-presidente da Engevix acusa Paulo Roberto Costa de extorquir empresários
Gerson de Mello Almada |
O vice-presidente da Engevix Gerson de Mello Almada, preso desde
novembro acusado de integrar o esquema de corrupção da Petrobras, acusa o
governo federal de “lotear” a administração pública para satisfazer
partidos políticos e de usar a Petrobras para “geração desses montantes
necessários à compra da base aliada do governo”. Através de uma petição
apresentada por sua defesa, Almada aponta o ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa como o personagem escolhido para “exigir” as
propinas e “extorquir” os empresários.
Oficialmente, a petição de defesa de Almada é o primeiro documento
produzido por um dos empreiteiros presos na Operação Lava-Jato a
associar o esquema de corrupção montado dentro da Petrobras à compra e
manutenção da base aliada do governo no Congresso, análogo ao ocorrido
no esquema do Mensalão. O empreiteiro ainda reconhece indiretamente que
pagou propina e tenta colocar os empresários como vítimas do esquema.
“Não por coincidência, a antes lucrativa sociedade por ações, PETROBRÁS,
foi escolhida para geração desses montantes necessários à compra da
base aliada do governo e aos cofres das agremiações partidárias”, diz a
defesa.
O documento é a resposta à denúncia feita pelo Ministério Público
Federal (MPF) em novembro. De acordo com o documento, Paulo Roberto
ameaçava as empresas caso não fossem desviados valores para o esquema:
“Nessa combinação de interesses escusos, surgem personagens como PAULO
ROBERTO COSTA, que, sabidamente, passou a exigir percentuais de todos os
empresários que atendiam a companhia. Leia-se, exigir. O que ele fazia
era ameaçar, um a um, aos empresários, com o poder econômico da
PETROBRÁS. Prometia causar prejuízos no curso de contratos”, afirma
outro trecho do documento.
Na argumentação da defesa, a denúncia do MPF não pode ser aceita porque
não levaria em conta o “plano de manutenção” do PT no governo federal:
“A denúncia não pode ser recebida, pois não conta a verdade, fim
precípuo do processo penal. Vale registrar alguns fatos notórios, outros
emergentes dos próprios autos do inquérito policial, que desapareceram
da acusação: faz mais de doze anos que um partido político passou a
ocupar o poder no Brasil. No plano de manutenção desse partido no
governo, tornou-se necessário compor com políticos de outros partidos, o
que significou distribuir cargos na Administração Pública, em especial,
em empresas públicas e em sociedades de economia mista”
A petição foi protocolada na quarta-feira (21.jan.2015) pelo advogado de
Almada, Antônio Sérgio de Moraes Pitombo. O empreiteiro é acusado de
formação de cartel e de integrar uma organização criminosa montada para
controlar e superfaturar obras da Petrobras.
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