Azerbaijão prende jornalista que investiga enriquecimento de presidente
Khadija Ismayilova foi detida na 6ª feira por 2 meses, sem julgamento
Repórter aponta envolvimento da família presidencial em corrupção
Repórter aponta envolvimento da família presidencial em corrupção
Khadija Ismayilova chega para audiência judicial em Corte no Azerbaijão |
A jornalista Khadija Ismayilova, repórter investigativa no Azerbaijão,
foi presa na sexta-feira (5.dez.2014) em Baku, capital do país, em um
movimento para intimidá-la a abandonar sua série de reportagens sobre o
enriquecimento da família do presidente azeri Ilham Aliyev.
Khadija é acusada pela Promotoria local de incitar um homem a cometer
suicídio. Ela compareceu a uma audiência judicial na sexta-feira
(5.dez.2014) e saiu da Corte presa, sem ser julgada, em medida
preventiva com duração de 2 meses.
Khadija é integrante do ICIJ (Consórcio internacional de Jornalistas
Investigativos), que reúne 185 repórteres de 65 países. Ela já ganhou
prêmios por reportagens para a rádio Free Europe e a rádio Liberty’s, no
Azerbaijão.
O trabalho que incomodou o governo local foi uma série de reportagens
sobre negócios empresariais da família do presidente Aliyev. Ela apontou
envolvimento oculto das filhas do presidente no setor de
telecomunicações do país, fortunas depositadas em paraísos fiscais e o
pagamento de propinas no setor de mineração de ouro.
Na quinta-feira (4.dez.2014), um dia antes de Khadija ser presa, Ramiz
Mehdiyev, chefe de gabinete de Aliyev, divulgou documento de 60 páginas
em que acusa a jornalista de “desacato” e “postura destrutiva contra
membros conhecidos da comunidade do Azerbaijão”, com o objetivo de
“agradar seus chefes no exterior”.
A prisão de Khadija provocou reação em organizações de jornalistas. Drew
Sullivan, da OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project),
que trabalha com Khadija, afirmou que o episódio “soa como uma escalada
na intimidação” contra a repórter por ter divulgado notícias relevantes
para a população do Azerbaijão.
Marina Guevara, diretora do ICIJ, enviou ofício à Promotoria do
Azerbaijão e à embaixada do país nos Estados Unidos pedindo a imediata
suspensão das acusações e a soltura de Khadija. Para o ICIJ, as
denúncias contra a jornalista são “falsas” e funcionam como pretexto
para silenciar a repórter.
“Khadija não trabalha sozinha. Ela trabalha em equipe. Seus colegas
estão localizados em diversos países do mundo e continuarão o trabalho
ainda não concluído de Khadija. O senhor terá que nos prender no Reino
Unido, nos Estados Unidos, na Romênia, na Suécia e em mais de outros 60
países se quiser silenciar Khadija Ismayilova”, afirma a diretora o
ICIJ.
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