Partidos mantêm influência na Petrobras
PT, PMDB e PP deram aval a 7 diretores
Ex-diretor diz que sempre viu essa prática
O consórcio de partidos acusado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa e o
doleiro Alberto Youssef de desviar recursos da Petrobrás indicou também a
atual cúpula da estatal, nomeada nos governos de Dilma Rousseff e de
seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Sete diretores executivos da
companhia petrolífera, além dos principais chefes das empresas
subsidiárias, ascenderam aos cargos com aval de PT, PMDB e PP.
Em depoimento à Justiça Federal, após firmar acordo de delação premiada
para obter eventual redução de pena, Costa afirmou que os três partidos
recebiam até 3% de "comissão" dos contratos firmados pelas diretorias
sob seu controle com empreiteiras. Segundo ele, todas as indicações para
os cargos são, historicamente, partidárias.
"Na Petrobrás, as diretorias e a presidência foram sempre por indicação
política. Ninguém chega a general se não for indicado", declarou,
acrescentando que a lógica de loteamento se repetiu nos governos de José
Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique e Lula.
No governo da presidente Dilma, o comando da estatal foi reformulado
pelo Conselho de Administração. Foram nomeados diretores ungidos pelos
líderes das três legendas. A área de Abastecimento, até então chefiada
por Costa, passou a ser comandada pelo então gerente de Refino, José
Carlos Cosenza, após um acordo costurado entre PT, PMDB e PP. No setor,
ele era braço direito de Costa, que renunciou ao cargo. As outras seis
diretorias executivas foram preenchidas por indicados exclusivos do PT, a
começar pela própria presidente, Graça Foster - que é militante do
partido e foi escolhida pessoalmente por Dilma. Ela acumula a Diretoria
Internacional.
Graça emplacou nomes de sua confiança em outras três áreas - José
Alcides Santoro Martins (Gás e Energia), José Miranda Formigli Filho
(Exploração e Produção) e José Antonio de Figueiredo (Engenharia,
Tecnologia e Materiais) -, mas eles tiveram de ser afiançados pelas
bancadas do PT no Congresso.
Ex-presidente do PT entre 2010 e 2011 José Eduardo Dutra assumiu a
Diretoria Corporativa e de Serviços com a saída de Renato Duque,
apontado por Costa como beneficiário do esquema de corrupção. Já Almir
Guilherme Barbassa foi mantido na Diretoria Financeira e de Relações com
Investidores por influência do ex-presidente da estatal, José Sérgio
Gabrielli, do PT, que deixava o cargo.
Em 2010, Barbassa fez acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
para pagar R$ 1 milhão e encerrar processo que o questionava por não
divulgar informações que afetam o valor das ações da empresa. Ele é um
dos executivos com os bens bloqueados pelo Tribunal de Contas da União
(TCU) por supostas irregularidades na compra da Refinaria de Pasadena,
no Texas (EUA).
Collor
Principal subsidiária da Petrobrás, a BR Distribuidora está sob o
comando do PMDB e do PTB. O presidente, José Lima de Andrade Neto,
chegou ao cargo com as bênçãos do ministro Edison Lobão (PMDB-MA) e do
senador Fernando Collor (PTB-AL). Antes, Neto ocupava a Secretaria de
Petróleo, Gás Natural e Combustíveis do ministério. Da cota de Collor,
foram nomeados ainda Luís Alves de Lima Filho (Postos de Serviço) e
Vilson Reichemback da Silva (Operações de Logística). Partiu do PT na
Câmara a indicação de Andurte de Barros Duarte Filho (Mercado
Consumidor).
A Transpetro está sob influência do PMDB do presidente do Senado, Renan
Calheiros (AL). O presidente, Sérgio Machado, é ex-senador pelo partido,
que também indicou os ocupantes das demais diretorias da estatal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário