Costa diz em delação premiada que recebeu propina de R$ 1,5 milhão
Esquema envolveu compra de refinaria pela Petrobras nos EUA, relatou.
Paulo Roberto Costa |
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa contou a investigadores da
Polícia Federal e do Ministério Público que recebeu R$ 1,5 milhão de
propina de um esquema de corrupção relacionado à compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, nos EUA.
A primeira fase dos depoimentos de Costa a policiais federais e
procuradores com base em um acordo de delação premiada terminou na
semana passada. Paulo Roberto Costa decidiu colaborar com as
investigações na expectativa de obter redução da pena.
Convocado para depor, ele compareceu na quarta-feira (17 de setembro) à
CPI mista do Congresso que apura irregularidades na Petrobras, mas se manteve calado
e não respondeu a nenhuma das perguntas dos parlamentares. Costa foi
preso pela Polícia Federal em março, durante a Operação Lava Jato, da
PF, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Os interrogatórios do ex-diretor da Petrobras começaram em 29 de
agosto, na Superintendência da Polícia Federal no Paraná, onde ele está
preso. As revelações foram feitas a um delegado, a um procurador e a um
escrivão. A defesa acompanhou tudo. Os depoimentos foram gravados em
vídeo, anotados e criptografados (transformados em códigos para evitar a
leitura por pessoas de fora da investigação). O material foi guardado
em um cofre.
Segundo a revista "Veja", Costa delatou deputados, senadores, governadores e um ministro como beneficiários do suposto esquema de propina na Petrobras.
A decisão sobre a parte dos depoimentos que envolve políticos caberá ao
Supremo Tribunal Federal. O relator do caso é o ministro Teori Zavascki.
Ele poderá decidir ouvir Paulo Roberto Costa, na presença do advogado e
poderá recusar ou fazer adequações à proposta de delação premiada. Para
ter a pena reduzida, Costa terá de comprovar as acusações, revelando os
participantes da organização criminosa e ajudando a recuperar o
dinheiro desviado. Ainda não se sabe quando a Justiça vai homologar o
acordo de delação premiada.
Segundo o advogado Pierpaolo Bottini, professor-doutor de direito da
Universidade de São Paulo (USP), a redução de pena depende dos detalhes e
provas que Paulo Roberto Costa conseguir demonstrar.
"Quanto mais informações ele trouxer, mais benefícios ele vai ter.
Quanto mais ele conseguir comprovar as declarações no sentido de apontar
outros autores, no sentido demonstrar como essa organização funciona,
ou colaborando para recuperar esse dinheiro e esses bens desviados,
quanto mais ele conseguir demonstrar isso, maiores benefícios ele terá",
afirmou.
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