Após mais de 7 horas, sequestrador se entrega e liberta refém em hotel
no Distrito Federal
Sequestro começou antes das 9 horas da manhã.
Imagem mostra o sequestrador e o refém |
O sequestrador que invadiu o hotel Saint Peter no centro de Brasília e
manteve um funcionário como refém no 13º andar do prédio por mais de
sete horas nesta segunda-feira (29.set.2014) se entregou por volta das
16h, segundo a polícia. Ele foi levado à 5ª Delegacia de Polícia, na Asa
Norte.
O refém deixou o hotel em um carro de polícia e passou despercebido por
hóspedes e curiosos que acompanhavam o caso na rua em frente. Segundo a
corporação, o funcionário foi direto para casa acompanhado da esposa.
Ele estava calmo e não precisou de atendimento médico.
De acordo com a polícia, a arma e os cilindros amarrados à cintura do refém não continham material explosivo.
Segundo o comandante do Esquadrão de Bombas da Polícia Militar do
Distrito Federal, capitão Lúcio Flávio Teixeira Júnior, o material era
composto por canos de PVC recheados com massa epoxi, serragem e terra.
Policial manuseia supostos explosivos de autor de sequestro em hotel do DF |
"Medida desenfreada"
O advogado do autor do sequestro, Carlos André Nascimento, chegou à
delegacia por volta das 18h30. Segundo ele, o cliente classificou o ato
como uma "medida desenfreada" para "chamar a atenção da imprensa".
Nascimento disse que o sequestrador tem problemas psicológicos e que,
segundo a família, tentou suicídio há poucos dias. O advogado acompanha o
caso desde as 12h desta segunda-feira (29.set.2014), acionado por
familiares do autor.
Ainda segundo Nascimento, o preso será transferido para o Departamento
de Polícia Especializada (DPE) porque a polícia teme nova tentativa de
suicídio. Até as 18h40, a polícia não tinha se pronunciado sobre a
transferência.
Um helicóptero da Polícia Civil sobrevoava o hotel no momento em que as
negociações terminaram. Segundo o delegado Paulo Henrique Almeida, da
Divisão de Comunicação da Polícia Civil, o homem solicitou uma bandeira
do Brasil para usar sobre os ombros no momento da rendição, mas se
entregou com medo de ser alvejado pelos policiais. "Ele percebeu que a
única saída era a rendição. Graças a Deus a vítima está bem", diz
Almeida
O homem pode responder por cárcere privado, cuja pena é de um a três
anos de reclusão. Dependendo do resultado da perícia, ele pode ser
indiciado por outros crimes.
Minutos antes de se entregar, o homem apareceu na sacada do prédio com
um dos punhos unido por algemas ao braço do refém. O funcionário já
aparecia sem o colete com a suposta carga de dinamite, que havia sido
amarrado ainda no início da manhã. A esposa do refém e uma madrinha do
sequestrador acompanhavam as negociações no espaço em frente à entrada
do hotel.
Atiradores de elite da Polícia Civil foram posicionados em áreas
estratégicas no início da tarde e aguardavam autorização para atirar. Na
ocasião, a polícia ainda não sabia se os explosivos eram verdadeiros. O
volume de dinamite teria capacidade para danificar a estrutura do
hotel, segundo a polícia.
O autor do sequestro tinha expressado exigências políticas – renúncia de
Dilma Rousseff, extradição de Cesare Battisti e o que chamou de
"aplicação efetiva da Lei da Ficha Limpa", sob ameaça de detonar os
explosivos. O delegado Almeida manteve sigilo sobre o prazo dado pelo
sequestrador, mas informou que seria inferior a seis horas.
Na casa do suspeito, em Combinado, no Tocantins, a polícia encontrou
três cartas de despedida escritas pelo sequestrador. De acordo com o
delegado Paulo Henrique Almeida, nos textos ele pedia desculpa à mãe e
aos tios, se dizia "desesperado" com o atual "cenário político" e falava
que "essa tempestade vai passar".
As cartas teriam sido escritas no dia 26. O homem foi para Brasília no próprio carro, e o automóvel foi apreendido para perícia.
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