sexta-feira, 29 de agosto de 2014


Band-RS realiza debate com candidatos ao Governo  Gaúcho
Gaúchos puderam acompanhar os postulantes ao Palácio Piratini no primeiro encontro em TV aberta

Como já é tradição, a Band-RS realizou na quinta-feira, 28 de agosto, o primeiro debate entre os candidatos a governador do Rio Grande do Sul. Estiveram no estúdio, pela ordem de localização no cenário, João Carlos Rodrigues (PMN), Vieira da Cunha (PDT), Tarso Genro (PT), José Ivo Sartori (PMDB), Roberto Robaina (PSOL) e Ana Amélia Lemos (PP).
Com duração de duas horas, o debate foi mediado pelo jornalista Oziris Marins e mobilizou uma equipe de cerca de cem pessoas do Grupo Bandeirantes.







Governo prevê em 2015 
salário mínimo de R$ 788,06


A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse que o valor do salário mínimo a partir de janeiro de 2015 será de 788,06 reais, aumento de 8,8% em relação ao deste ano (724 reais). A estimativa anterior era de 779,79 reais. O impacto para as contas públicas no próximo ano, segundo a assessoria da ministra, será de 22 bilhões de reais.
Miriam entregou o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) do próximo ano ao presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Segundo ela, a correção se baseou na regra atual, que calcula o valor a partir da variação da inflação do ano anterior, além do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.
A ministra disse que a proposta orçamentária terá como eixo saúde, educação, combate à pobreza e investimentos em infraestrutura. O texto apresentado pelos ministérios do Planejamento e Fazenda está em mãos, agora, do Congresso Nacional. Segundo Miriam, o presidente do Senado comprometeu-se a aprovar a proposta orçamentária até o final do ano, dentro do prazo legal.
O texto também estima que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 3% em 2015, mesmo cálculo já anunciado antes, mas bem distante do consenso do mercado. A pesquisa Focus que o Banco Central faz com dezenas de analistas do mercado financeiro brasileiro aponta para um crescimento econômico de apenas 1,20% em 2015.
Para 2014, não foi divulgada nova previsão de crescimento. O último relatório de reprogramação financeira, de julho, aponta estimativa de alta de 1,8%. Na proposta da LDO de 2015, o governo previa uma alta de 2,5% do PIB em 2014. O mercado estima um expansão do PIB de apenas 0,70%.
Inflação - O governo federal manteve em 5% a previsão de alta da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2015, segundo o PLOA. A previsão anterior, contida na LDO, divulgado em abril, era a mesma. A expectativa do governo está bem distante também da pesquisa Focus: analistas apostam em alta de 6,28% dos preços no ano que vem.
Contas públicas - Ainda no projeto de lei enviado nesta quinta ao Congresso, a estimativa para o superávit primário (economia para pagamento de juros da dívida) é de 143,4 bilhões de reais, sendo 114,7 bilhões a ser economizado pelo governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência) e outros 28,7 bilhões de reais que deverá vir do caixa dos Estados, municípios e estatais no ano que vem. Está prevista, porém, a possibilidade de abatimento (desconto) de 28,7 bilhões de reais, ou 0,5% do PIB. Com isso, a meta 'real' (descontada o abatimento) seria de 114,7 bilhões de reais ou 2% do PIB. Para este ano, a expectativa, já descontando os abatimentos, é de 99 bilhões de reais, o equivalente a 1,9% do PIB.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia adiantado, em abril, que não havia possibilidade de o governo apresentar uma taxa inferior a 2%. Ressaltou ainda que poderia ter um primário superior a 2,5%, dependendo do desempenho da economia. Vale lembrar que, na ocasião, os parâmetros para a economia estavam mais positivos do que os atuais.
"A meta diz muito pouco; é preciso anunciar qual será o real esforço do setor público para o primário", disse o economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria. Ele acredita, porém, que, se a presidente Dilma for reeleita, a economia no ano que vem deve ser de apenas 1% do PIB, já descontando efeitos extraordinários, como o dinheiro vindo de concessões, Refis e dividendos. Para 2014, a expectativa da consultoria é que o setor público consolidado (governo central mais Estados, municípios e estatais) não cumpra a meta e só economize 1,5% do PIB.
Para a Previdência, a estimativa é de um rombo (déficit) de 43,7 bilhões em 2015, ou 0,8% do PIB. Esse valor leva em conta o pagamento de 436,3 bilhões com benefícios e receitas de 392,6 bilhões. Para 2014, o governo manteve a previsão otimista de um déficit de 40,1 bilhões de reais (0,85% do PIB), valor inferior ao resultado negativo de 2013 (49,9 bilhões).
Para a dívida líquida, a projeção passou de 33% para 32,9% do PIB para 2015, mas manteve a de 2014 em 33,6% do PIB. O governo federal prevê um aumento da dívida pública bruta em 2014. No caso da dívida bruta, a expectativa é que chegue a 57,7% do PIB ao final de 2014 e 56,4% do PIB em 2015.
Já o orçamento dos ministérios que terão o maior aumento na previsão de despesas para o ano de 2015 são os da Saúde (91,4 bilhões de reais), Educação (46,7 bilhões) e Cidades (26,3 bilhões).


Remuneração da direção da Petrobrás tem reajuste de 43%

Por decisão dos acionistas da Petrobrás, a remuneração dos administradores da controladora da estatal foi reajustada em 43% no primeiro semestre deste ano, comparado a igual período do ano passado.
O relatório financeiro da companhia, relativo ao segundo trimestre e enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) informa que os ganhos da diretoria passaram de R$ 5,6 milhões de janeiro a junho de 2013 para R$ 8 milhões no primeiro semestre de 2014.
Permanecendo o patamar do primeiro semestre, a diretoria da Petrobrás terá respondido por um gasto de R$ 16 milhões em 2014, o maior patamar histórico, 35% superior aos R$ 11,84 milhões do ano passado. Os números mostram que o crescimento da remuneração dos diretores da estatal ultrapassou em 11 vezes a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Os R$ 8 milhões destinados aos diretores são classificados no relatório trimestral como remuneração de curto prazo. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Petrobrás esclarece que a cifra “contempla salários, benefícios, remuneração variável e encargos”. Segundo a estatal, estão aí inseridos os desembolsos da empresa por adicional de férias, bônus por desempenho e remuneração variável anual (RVA). A empresa justifica ainda que, de março deste ano a abril de 2015, foi incluída na remuneração dos administradores os encargos recolhidos para fins de FGTS (8%) e Previdência Social (20%), que representaram acréscimo de 3,68% nos ganhos, em comparação a igual período do ano passado.
Em nenhuma outra subsidiária da estatal os aumentos foram tão fortes quanto na diretoria da controladora. Para o conjunto dos administradores da empresa, o reajuste foi de 10,5%, considerando os primeiros semestres de 2013 e 2014. Os gastos com o pagamento a administradores, nesse caso, passaram de R$ 29,5 milhões para R$ 32,6 milhões.


PT avalia que nem Lula evitaria vitória de Marina  Silva

Cláudio  Humberto
Os “lulistas” do Partido os Trabalhadores já não falam em substituir a candidata Dilma Rousseff pelo ex-presidente Lula, e por ordem dele. É que pesquisa interna, à qual tiveram acesso apenas quatro petistas ilustres, indica que a ascensão de Marina Silva (PSB) é de tal maneira avassaladora que nem mesmo Lula conseguiria evitar sua vitória. Análises internas citam até a hipótese de Marina vencer no 1º turno.
A advertência dos analistas do PT é: Marina pode passar à frente e, com o “voto útil” de eleitores de Aécio, vencer no 1º turno.
A ordem de Lula é proclamar confiança em Dilma, dizer que Marina é só “uma onda” e preparar a artilharia. Estão vasculhando a vida dela.
A candidatura de Marina Silva desnorteou os marqueteiros do PT e do PSDB. Rigorosamente, eles não sabem o que fazer.


PT quer tirar do ar falso apoio de Lula a Marina

Rui Falcão, presidente do PT, disse que a legenda tomará providências judiciais para tirar da internet um vídeo no qual Lula aparece pedindo votos para Marina Silva. Trata-se de uma montagem. Em verdade, Lula gravara mensagem de apoio a Marina Santana (veja vídeo abaixo), candidata ao Senado pelo PT de Goiás. Na peça fraudulenta, adicionou-se a logomarca e o jingle de Marina Silva, cujo comitê apressou-se em tomar distância da fraude:
Comunicado da Coligação Unidos pelo Brasil

A Coligação Unidos pelo Brasil denuncia como tosco e fraudulento vídeo hoje veiculado nas mídias sociais, no qual a candidatura de Marina Silva supostamente recebe o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para coibir a fraude, requererá ao Ministério Público e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a abertura de inquérito e das demais providências necessárias visando à identificação da origem e do responsável pela montagem e veiculação.
A coligação repudia o uso indevido da imagem de sua candidata e da marca da aliança. Expediente dessa ordem contraria os princípios éticos que caracterizam a candidata Marina Silva e os partidos que integram nossa coligação, empenhados em uma campanha eleitoral republicana e propositiva.
COLIGAÇÃO UNIDOS PELO BRASIL

PSB, Rede Sustentabilidade, PPS, PPL, PHS, PRP e PSL




Dilma faz ‘terrorismo social’ contra Marina

Josias  de  Souza
O comitê eleitoral de Dilma Rousseff decidiu combater Marina Silva com uma arma semelhante à que foi utilizada contra Lula no passado: o terrorismo político. Contra Lula, o terror era ideológico. Contra Marina, é social.
Na sucessão de 1989, o empresário Mário Amato, então presidente da Fiesp, disse que 800 mil industriais deixariam o país se Lula chegasse à Presidência. Levariam com eles suas indústrias e os empregos.
Hoje, a equipe de campanha de Dilma sustenta que, eleita, Marina instalará no Planalto a “incerteza de uma aventura”. Pior: passará na lâmina programas sociais como o Mais Médicos.
Para instilar o medo no eleitor, o comitê de Dilma valeu-se de uma edição do debate presidencial promovido pela Band, na terça-feira. Pinçou um trecho no qual Marina debate com Dilma e declara que o Mais Médicos não resolve as mazelas da saúde, é um “paliativo”.
Apegando-se ao vocábulo “paliativo”, o marketing da campanha petista, comandado por João Santana, pôs-se a insinuar que Marina interromperia o Mais Médicos se fosse eleita. Na internet, Marina é mencionada explicitamente, em vídeo e texto.
Na propaganda veiculada no rádio, a alusão a Marina é indireta. Ouve-se na peça uma resposta de Dilma à tese da rival segundo a qual um presidente tem de ser mais do que mero gerente.
Dilma diz: “Um presidente da República, principalmente se ele lida, como deve lidar, com todos os problemas do país, ele não lidará só discursando. Ele terá de tomar posições, ele terá de fazer gestão, ele tem de agir…”
Na sequência, sem citar Marina, um locutor investe contra ela: “…Já pensou, rapaz, se entra outro aí e pára um programa importante como o Mais Médicos. Quem é que vai atender a população nos postos de saúde nas periferias da grandes cidades e nas regiões mais distantes?”
Uma voz feminina emenda: “…Ninguém quer a incerteza de uma aventura nem a volta ao passado. Hoje o povo está tendo a tenção que sempre sonhou.” A “aventura” é munição contra Marina. A “volta ao passado”, contra Aécio Neves.
Curiosamente, a perspectiva de vitória de Marina Silva parece entusiasmar o mercado financeiro. Desde a morte de Eduardo Campos, há duas semanas, o principal índice da Bolsa, o Ibovespa, subiu 7,99%. Os papeis da Petrobras valorizaram-se em 16,12%.
O rótulo de esquerdista radical custou a Lula três derrotas. Para prevalecer em 2002, o morubixaba petista teve aparar a barba, vestir Armani e beijar a cruz. Numa carta aos brasileiros, renegou tudo o que sempre defendera.
Autoconvertido numa espécie de neo-Amato, o PT tenta grudar na testa de Marina, sua ex-filiada, a pecha de “aventureira”. Ainda não colou. Mas serviu para demonstrar do que o petismo é capaz quando está com medo.


Com escoriações, Marina saiu-se bem

Ricardo  Noblat
O PT envelheceu. O discurso do PT envelheceu. E é isso que a candidata Marina Silva, do PSB, está passando na cara do seu antigo partido.
Se o que ela diz a empurra para cima nas pesquisas de intenção de voto é simplesmente porque confere com o que acha a maioria dos eleitores.
A verdade é que o PT já foi sinônimo de alegria e de esperança. Não é mais. Virou sinônimo da velha política que tanto combateu.
Com outras palavras, foi essa a mensagem que Marina deixou depois de uma entrevista de 15 minutos no Jornal Nacional.
Bonner e Patrícia Poeta fizeram as perguntas certas e apertaram Marina na medida certa. A candidata soube encará-los com tranquilidade e firmeza.
A resposta à pergunta sobre irregularidades no uso do jatinho da campanha que caiu matando Eduardo Campos, foi a melhor resposta que Marina poderia dar. O que não quer dizer que ela tenha sido convincente. Não foi.
Foi convincente ao responder sobre seu sofrível desempenho eleitoral em seu Estado, o Acre. E menos convincente ao responder sobre a escolha do deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) para seu candidato a vice.
Marina é capaz de repetir a frase que todo político gosta de dizer (“Meu compromisso é com a verdade”) e, no caso dela, a frase soar verossímil. Isso é carisma.
Com jeito, em mais de uma ocasião, Marina calou por alguns instantes Bonner e Patrícia. E ainda ousou dizer que Bonner tinha “um certo desconhecimento” a respeito do que perguntava.
Não deixou Bonner aparteá-la quando considerou que o melhor seria continuar falando. E novamente o alfinetou com elegância do afirmar que ele trabalhava “apenas com um lado da moeda”. Foi até atrevida:
- A vida não tem essa simplicidade que você está usando.
Para encaixar na sequência:
- Vou deixar claro para o telespectador.
Então olhou para a câmera e passou a se dirigir diretamente ao distinto público. Àquela altura havia sobrevivido com escoriações à delicada batalha contra Bonner e Patrícia.


quarta-feira, 27 de agosto de 2014


Polícia Federal suspeita que empresas fantasmas pagaram dívida de jato usado por Campos
Seis fontes pagadoras, sem lastro financeiro e endereço, custearam débito de R$ 1,7 milhão para a compra do Cessna

O jato Cessna Citation 560 XLS, usado por Eduardo Campos

Empresas com endereços fantasmas e sem lastro financeiro custearam o pagamento de uma dívida de R$ 1,7 milhão para a compra do Cessna Citation usado pelo ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. No dia 13 de agosto, a aeronave caiu em Santos, no litoral paulista, matando, além de Campos, candidato à Presidência da República pelo PSB, outras seis pessoas.
São seis fontes pagadoras que fizeram transferências bancárias para a AF Andrade - dona da aeronave nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil. Elas teriam assinado contratos de empréstimo para o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, que afirmou ser o comprador do jato.
Os empréstimos para pagamento, segundo ele, foram feitos em troca do uso do jato, antes da compra ser efetivada e aprovada. “Os valores recebidos foram para pagar parcelas vencidas do leasing do avião (...) para permitir que a Cessna, financiadora da aeronave, agilizasse a operação de venda”, afirmou o empresário.
As suspeitas da Polícia Federal são de que João Carlos Lyra, junto com os empresários Apolo Santana Vieira - dono de outro jato usado por Campos antes da campanha - e Eduardo Freire Bezerra Leite foram usados para ocultar a compra da aeronave, no valor de US$ 8, 5 milhões, com dinheiro de caixa 2 da campanha. Caso o ilícito se confirme, novas investigações serão abertas à partir do “inquérito mãe”, sobre a queda.
A PF já tem em mãos a lista dos depósitos e sabe que algumas das fontes pagadoras são firmas que não existem no endereço declarado. Uma delas é a Geovane Pescados, na periferia de Recife. Outra é a Vasconcelos & Câmara, que depositou R$ 159 mil.
Outra empresa envolvida que não funciona no endereço de registro em Pernambuco é a RM Construções.
João Carlos Lyra é enteado do ex-senador e ex-deputado federal por Pernambuco Luiz Piauhylino Monteiro (PSB), aliado de Eduardo Campos. Ele mesmo fez um depósito de R$ 195 mil.
Além do enteado, o filho do ex-parlamentar aparece entre os financiadores do jato. Luiz Piauhylino Monteiro Filho divulgou nota informando ter emprestado a João Carlos Lyra R$ 325 mil. Pelo contrato assinado entre eles, o dinheiro foi transferido no dia 14 de maio para a AF Andrade.
A outra empresa financiadora foi a Ele Leite Negócios Imobiliários Ltda. - cujo nome ainda não havia sido citado na compra do jato. Ela declarou ter emprestado R$ 727,7 mil a João Carlos. O dinheiro foi transferido diretamente no dia 15 de maio para a A.F. Andrade.
A Leite Imobiliária é uma micro empresa que pertence a Eduardo Bezerra. Em foto divulgada, ele aparece com outros dois empresários de Pernambuco buscando o jato em Ribeirão Preto (SP).

DOCUMENTO ENTREGUE A PF
Documento entregue à Polícia Federal pela operadora do avião Cessna que caiu em Santos, no último dia 13, matando o candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, e mais seis pessoas, levantou a suspeita de envolvimento de empresas fantasmas na compra da aeronave. Reportagem visitou endereços que seriam de empresas que contribuíram para a compra e nelas encontrou uma residência em uma favela do Recife e salas comerciais e casas vazias.
A AF Empreendimentos e Participações era a operadora da aeronave e tinha contrato de leasing assinado com o braço financeiro da fabricante de jatos, a Cessna Finance Export Corporation. O extrato da AF informa uma lista de empresas que fizeram depósitos em sua conta para quitar as parcelas do contrato de compra do avião. A operadora disse que já tinha acertado a venda da aeronave para o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho. Esses depósitos seriam parte do pagamento. No extrato, a informação é que a AF já recebeu R$ 1,7 milhão para quitar parcelas do leasing.
Na lista revelada aparecem repasses feitos por seis fontes diferentes. Entre elas está uma empresa descrita como Geovane Pescados, que depositou R$ 12 mil. No endereço, há apenas uma casa em uma favela do Recife e o morador, chamado Geovane, nega ter um empresa e qualquer envolvimento no negócio.
— Acha que se eu tivesse uma empresa de pescado eu vivia numa situação dessa? — perguntou Geovane.
Outra empresa citada é a RM Construções, que teria contribuído com R$ 290 mil. O endereço é de uma casa no bairro de Imbiribeira, na capital pernambucana. O dono da RM soltou uma gargalhada ao ser indagado se auxiliou na compra do avião. O extrato também aponta o repasse de R$ 160 mil da Câmara & Vasconcellos, que tem registrado em seu nome dois endereços na cidade de Nazaré da Mata (PE). A sala comercial e a casa indicada no cadastro estavam vazias.

TROCA DE ARRENDATÁRIO
Em nota à imprensa, a assessoria de João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho cita apenas repasses feitos por uma empresa e um advogado. A Ele Leite Ltda, que pertence a Eduardo Freire Bezerra Leite, depositou R$ 727.797,03 por meio de TED para a AF Andrade no dia 15 de maio de 2014. Outros R$ 325 mil teriam sido pagos à AF Andrade pelo advogado pernambucano Luiz Piauhylino Monteiro Filho (filho do ex-deputado Luiz Piauhylino). Tanto a Ele Leite quanto Luiz Piauhylino Filho informam que os valores eram fruto de “empréstimos pessoais” firmados com João Lyra.
Segundo relatos de assessores, João Lyra era muito amigo de Eduardo Campos e teria procurado empresários alegando que precisava “arrumar um avião para a campanha”. Em nota, João Lyra disse ter feito vários empréstimos. “Os valores recebidos foram para pagar parcelas vencidas do leasing do avião Cessna Citation 560 XL, para permitir que a Cessna, financiadora da aeronave, agilizasse a operação de venda”.
Os valores teriam sido transferidos à AF porque só ela poderia pagar a Cessna, uma vez que era a operadora, por contrato. O próprio João Lyra teria tentado assumir o contrato, através da sua empresa BR Par Participações, mas a Cessna negou a operação, alegando que a BR não tinha fluxo de caixa compatível com o negócio. A alternativa foi indicar a Bandeirante Companhia de Pneus, que pertence ao empresário Apolo Santana Vieira. O contrato de intenção de troca do arrendatário teria sido assinado em maio e estava dependendo do aval da Cessna, quando o acidente ocorreu.

PARTIDO SE MANIFESTA
Pela primeira vez, o PSB se pronunciou oficialmente sobre a suspeita de caixa dois, pelo fato de não ter declarado o uso da aeronave na prestação de contas parcial ao TSE. Em nota, o partido afirma que os empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira, amigos pessoais do ex-governador, autorizaram Campos a usar a aeronave durante toda a campanha. Para o PSB, a declaração do avião deveria ser feita só ao fim da disputa:
“Nos termos facultados pela legislação eleitoral, e considerando o pressuposto óbvio de que seu uso teria continuidade até o final da campanha, pretendia-se proceder à contabilização ao término da campanha eleitoral, quando, conhecida a soma das horas voadas, seria emitido o recibo eleitoral, total e final”, diz a nota assinada pelo presidente do PSB, Roberto Amaral.
O texto afirma que a tragédia que matou Campos e mais seis pessoas provocou mudanças na direção partidária e na estrutura de comando da campanha que dificultaram o levantamento de informações.
O PSB não informou como declararia o jato, pois aeronaves podem ser emprestadas apenas por empresas que tenham a aviação como atividade fim. Oficialmente, o jato pertence à AF Andrade, empresa de Ribeirão Preto que está em recuperação judicial. Pela lei, o avião Cessna Citation 560 XL, prefixo PR-AFA, não poderia ser vendido sem autorização judicial. A venda foi comunicada à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) somente após o acidente que matou Campos.
Nota Oficial do Partido Socialista Brasileiro:
"A aeronave de prefixo PR-AFA, em cujo acidente faleceu seu presidente, Eduardo Henrique Aciolly Campos, nosso candidato à presidência da República, teve seu uso — de conhecimento público -- autorizado pelos empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira.
Nos termos facultados pela legislação eleitoral, e considerando o pressuposto óbvio de que seu uso teria continuidade até o final da campanha, pretendia-se proceder à contabilização ao término da campanha eleitoral, quando, conhecida a soma das horas voadas, seria emitido o recibo eleitoral, total e final.
A tragédia, com o falecimento, inclusive, de assessores, impôs conhecidas alterações tanto na direção partidária quanto na estrutura e comando da campanha, donde as dificuldades enfrentadas no levantamento de todas as informações que são devidas aos nossos militantes e à sociedade brasileira.

Brasília, 26 de agosto de 2014

Roberto Amaral, presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro"

TSE EXIGE DECLARAÇÃO PARCIAL
No entanto, a resolução 23.406/2014, do Tribunal Superior Eleitoral, que rege as eleições deste ano, diz que “os candidatos e os diretórios nacional e estaduais dos partidos políticos são obrigados a entregar à Justiça Eleitoral (...) as prestações de contas parciais, com a discriminação dos recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro para financiamento da campanha eleitoral e dos gastos que realizaram, detalhando doadores e fornecedores”. A existência de gastos ou doações não registrados nas parciais é “infração grave”.
Questionada sobre essa questão, a assessoria do PSB respondeu que a interpretação jurídica que vem sendo feita sobre a resolução está “equivocada”.
— A parcial que deve ser apresentada é de dinheiro vivo, o que entrou e o que saiu do caixa da campanha no período. As horas de voo são um serviço continuado e apareceria só na prestação de contas final da campanha.


Primeiro debate Presidencial de 2014
Dilma evita Marina em debate e Aécio tenta ligar ex-ministra ao PT
Em 1º debate de TV da disputa ao Planalto, candidata do PSB explora imagem de ‘terceira via’ fazendo elogios a FHC e Lula

Sob o impacto da pesquisa Ibope que mostrou Marina Silva (PSB) isolada na segunda colocação da corrida presidencial, o primeiro debate entre os candidatos à Presidência, realizado na terça-feira, 26 de agosto, pela TV Band, foi marcado por confrontos estratégicos e calculados entre os principais adversários na disputa. Enquanto a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, mirou na polarização com o nome do PSDB, o tucano Aécio Neves partiu preferencialmente para um embate direto com a sucessora de Eduardo Campos.
Marina reforçou a tática de tentar se colocar como a terceira via propositiva, apontando o que classifica como equívocos da briga entre PT e PSDB e insistindo em temas que lhe credenciem como a “nova política”.
Não por acaso, a ex-ministra do Meio Ambiente abriu o bloco de perguntas dos candidatos questionando a presidente - que lidera as intenções de voto - sobre o que deu errado com os pactos propostos por Dilma na esteira das manifestações de junho do ano passado. A petista insistiu que os cinco pactos que ela desencadeou após as manifestações tiveram bons resultados. “Nós acreditamos que tudo deu certo.” Marina retrucou que “o Brasil que a presidente Dilma acaba de mostrar com colorido quase cinematográfico não existe.”
Na sua vez de perguntar, a petista questionou Aécio se a expressão “medidas impopulares” utilizada por ele iria significar redução do valor dos salários e do índice de empregos. O tucano lembrou a carta que Dilma enviou ao ex-presidente FHC, no início do governo dela, elogiando medidas como o controle da inflação e a responsabilidade fiscal. Os dois também protagonizaram o confronto mais duro, no quarto bloco, quando Aécio perguntou a Dilma se não era hora de a petista pedir desculpas por “gestão temerária” na Petrobrás.
Dilma afirmou que a declaração do adversário era uma “leviandade” e citou problemas enfrentados pela empresa estatal durante o governo FHC. Foi o momento do debate em que a tradicional polarização entre PT e PSDB ficou mais “quente”.
Alvo. Mas o tucano não podia disfarçar a necessidade de criar um confronto direto com Marina, que na pesquisa Ibope lhe ultrapassou e abriu uma vantagem de 10 pontos porcentuais. Na primeira oportunidade que teve para perguntar, o candidato do PSDB questionou a coerência da ex-ministra em relação à nova política pelo fato de ela se negar a compartilhar a campanha com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), apoiado pelo PSB, e, ao mesmo tempo, fazer um aceno ao ex-governador e candidato ao Senado, José Serra (PSDB).
Marina disse que defender a nova política é combater a velha polarização. Aécio criticou o discurso da candidata do PSB afirmando que o importante é distinguir a boa da má política. Fez também questão de lembrar que o PT, na época que Marina era filiada, foi contra o Plano Real e o processo de estabilização.
No final do debate, tentou ligar a ex-ministra de Lula à presidente. Concluiu sua fala dizendo que “as propostas de Dilma e Marina são muito parecidas”. Sugeriu que um governo Marina poderá ser uma “aventura”. E “nomeou” o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que ocupou o posto no governo FHC, seu ministro da Fazenda caso seja eleito em outubro.
Como já era esperado, para rebater as críticas sobre a falta de experiência administrativa, Marina citou os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, classificados não como gerentes, mas pessoas com visão estratégica. Fez elogios aos ex-presidentes - à estabilidade da gestão FHC e aos investimentos sociais de Lula -, mas ressaltou que não é “complacente com os erros”.
Quando pôde, se disse a favor de um “estado laico” - adversários usam a religiosidade da ex-ministra para associá-la a um “obscurantismo evangélico”. Fez várias menções a Eduardo Campos, cuja morte em 13 de agosto após um acidente de avião abriu caminho para a sua candidatura ao Planalto.
Os outros candidatos usaram as perguntas sobretudo para valorizar algum ponto de vista mais marcante de sua campanha. Eduardo Jorge, do PV, quis saber de Aécio Neves qual era a posição dele sobre o aborto. Depois de ouvir o tucano afirmar que vai defender a legislação atual, Jorge defendeu a mudança da lei, lembrando que 800 mil mulheres praticam aborto anualmente no Brasil, em condições precárias, em clínicas clandestinas.








Bandeirantes realiza primeiro debate presidencial de 2014
A Rede Bandeirantes manteve a tradição e abriu a temporada de debates eleitorais antes das eleições.




Marina personifica desejo de mudança e vira favorita

José  Roberto  de  Toledo
Marina Silva superou Aécio Neves e venceria Dilma Rousseff na simulação de segundo turno porque personificou o desejo de mudança. Pela primeira vez nesta campanha eleitoral, um nome da oposição assumiu claramente a preferência entre os 71% de eleitores que querem mudar tudo ou quase tudo no governo. Desde junho de 2013, essa é a principal força da eleição presidencial, mas não estava concentrada em ninguém.
Hoje, se dependesse só dos mudancistas, Marina estaria em primeiro lugar na corrida presidencial, com 34% – bem à frente de Dilma (24%) e de Aécio (22%). Isso é inédito. Enquanto Eduardo Campos era o candidato a presidente do PSB, os mudancistas se dispersavam entre Dilma (27%), Aécio (28%), Eduardo (10%), e entre brancos, nulos e indecisos (28%).
Dilma só se mantém em primeiro lugar no geral por causa dos 26% de eleitores que querem pouca ou nenhuma mudança. A presidente tem dois em cada três votos desse eleitorado.
O problema aumenta para Dilma quando a disputa fica no mano a mano do segundo turno. Nessa simulação, Marina conquista 56% dos mudancistas, e a presidente não ganha quase nenhum eleitor a mais nesse grupo do que já conseguira no primeiro turno: fica com 25% dos mudancistas. Entre os continuístas as proporções se invertem: Dilma fica com 66%, e Marina, com 26%. Como há quase 3 vezes mais mudancistas do que continuístas, Marina é favorita para vencer um segundo turno contra Dilma.
Se o “drive” da eleição não mudar, é até esperado que Marina cresça mais nas próximas pesquisas – à medida que mais eleitores mudancistas se identifiquem com ela. E isso tem mais chances de acontecer com Marina do que com Aécio porque ela tem maior potencial de voto e menor rejeição que o tucano.
Apesar dos números muito favoráveis à candidata do PSB, é precipitação achar que a eleição acabou. Como a tragédia de Eduardo Campos provou, tudo pode mudar num instante.



Pesquisa Ibope
Marina abre 10 pontos sobre Aécio e venceria Dilma no 2º turno
Pesquisa Ibope mostra candidata do PSB 9 pontos à frente da presidente em disputa direta

Marina Silva está isolada na segunda colocação da corrida presidencial, com 29%, na primeira pesquisa Ibope na qual consta como substituta de Eduardo Campos e candidata do PSB. Ainda líder, Dilma Rousseff tem 34%, e Aécio Neves (PSDB) caiu para o terceiro lugar, com 19%. Num 2.º turno contra a petista, Marina venceria se a eleição fosse hoje.
Embora o cenário de 1.º turno testado pelo Ibope seja diferente do da pesquisa anterior, que ainda trazia Campos como candidato, é possível verificar que a entrada da ex-ministra do Meio Ambiente na disputa tirou eleitores de Dilma e Aécio: ambos perderam 4 pontos. Os demais candidatos, somados, perderam 3. Também houve queda na taxa dos que anulariam ou votariam em branco (6 pontos) e na dos indecisos (3 pontos).
Além de medir a intenção de voto - ao apresentar a lista de candidatos e pedir ao entrevistado que aponte seu preferido -, o Ibope cita o nome de cada concorrente e pergunta se o eleitor votaria nele com certeza, se poderia votar, se não votaria de jeito nenhum ou se não o conhece o suficiente para responder. A soma das duas primeiras respostas - “votaria com certeza” e “poderia votar” - é o potencial de votos, isto é, o teto de votação em determinado momento.
A candidata do PSB é a que tem o teto mais alto: 65% afirmam que votariam nela com certeza ou poderiam votar. Dilma e Aécio têm 52% e 48%, respectivamente.


Segunda etapa
Em um 2.º turno, Marina seria eleita com 45%, contra 36% da petista. Há, porém, ainda 11% de indecisos e outros 9% que anulariam o voto. Já contra Aécio, Dilma ainda seria reeleita: 41% a 35%. Nesse cenário, há mais indecisos e eleitores que anulariam: 12% em cada grupo.
A pesquisa mostra que a realização de um 2.º turno é praticamente certa: os adversários de Dilma, somados, têm 51%, 17 pontos a mais do que os 34% da presidente. Para encerrar a disputa já na primeira rodada, um candidato precisa obter maioria absoluta dos votos.

Segmentos do eleitorado
Na simulação de 1.º turno, Marina aparece à frente de Aécio em quase todos os segmentos do eleitorado. As exceções são os que têm mais de 55 anos (empate técnico de 20% a 19%, respectivamente) e os que têm renda superior a cinco salários mínimos (28% a 32%).
A candidata do PSB colhe seus melhores resultados entre os mais jovens, os mais escolarizados e os evangélicos. Lidera entre quem tem curso superior, com 33%, ante 27% para o adversário tucano e 24% para a petista. No segmento evangélico, chega a abrir 10 pontos de vantagem sobre Dilma (37% a 27%).
Marina empata tecnicamente com a atual presidente no eleitorado com renda entre dois a cinco salários mínimos e com mais de cinco salários. Nas faixas de renda, a candidata petista só abre vantagem significativa entre os que ganham até um salário mínimo (46% a 23%).
Na divisão do eleitorado por regiões, Dilma só se mantém na liderança isolada no Nordeste e no Norte/Centro-Oeste. No Sul, ela empata tecnicamente com a adversária do PSB (31% a 27%, no limite da margem de erro). E o Sudeste tem a disputa mais embolada: Marina com 30%, Dilma com 27% e Aécio com 25%.
O apoio à presidente é maior nas cidades de até 50 mil habitantes (43%) e menor nas com mais de 500 mil (28%). Com Marina, acontece o oposto (24% e 31%, respectivamente).

Rejeição
Dos três primeiros colocados, a candidata do PSB tem a menor rejeição. Só 10% dizem que não votariam nela de jeito nenhum, contra 36% que não votariam em Dilma, e 18% que rejeitam Aécio.

Reações
A pesquisa foi recebida com preocupação nos comitês tucano e petista. Os dirigentes, porém, atribuem o desempenho de Marina à comoção pela morte de Campos, em 13 de agosto. “Daqui para frente é avaliar a exposição dela como candidata, aí teremos uma avaliação correta”, disse o coordenador-geral da campanha de Aécio, senador Agripino Maia (DEM). “Não se sustenta por muito tempo. É como uma espuma que se desmancha no ar porque a candidatura de Marina não é sólida”, atacou o vice-presidente do PT, deputado José Guimarães.


terça-feira, 26 de agosto de 2014


Marina Silva surfa em "onda de proporções havaianas", nas pesquisas.

Marina  Silva
A candidatura de Marina Silva (PSB) está surfando uma onda de opinião pública de proporções havaianas. Será nesta terça-feira, 26 de agosto, às 18 horas, a divulgação da pesquisa Ibope que está em campo. O que ninguém sabe é quão longe a onda vai chegar. Por força da legislação eleitoral, o eleitor indiferenciado só tem acesso às pesquisas registradas pelos institutos. A divulgação dos números de pesquisas não registradas e das sondagens telefônicas diárias é punível com multa alta pela Justiça eleitoral - para jornal, jornalista e instituto. A lei provocou um oligopólio informativo dos mais excludentes. Uma quantidade anormal de pesquisas foi encomendada mas não divulgada desde a morte de Eduardo Campos e a assunção de Marina Silva. Só candidatos, partidos e operadores do mercado financeiro já conhecem os resultados - e estão assombrados. As mudanças são diárias e na mesma direção. Indicam uma tendência que vai além do impacto emocional provocado pela morte de Eduardo Campos e de seus auxiliares. A tragédia foi o despertador do público para a eleição, mas não só. Também catalisou um sentimento difuso de insatisfação com a política, com a polarização PT x PSDB.


Campos usou outro jatinho de empresário investigado
Além da aeronave que caiu em 13 de agosto, matando o então presidenciável do PSB, campanha da sigla se utilizou de um Learjet 45 da Bandeirantes na Bahia

Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em 13 de agosto de 2014

Uma das empresas investigadas na compra do jato Cessna Citation 560 XLS, que caiu matando o candidato a presidente pelo PSB, Eduardo Campos, e outras seis pessoas, a Bandeirantes Companhia de Pneus Ltda. tem em seu nome outra aeronave que, em maio, foi usada pelo ex-governador de Pernambuco durante visita de pré-campanha na Bahia. Trata-se do Learjet 45, prefixo PP-ASV, que Campos usou no dia 20 de maio, em visita a Feira de Santana. É possível ver a aeronave em uma foto publicada na imprensa. De acordo com a resolução 23.406, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a aeronave que caiu no último dia 13 não poderia ser utilizada na campanha por estar em nome da AF Andrade, de usineiros de Ribeirão Preto (SP). A legislação só permitiria que o jato fosse usado na campanha como doação se a AF Andrade atuasse no ramo de táxis aéreos. Além de Eduardo Campos, Marina também utilizou o avião em atividades de campanha.
Mais modesto que o Citation 560 XLS, o avião biorreator usado pelo candidato naquele dia está registrado na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em nome da Bandeirantes, que tem sede em Pernambuco, e pertence a Apolo Santa Vieira. Pelo registro na Anac, o Learjet 45 foi financiado pela Bandeirantes. Como foi comprado por leasing, enquanto a empresa não terminar de pagá-lo, pertence ao Bank of Utah Trustee.
Apolo Santa Vieira é um dos três empresários pernambucanos investigados pela Polícia Federal como supostos laranjas na negociação de arrendamento do Citation, que caiu em Santos (SP). A aeronave está em nome da AF Andrade, que está em recuperação judicial. Em maio, o empresário pernambucano João Carlos Lyra de Melo Filho assinou compromisso de compra da aeronave e indicou as empresas Bandeirantes e BR Par para assumir dívidas junto à Cesnna.
Agentes da PF, com auxílio da Receita Federal, tentam identificar de onde veio o dinheiro para a Bandeirantes Pneus, uma importadora e recuperadora de pneus, comprar o Learjet e o Citation. Por meio de nota, a empresa informou que tentou assumir o leasing do Citation (que vale 8,5 milhões de dólares), mas que a compra não se efetivou. A AF Andrade informou que já havia recebido parte das parcelas. No sábado, o candidato a vice de Marina, deputado Beto Albuquerque, tergiversou ao tratar do assunto: "Nós queremos saber, e ainda não foi explicado: como esse avião caiu e matou o nosso líder. Como caiu? Por que caiu? Queremos Justiça nesse caso. Sobre as circunstâncias de titularidade, de quem comprou e quem vendeu, isso não é um problema nosso e não era um problema do Eduardo. É um problema dos proprietários da aeronave. Sobre a relação do avião que nós usávamos, a direção partidária está apurando todas as informações para prestar os esclarecimentos necessários", disse.
Apolo Viera é réu em um processo por sonegação fiscal na importação de pneus, via porto de Suape (PE), que gerou um prejuízo de 100 milhões de reais aos cofres públicos. Sua antiga empresa, a Alpha Pneus, e outras, recorrem em segunda instância. A Bandeirantes foi criada em 2004, em Jaboatão dos Guararapes (PE) e funciona em um galpão de médio porte. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo localizou uma movimentação de importação financiada registrada pelo Banco Central, em dezembro de 2010, de 1,4 milhão de dólares, via banco Ilhas Cayman e Banco Safra.


Ricardo  Setti
Boa notícia para os brasileiros de bem, que têm esperanças num Congresso decente: o senador Pedro Simon, referência moral no Senado, volta atrás e decide candidatar-se à reeleição.

É uma grande notícia para os brasileiros que, como eu, ainda acreditam na possibilidade de o Congresso recuperar sua péssima imagem perante o público, voltar a ter respeitabilidade e independência em relação ao governo e cumprir seus deveres – sobretudo os de ser o grande agente fiscalizador do Executivo e a caixa de ressonância dos anseios da sociedade: o senador Pedro Simon (PMDB-RS) voltou atrás em sua decisão de deixar a vida pública e voltará a concorrer às eleições.

Não está em questão, para mim, se Simon, 84 anos, é do PMDB ou não, se concordo ou não com suas posturas e pontos de vista: o que sei é que o velho senador é uma das derradeiras consciências morais do Congresso, é um homem de bem, decente e corajoso, que diz o que pensa e que não tem medo de meter o dedo nas feridas que infernizam a vida pública brasileira.

Um Dom Quixote, muitas vezes solitário e isolado — é parte daquela parcela ínfima do PMDB que não se alinha automaticamente com o Palácio do Planalto e que vota de acordo com sua consciência –, Simon  faria uma enorme falta se estivesse fora da eleição.

Lamentei sua decisão de deixar a vida pública, agora felizmente revertida, como lamentei  profundamente a morte, em 2008, de outra referência de dignidade e honra no Congresso, o senador Jefferson Peres (PDT-AM), a despeito de discordar de algumas de suas opiniões e de não ver com bons olhos o partido para o qual ele se transferiu, após deixar o PSDB pelo qual foi eleito.

O entusiasmo pela decisão do senador, para mim, é multiplicado pelo fato de ele concorrer para a vaga com uma das estrelas do lulopetismo, o ex-governador Olívio Dutra, que espero ardentemente seja derrotado por Simon.


O senador gaúcho Pedro Simon cedeu aos apelos das lideranças e aceitou concorrer à reeleição para ajudar Marina Silva

Simon: aos 84 anos, uma das derradeiras consciências morais
do Congresso decide não desistir

O senador Pedro Simon (PMDB) desistiu da aposentadoria e vai concorrer à reeleição. Mesmo tendo dito que, aos 84 anos, por recomendação médica, não participaria diretamente de mais uma campanha política, Simon rendeu-se aos apelos das lideranças gaúchas do partido e vai tentar conquistar seu quinto mandato no Senado.
A decisão é consequência da morte do candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, que contava com apoio do PMDB gaúcho. O deputado federal Beto Albuquerque (PSB), que concorria ao Senado pela aliança regional, tornou-se candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva. A vaga ficou aberta para o PMDB e Simon virou nome preferencial.
A presença de Simon pode manter a unidade da coligação, formada pelo PMDB, PSB, PSD, PPS, PHS, PTdoB, PSL e PSDC em torno do apoio a Marina Silva para a Presidência. A coligação tem como candidato ao governo do Estado o ex-prefeito de Caxias do Sul José Ivo Sartori (PMDB). Os principais concorrentes de Simon na disputa pela vaga do Senado são o ex-governador Olívio Dutra (PT) e o jornalista Lasier Martins (PDT).

O senador Pedro Simon afirmou que sua maior motivação ao aceitar os apelos do partido é ajudar na eleição de Marina Silva (PSB) a presidente da República. Simon já havia desistido de concorrer em 2014, mas tinha intenção de percorrer o País para atender a pedidos para palestras e debater o futuro brasileiro. Com a morte de Eduardo Campos e a confirmação da candidatura de Marina Silva, de quem é admirador, mudou seus planos. Ele contou que acabou sendo "coagido" pelo partido a participar da campanha depois que outros nomes da legenda descartaram disputar a vaga ao Senado. O senador, de 84 anos, disse que sua saúde está bem, mas que não poderá percorrer longos roteiros de campanha pelo interior sem fazer pausas para descanso.


Morre Antônio Ermírio de Moraes
gigante do empresariado brasileiro

O empresário Antonio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim,
faleceu no domingo - 24 de agosto

O empresário Antônio Ermírio de Moraes foi enterrado em São Paulo, na tarde de segunda-feira, 25 de agosto, no Cemitério do Morumbi. Fundador de um dos maiores conglomerados empresariais do Brasil, o Grupo Votorantim, Antônio Ermírio morreu durante a noite de domingo em sua casa, na capital paulista, aos 86 anos, vítima de insuficiência cardíaca. O empresário sofria de Alzheimer e estava afastado da empresa desde a década de 2000. Ele deixa a mulher, Maria Regina Costa de Moraes, com quem teve nove filhos — dois morreram em decorrência de câncer. O preferido do empresário para sucedê-lo no grupo, Carlos Ermírio de Moraes, morreu em 2011. Dois anos antes, o empresário havia perdido Mário Ermírio de Moraes. O presidente do Conselho de Administração, hoje, é o executivo de confiança da família, Raul Calfat. Dono de um dos mais tradicionais grupos industriais do Brasil, Antônio Ermírio de Moraes sempre figurou em posições destacadas nas listas anuais das maiores fortunas do País – e às vezes até do mundo. No último levantamento da Forbes, o empresário ocupava a 9ª colocação no ranking de bilionários brasileiros, com uma fortuna estimada em 3,1 bilhões de dólares. Em 2013, o grupo Votorantim auferiu lucro de 230 milhões de reais. Apesar das cifras, o empresário tinha um estilo de vida frugal e era conhecido pela dedicação intensa ao trabalho e o hobby de dirigir automóveis antigos. Antônio Ermírio assumiu a liderança da empresa ao lado do irmão, José Ermírio, em 1973, após a morte do pai. Em quase três décadas à frente do conglomerado, que atua nos setores metalúrgico, de cimento, papel e celulose, o empresário manteve o estilo de gestão conservador, avesso a riscos, criado pelo pai, o que o permitiu sobreviveu a graves crises econômicas, consolidando a posição do grupo como um dos principais do País. Ao mesmo tempo, tornou-se a maior liderança empresarial do Brasil: uma referência de sucesso e boa gestão a seus pares e uma das vozes mais ouvidas e respeitadas no debate público sobre o progresso nacional. Crítico ferrenho da burocracia estatal e dos obstáculos colocados pelo governo ao crescimento das empresas, Antônio Ermírio se orgulhava de dizer que seu grupo nunca tinha sido favorecido pelo poder. "Se tivéssemos colocado nossas fichas em governos, já teríamos fechado as portas”, disse ele. Para ele, não existia uma fórmula mágica para um negócio – ou a economia de um país – prosperar. "O fundamental é seguir a lógica, o bom senso, e ouvir as boas cabeças que você tem na empresa. Não existem truques", pregava. Um entusiasta do empreendedorismo, Antônio Ermírio também era uma das vozes contrárias a medidas assistencialistas do governo, como deixou claro em entrevista a VEJA em novembro de 2003, ao final do primeiro ano de Lula no poder. "Acho péssimo quando vejo que a prioridade do governo é dar esmola, e não acabar com os entraves à criação de empregos", disparou.

Biografia – Nascido em 4 de junho de 1928, em São Paulo, Antônio Ermírio cursou engenharia metalúrgica no Colorado. Ao voltar para o Brasil, em 1949, teve como primeiro emprego um estágio não remunerado na Siderúrgica Barra Mansa, uma das empresas da família.  Em 1955, foi o responsável pela instalação da Companhia Brasileira de Alumínio.
Já na liderança do Grupo Votorantim, resolveu se aventurar na política, contra as recomendações de seu falecido pai, e concorreu ao governo de São Paulo, em 1986. Derrotado por Orestes Quércia, do PMDB, terminou em segundo lugar, com mais de 3,6 milhões de votos. Depois disso, só voltou a se envolver em política para declarar apoio a candidatos, como fez com José Serra na disputa contra Lula, em 2002.
Em 2001, aos 74 anos, deixou o conselho de administração do Grupo Votorantim e passou para os filhos o comando do conglomerado. Nos últimos anos, o empresário começou a sofrer do mal de Alzheimer.
Também dedicou boa parte de sua vida à filantropia, contribuindo com a Sociedade Beneficência Portuguesa e a Cruz Vermelha. Apesar de sua fortuna, Antônio Ermírio adotava uma estilo simples de vida que, entre outras coisas, incluía sua preferência por não utilizar automóveis zero quilômetro.


CNBB critica agronegócio e sugere limitar tamanho de propriedades rurais


Há muita coisa errada na agricultura brasileira na opinião da Igreja Católica, a começar pelo agronegócio, que seria um péssimo modelo de desenvolvimento ao concentrar riquezas e tornar o país um exportador de produtos primários. No documento “A Igreja e a questão agrária brasileira no início do século XXI”, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) defende, entre outras coisas, as ocupações de terra, a destinação de mais de um terço do território brasileiro para a reforma agrária e uma emenda constitucional que estabeleça um limite para o tamanho da propriedade rural.
Sobram críticas ao governo, que estaria sendo omisso e inerte para resolver os problemas do campo; e ao agronegócio, que estaria indo contra a vontade e o desígnio de Deus, além de ser uma ameaça ao meio ambiente e à segurança alimentar.
O documento da CNBB foi publicado em maio deste ano. Nele, a entidade diz que 310 milhões de hectares, dos 851 milhões que compõem o Brasil, foram aparentemente grilados ou cercados por pessoas que não são donas deles. Ou seja, 36,4% do território brasileiro deveriam ser destinados à reforma agrária. O documento diz ainda que é “necessário fortalecer a resistência contra todas as formas de violência que atingem a vida dos trabalhadores e suas famílias”, entre eles os despejos ilegítimos, “mesmo quando aparentemente legais”, e as arbitrariedades dos órgãos de segurança pública. Segundo a CNBB, as ocupações são uma forma legítima de pressão e a reforma agrária é a única resposta de fato eficaz e possível a isso, sendo “urgente, necessária e inadiável”.
O agronegócio é mencionado 22 vezes no texto, sempre numa abordagem negativa. Segundo a Igreja, houve, no século XXI, “recrudescimento das tendências excludentes da modernização agropecuária”, seguindo os “ditames da concentração do capital e do dinheiro no campo”. Segundo a CNBB, isso é acompanhado pelo aumento do conflito agrário, “alimentado pela omissão tácita ou explícita dos organismos governamentais encarregados da política fundiária (Incra, Ibama, Instituto Chico Mendes e Funai)”. Os quatro órgãos citados fazem parte da esfera federal.
Para a Igreja, o agronegócio seria inclusive contra os desejos de Deus. "Na doutrina social da Igreja, o processo de concentração da terra é julgado um escândalo, porque em nítido contraste com a vontade e o desígnio salvífico de Deus, enquanto nega a grande parte da humanidade o benefício dos frutos da terra. O agronegócio em desenvolvimento no Brasil não só reforça esta dimensão absolutista da propriedade em detrimento da sua função social, mas destrói a possibilidade de se ter um adequado espaço e equilíbrio nas decisões políticas de desenvolvimento, no que se refere aos pequenos produtores rurais e familiares", diz o documento.

CONDENAÇÃO DE TRANSGÊNICOS
Entre os problemas identificados pela CNBB no campo está o uso de sementes transgênicas. Além da preocupação com os riscos à saúde humana, a Igreja diz temer o "cartel das grandes empresas controladoras dos grãos", que ameaça a soberania e a segurança alimentar do povo e cria uma relação de dependência por parte dos produtores rurais. Outro problema, na opinião da CNBB, são os biocombustíveis que, em vez de avanço, representariam na verdade uma ameaça ao meio ambiente por exigir muitas terras para sua produção. Há ainda críticas ao uso de agrotóxicos pelo agronegócio. A CNBB pede também a atualização, pelo poder Executivo, dos índices de produtividade, que estariam baseados ainda nos dados do censo agropecuário de 1975. Aumentando o índice, mais terras seriam consideradas improdutivas e estariam aptas para a reforma agrária. A igreja defende ainda que os crimes de trabalho escravo e de assassinato em conflitos entre grandes e pequenos agricultores sejam julgados em âmbito federal, "distante das pressões de pessoas e grupos locais e estaduais".

Procurado, o Ministério da Agricultura informou que "não trata de questões agrícolas", o que seria uma atribuição do Ministério do Desenvolvimento Agrário. O ministério, por sua vez, disse apenas que não recebeu oficialmente o documento da CNBB. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), principal entidade do agronegócio, não deu retorno.


Comentário de Diego Casagrande:

Diego  Casagrande
CNBB (Igreja Católica) se alinha ao MST às vésperas da eleição para dizer que as "ocupações" são uma forma legítima de pressão. Ou seja, a velha esquerda traz de volta velhas bandeiras para levar medo e intranquilidade ao campo, um dos setores que ainda cresce e se desenvolve no país, apesar das oscilações da economia. Acho que isso não serve para eles...

sábado, 23 de agosto de 2014


Uso de jato que matou Eduardo Campos violava lei eleitoral
Avião está em nome de grupo de usineiros; legislação veda esse tipo de ajuda a candidatos

Uso eleitoral: O jato que servia a Eduardo Campos na campanha para a Presidência

O avião Cessna PR-AFA que caiu em Santos no último dia 13de agosto, matando o candidato à Presidência Eduardo Campos e mais seis pessoas, não poderia ter sido usado na campanha do PSB, segundo duas autoridades da Justiça Eleitoral ouvidas. Até hoje, o jato está registrado na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em nome da AF Andrade, um grupo de usineiros de Ribeirão Preto.
Pela resolução 23.406 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma empresa só pode doar produto ou serviço relacionado a suas atividades fins. Porém, não há registro de que a AF Andrade atue como empresa de táxi aéreo. Os gastos com o avião também não foram incluídos na primeira prestação de contas do PSB ao TSE.

RESOLUÇÃO IMPÕE RESTRIÇÃO
As restrições a transações como o empréstimo do avião de uma empresa privada aos candidatos do PSB estão previstas no artigo 23 da resolução 23.406. Pelo artigo, “bens e/ou serviços estimáveis em dinheiro doados por pessoas físicas e jurídicas devem constituir produto de seu próprio serviço, de suas atividades econômicas e, no caso dos bens permanentes, deverão integrar o patrimônio do doador”. Ou seja, uma empresa que não presta serviço aéreo não pode ceder avião para campanha eleitoral.
— A resolução é simples. Um posto de gasolina só pode doar gasolina, mas não pode doar papel. Empresas e pessoas só podem doar serviços e produtos de suas próprias atividades — explica um dos especialistas que trabalharam na definição das regras eleitorais.

PSB NÃO COMENTA USO DE AVIÃO
A regra visa impedir “transgressão” de doações para campanhas eleitorais. O Código Aeronáutico Brasileiro também contém restrições a empréstimo de aviões não destinados a aluguel. Campos, e também Marina Silva, que era vice de sua chapa e agora é a candidata à Presidência, vinham usando o Cessna PR-AFA desde a pré-campanha.
Na quinta-feira, 21 de agosto, a reportagem tentou falar com o coordenador financeiro da campanha do PSB, Henrique Costa. Segundo uma das assessoras de imprensa da campanha do PSB, os dirigentes do partido estavam em seguidas reuniões e não teriam como dar explicações.
A AF Andrade informou, por intermédio de seu advogado, Ricardo Tepedino, que o avião que vitimou Campos era oficialmente da Cessna, e estava arrendado para a empresa de Ribeirão Preto, a compradora numa operação de leasing. Segundo Tepedino, o preço da aeronave era de US$ 8,5 milhões (R$ 19,2 milhões). Desse total, a AF Andrade pagou até agora apenas US$ 450 mil.
Antes do acidente, segundo o advogado, o avião foi negociado com os empresários pernambucanos Apolo Santana Vieira e João Carlos Lyra, que chegaram a pagar oito parcelas do leasing para a empresa norte-americana. Até a data do acidente, porém, a Cessna não havia aprovado a transferência para os novos donos. Na condição de proprietária que arrendou o avião, a Cessna precisa dar o sinal verde para o negócio, disse o advogado.

DONOS NÃO TÊM EMPRESA AÉREA
A Bandeirantes Companhia de Pneus, que pertence a Apolo Vieira, de Recife, foi a empresa que submeteu o seu nome e documentos à Cessna para assumir o leasing no lugar da AF Andrade; o negócio teria sido comunicado à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Pela legislação eleitoral, Apolo e João Lyra não poderiam emprestar o avião para o PSB. Os dois não são proprietários de empresa de táxi aéreo. O PSB, como os demais partidos, tem até 4 de novembro para prestar contas à Justiça Eleitoral.

A Anac confirmou que recebeu os documentos da AF Andrade e também da Cessna e informou que está analisando as informações contidas nesses papéis. Os documentos, diz a Anac, também foram repassados à Polícia Federal para serem usados na investigação. “Reafirmamos que no Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) consta como proprietária da aeronave a Cessna Finance Export Corporation e como operadora e arrendatária a AF Andrade Emp. e Participações, sem qualquer solicitação de alteração nesse registro junto à agência”, diz a Anac em nota.

HÁ 50 PEDIDOS DE INDENIZAÇÃO
A Força Aérea Brasileira (FAB) está investigando as causas do acidente. A Polícia Civil de São Paulo e Polícia Federal também estão investigando o desastre. As duas polícias têm como outra tarefa identificar devidamente os verdadeiros donos do jato. A informação é importante para nortear ações e pedidos de indenização de moradores de Santos que tiveram algum tipo de prejuízo com o acidente. Pelo menos 50 pedidos de indenização já foram apresentados a polícia.

JURÍDICO DO PSB QUER ADIAR PRESTAÇÃO DE CONTAS
A equipe jurídica que assessora a candidata do PSB Marina Silva pretende não apresentar até o dia 2 de setembro a segunda prestação de contas de Eduardo Campos, presidenciável que morreu em acidente aéreo ocorrido no último dia 13. O advogado especialista em direito eleitoral Ricardo Penteado, que trabalhou para Eduardo Campos e agora está com Marina Silva, disse que, como o pessebista morreu, a prestação de contas sobre os últimos dias da campanha deverá ser apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apenas em novembro.
Há dúvidas sobre quem era o proprietário do jato Cessna Citation, que caiu em Santos. E uma decisão do staff jurídico nesse sentido adiará para novembro a revelação dos detalhes do acordo que permitiu a Eduardo Campos usar o avião na campanha. Mas ministros do TSE e técnicos do tribunal afirmam que mesmo com a morte de Eduardo Campos os dados têm de ser encaminhados ao tribunal até o próximo dia 2, quando todos os candidatos deverão apresentar a segunda prestação de contas parcial.
Apesar de essa ser a regra, um eventual descumprimento do prazo não deverá levar o TSE a punir o PSB. O máximo que poderá ocorrer é o Ministério Público Eleitoral reclamar da demora. E o tribunal, em seguida, poderá determinar ao partido que apresente as contas parciais. Pela legislação eleitoral brasileira, as campanhas têm de informar as receitas e despesas em três oportunidades à Justiça Eleitoral. A primeira prestação de contas teve de ser entregue ao TSE até o dia 2 de agosto. A segunda deverá ser apresentada de 28 de agosto a 2 de setembro. E a terceira e última terá de ser entregue até o dia 4 de novembro. Os candidatos que disputarem o segundo turno terão um prazo maior, até 25 de novembro.

De acordo com informações de técnicos do TSE, na primeira prestação parcial de contas da campanha de Eduardo Campos não existe nenhuma menção a gastos com aluguel de aeronave nem com compra de combustível para avião. Também não há informação sobre empréstimo de aeronave. Foi informado apenas gasto de R$ 127 mil com aquisição de passagens aéreas. Uma resolução aprovada em fevereiro deste ano pelo TSE estabelece que, se o candidato morrer, a obrigação de prestar contas, referente ao período em que realizou a campanha, será de responsabilidade de seu administrador financeiro ou, na sua ausência, “no que for possível”, da respectiva direção partidária. Além disso, a resolução estabelece que “os bens e/ou serviços estimáveis em dinheiro doados por pessoas físicas e jurídicas devem constituir produto de seu próprio serviço, de suas atividades econômicas e, no caso dos bens permanentes, deverão integrar o patrimônio do doador”.

É provável que isso provoque vários debates no TSE quando as contas forem julgadas e forem revelados os detalhes do uso do avião acidentado. A reportagem entrou em contato com o comitê de campanha de Eduardo Campos-Marina Silva, mas ninguém se manifestou.