Mujica adia para 2015 venda legal de maconha no Uruguai
O presidente uruguaio José Mujica |
O comércio de maconha em farmácias do Uruguai, regulamentado em maio,
deve começar apenas no ano que vem. Inicialmente, o governo esperava que
a droga começasse a ser vendida até o fim de 2014. Segundo o presidente
José Mujica, "dificuldades práticas" provocaram o adiamento.
"Se quisermos fazer tudo de qualquer jeito, é moleza. Assim como os
Estados Unidos estão fazendo", afirmou. "Se quisermos apressá-lo e o
fazemos mal, arrumamos problemas. Para nós, não é tirar a
responsabilidade e deixar que o mercado se ajeite. O mercado, se
deixarmos, vai tentar vender a maior quantidade possível de maconha",
disse Mujica, sem especificar exatamente quais são as dificuldades
práticas enfrentadas pelas autoridades.
Em maio, o governo havia apontado que uma das maiores preocupações é a
definição da quantidade de maconha consumida pelos usuários para
estabelecer quanto o Estado vai produzir. A ideia do governo é produzir
exclusivamente o necessário para o consumo interno.
A lei que regulamentou o mercado da maconha no Uruguai, aprovada pelo
Parlamento em dezembro passado, deixou nas mãos do Estado a tarefa de
controlar toda a cadeia produtiva, da importação de sementes à venda da
substância nas farmácias.
Inscritos em um registro e residentes no Uruguai poderão comprar até 10
gramas semanais de maconha (até o teto de 40 gramas mensais) ao preço de
20 a 22 pesos por grama (pouco mais de 2 reais) nas farmácias.
Ainda de acordo com a lei, a droga também poderá ser obtida por meio do
cultivo próprio (máximo de seis mudas por casa), pelo consumo em "clubes
canábicos" com até 45 sócios (em que o consumo anual máximo será de 480
gramas anuais por sócio). Ninguém poderá plantar a erva para vender.
Além disso, o consumo, a produção e a venda serão restritos para
uruguaios maiores de 18 anos ou residentes permanentes. Todos deverão se
registrar em uma das categorias do Instituto de Regulação e Controle da
Cannabis (Irca). A restrição da compra para estrangeiros quer evitar
uma espécie de "turismo da erva". Ainda assim, críticos da lei apontaram
que existe o risco de aparecer um mercado paralelo de venda para
estrangeiros.
O governo plantará até cinco variedades diferentes de maconha, contendo
um nível máximo de 15% de THC, substância responsável pelos efeitos da
erva. Já os clubes e os cultivadores autônomos poderão ter as variedades
que quiserem.
Cada embalagem vendida pelo governo terá um código de barras e será
registrada em um banco de dados que permitirá às autoridades rastrear a
origem e determinar sua legalidade.
A maconha será taxada por meio de um imposto para produtos
agropecuários, que será recolhido no departamento (Estado) uruguaio onde
se deu a produção. No entanto, a venda da droga não será taxada com um
imposto que é cobrado para bebidas alcoólicas e o tabaco. Advogados
tributaristas ouvidos afirmam que esse regime tributário é favorável à
maconha.
Com isso, o Uruguai deve se transformar no primeiro país do mundo a
estabelecer um mercado nacional com regras para o cultivo, a venda e o
uso da droga. Críticos da lei apontam que, apesar das precauções do
governo, existe o risco de aparecer um mercado paralelo de venda para
estrangeiros.
A regulamentação
Funcionamento
Cidadãos uruguaios maiores de 18 anos poderão se registrar para comprar e
plantar a maconha. Estrangeiros não poderão comprar a erva.
O papel do Estado
O governo uruguaio vai fiscalizar toda a cadeia produtiva da erva e vai
ser o responsável pela produção para venda em farmácias. O governo deve
plantar até 10 hectares para produzir entre 18 e 22 toneladas de
produto.
Consumo
Os uruguaios poderão optar por uma entre três opções para consumir:
plantar até seis mudas por casa; comprar até dez gramas por semana nas
farmácias; ou se associar a um “clube” e consumir no máximo 480 gramas
por ano. Indivíduos não poderão vender a droga.
Registro
Os consumidores serão registrados por impressão digital. Quando
comprarem na farmácia terão apenas que colocar o dedo em um leitor.
Preço
Cada grama da maconha será vendido por 20 a 22 pesos uruguaios (pouco mais de 2 reais).
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