terça-feira, 8 de julho de 2014


Tanques nas ruas

Beatriz  Portugal
Eles viajaram por terra e mar e chegam essa semana a Londres em meio a muita controvérsia. Os três tanques com canhões de água adquiridos pela prefeitura da capital britânica para controlar multidões vem sido debatidos desde os protestos que assolaram diversas cidades inglesas em 2011.
Apesar do parlamento não ter aprovado o uso do equipamento, a polêmica por conta de sua segurança – ou falta dela – promete intensificar agora que a polícia londrina está a um passo de ter os canhões de água à sua disposição para uso nas ruas da cidade. Atualmente, o uso de canhões de água não é permitido na Inglaterra e no País de Gales, mas são usados na Irlanda do Norte.
O equipamento foi comprado usado da polícia alemã, que resolveu aposentá-lo por questões de segurança após um manifestante ficar cego ao ser atingido por um jato d’água durante um protesto em Stuttgart em 2011.
Quando questionada sobre o porquê da polícia londrina querer comprar equipamentos que a Alemanha considera perigosos, a prefeitura garantiu que os canhões são “adequados” e que só serão usados em casos de “extrema necessidade”.
Os canhões, comprados por £218 mil (cerca de 800 mil reais), passarão por controles de segurança e algumas modificações serão feitas nos veículos, incluindo a instalação de câmeras. Além disso, mais de 200 policiais serão treinados em como usar o equipamento com segurança.

Boris Johnson, prefeito de Londres

A compra vem apenas duas semanas depois que o prefeito de Londres, Boris Johnson, concordou publicamente em ser atingido pelo jato de água de um dos canhões para provar que o uso deles é seguro.
Em entrevista a uma rádio, Johnson foi questionado se concordava em virar alvo e, de início, disse que estava “preparado para fazer qualquer coisa, dentro da razão, para mostrar que [os canhões] são seguros” mas que “não estou certo se quero ficar diante de um canhão de água.” Logo depois mudou de opinião e cedeu: “Ok, um homem ou um rato. Você me desafiou e suponho que terei que fazer isso agora... Imagino meus assessores de imprensa arrancando os cabelos por causa disso, mas não importa, é preciso fazer isso. Obrigado por essa”, disse o prefeito ao apresentador.
Muitos londrinos têm manifestado grande interesse em testemunhar o encontro entre prefeito e jato d’água, tanto que há até a sugestão brincalhona de que se ingressos fossem vendidos, poderiam gerar renda suficiente para se construir novos hospitais, escolas e casas suficientes para abrigar a maioria da população.
Resta ver se o prefeito vai cumprir a promessa de se deixar ser atingido por um jato de água para comprovar a sabedoria de sua compra. Quem sabe Johnson, conhecido por seu histórico de tomar decisões pouco ortodoxas, comece uma nova onda na qual políticos se sujeitam às medidas controversas que eles próprios criam e apoiam.

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