2014, o ano que já começou
O senador mineiro Aécio Neves, provável candidato tucano à Presidência, fez uma bobagem de que já deve ter se arrependido: negou-se ao teste do bafômetro quando foi parado pela polícia carioca. Abriu campo para que se pense qualquer coisa a seu respeito.
Já o uso de carta de motorista vencida tem menos repercussão: muita gente esquece a data de renovação e compreende a falha do senador.
Mas o incidente do Rio abriu a temporada de caça a Aécio: os adversários de 2014 buscam enfraquecê-lo desde já.
Imediatamente após o caso do bafômetro, surgiu o caso da rádio Arco-Íris, dona do carro Land Rover que Aécio guiava. O ex-governador mineiro é sócio minoritário da rádio, controlada por sua irmã, Andréa.
Mas, como senador, pode participar de uma emissora de rádio? Legalmente, não, embora muita gente no Congresso seja dona de rádio e TV. Mas é sempre disfarçado: as emissoras são “da família” (como o império dos Sarney no Maranhão), de empregados que nem sabem o que fazem e de amigos (conhecidos, no grosseiro linguajar da política federal, como “laranjas”).
Já surgiu também, na hora, a foto do jatinho executivo que Aécio usa habitualmente, e que pertence a algum empresário amigo. O PT- GAF é um belo Hawker 800, de fabricação recente, produzido pela British Aerospace. Seu preço divulgado é de aproximadamente 15 milhões de dólares, dependendo do acabamento interno.
O objetivo é mostrar que Aécio não dá muita bola para as leis, aceita favores de amigos ricos, vive folgadamente. Um playboy, não um presidente.
Duas dúvidas…
1. Por que se divulga que a Land Rover de Aécio custa mais de R$ 300 mil, quando pouco ultrapassa os R$ 100 mil?
2. Haverá alguma relação entre a operação policial que flagrou Aécio num Estado governado por aliados do PT e o fato de ser candidato do PSDB?
… e uma certeza
Aécio é jovem. Se for candidato em 2026, o assunto do bafômetro continuará sendo levantado. Seus adversários do PT são persistentes e organizados. Mas não deixa de ser engraçado que justo o PT vá implicar com o bafo dos outros.
PS: Sobre o questionamento apresentado na coluna de Carlos Brickmann referente à presença do senador Aécio Neves na sociedade Rádio Arco Iris Ltda., a assessoria do senador Aécio Neves (PSDB-MG) informa que, sendo ele sócio minoritário sem poder de gerência ou administração da emissora, não há qualquer impedimento sobre sua participação iniciada em dezembro passado.
A participação como proprietário de cotas, na qual ele não exerce função de gerência, não está elencada entre as proibições que a Constituição impõe a deputados e senadores.
O artigo que trata do tema:
“Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
I – desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis “ad nutum”, nas entidades constantes da alínea anterior;
II – desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis “ad nutum”, nas entidades referidas no inciso I, “a”;
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, “a”;
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.”
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