HERANÇA: Conta de luz terá aumento no próximo ano
custos de até R$ 88 bilhões serão repassados ao consumidor
custos de até R$ 88 bilhões serão repassados ao consumidor
A conta de luz do consumidor pode ter que arcar com um aumento de até R$
88 bilhões no próximo ano, segundo cálculo da Abrace (associação que
reúne grandes consumidores de energia, como indústrias).
Esse valor vem de diversas fontes. Uma delas é a privatização da Eletrobras.
O projeto de lei que hoje tramita no Senado Federal e que busca
transferir débitos das distribuidoras da estatal à conta de luz pode
impactar em ao menos R$ 5 bilhões.
Além disso, a estatal cobra do governo que a União arque com os custos
das distribuidoras durante o período em que operam como designadas — uma
extensão temporária das concessões enquanto as empresas não são
vendidas. O valor somaria R$ 11 bilhões.
“Somos favoráveis à privatização das distribuidoras, o que nos preocupa
são os custos”, afirma o presidente da associação, Edvaldo Santana, que
já foi diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Além disso, há gastos com as obras da usina nuclear de Angra 3, que está
paralisada. Segundo a entidade, são R$ 15 bilhões já gastos e que podem
ir para a conta de luz, além de outros R$ 17 bilhões que seriam
necessários para concluir a obra.
“Não faz sentido, por mais que energia nuclear seja oportuna nesse
momento. O dinheiro precisa ser considerado como perda. Por que o
consumidor sempre precisa pagar pelas perdas?”, diz Santana.
Entre as propostas que a entidade apresentou aos candidatos à
presidência estão a redução em intervenções no setor elétrico e o corte
de subsídios.
Um dos principais subsídios criticados é aquele dado às fontes
renováveis, cujo custo caiu fortemente no último ano, dando mais
competitividade aos empreendimentos. “Não sei se ainda faz sentido [dar
esse apoio]”, afirma.
“Mais da metade [dos gastos transferidos à conta de luz] pode ser
reduzido sem grande esforço, só com um pouco de racionalidade. Mas, só
se não deixar crescer, já é coisa para caramba.”
Santana também chama a atenção à escalada de custos com o combustível
utilizado por usinas térmicas em regiões isoladas, onde não há linhas de
transmissão que possam mandar energia de outras fontes.
Esse gasto é um dos principais impactos na conta de luz e mais do que dobrou desde 2011, diz ele.
Hoje, o estado de Roraima é o único que não tem nenhuma ligação com o
sistema elétrico do país e depende em grande parte de energia vinda da
Venezuela. Na terça-feira (04.set.2018), a Aneel anunciou um forte
aumento das transferências de recursos com esse gasto por conta da crise
no país vizinho.
A linha de transmissão que ligaria o estado ao sistema do país está travada por conta de problemas no licenciamento ambiental.
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