quarta-feira, 31 de agosto de 2016

REPERCUSSÃO INTERNACIONAL DO IMPEACHMENT




Analistas especializados em Brasil na Europa consideram que, ao menos por ora, o impeachment não representa o final da crise política interna, nem a retomada da atratividade econômica do país em relação a investidores estrangeiros. Para os experts, a queda de Dilma Rousseff encerra um ato da turbulência, mas não garante que o presidente Michel Temer conseguirá estabilizar o país nos próximos meses, em meio à operação Lava Jato e eleições.

Para François-Michel Le Tourneau, geógrafo do Instituto de Estudos da América Latina (IHEAL), de Paris, a destituição de Dilma Rousseff representa também a derrocada do Partido dos Trabalhadores (PT), ao menos temporária. Por outro lado, não significa que Michel Temer comandará um governo estável. "O país está longe de ser estável. A capacidade de Temer de estabilizá-lo não é evidente, ainda mais no contexto da operação Lava Jato, que ainda derrubará ministros e parlamentares", entende Le Tourneau. "Esse episódio chegou ao fim, mas a crise política não."

O economista, consultor e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega afirmou que o presidente da República Michel Temer terá uma tarefa difícil de salvar o País do desastre fiscal ocorrido nos últimos anos do mandato da presidente cassada Dilma Rousseff (PT) e sem ter a ainda a legitimidade no cargo. "Temer tem uma tarefa difícil, porque precisa salvar o País de um desastre fiscal sem paralelo e sem ter legitimidade. A ascensão ao poder é legal, mas a legitimidade se dará ao longo do tempo", disse o ex-ministro.

O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon divulgou na tarde de quarta-feira (31.ago.2016) uma nota sobre o impeachment de Dilma Rousseff. No texto, ele agradece o "comprometimento e apoio" da petista às Nações Unidas e enviou seus "melhores desejos" ao presidente Michel Temer.

CNN — Ao falar do impeachment de Dilma Rousseff em sua versão online, a CNN se referiu à origem ideológica da presidente cassada como 'marxista' e relembrou seu passado de lutas contra o regime de repressão ditatorial no Brasil. O jornal ressaltou, também, os conflitos políticos que se espalharam pelo País durante o processo de impedimento.

The Guardian — O jornal britânico destacou o afastamento definitivo de Dilma Rousseff e reiterou o processo como reflexo da perda de apoio da presidente cassada diante da sua base aliada.

The New York Times — O NYT comentou as principais razões para o impeachment, entre elas a movimentação de recursos públicos e os casos de corrupção descobertos durante o governo de Dilma Rousseff.

El Pais — A versão espanhola do jornal El País se referiu ao processo de impeachment como 'interminável' e 'labiríntico' e o enfatizou como a troca de governo mais 'traumática e esquizofrênica' da história do Brasil.

Der Spiegel — A revista alemã faz um perfil do novo presidente do Brasil, Michel Temer, e fala sobre o seu primeiro compromisso oficial, a reunião do G-20 na China.

Le Monde — O periódico francês Le Monde noticiou a queda da presidente cassada Dilma Rousseff e destacou a posse 'imediata' do novo presidente Michel Temer.

El Clarín — O jornal argentino deu destaque ao discurso de Dilma Rousseff após a decisão do Senado, no qual a presidente cassada se declarou vítima de um golpe.

Washington Post — O jornal norte-americano chamou atenção para a reação de alguns senadores, que cantaram o Hino Nacional quando o resultado definitivo do impeachment foi anunciado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski.

BBC — A rede britânica BBC observou em seu site que Dilma perdeu o cargo por manipular o orçamento do país. "Isso coloca fim a 13 anos no poder do esquerdista Partido dos Trabalhadores. Rousseff nega as acusações."

O presidente Michel Temer embarcou há instantes rumo a China, onde participa do encontro do G-20 e de outros compromissos, como reuniões bilaterais. Estão no avião presidencial os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e das Relações Exteriores, José Serra, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, além de alguns parlamentares.
O avião presidencial — um Airbus A319 — possui uma suíte para Temer, além de uma espécie de ala vip, com cadeiras e mesas de escritório para reuniões. A primeira-dama, Marcela Temer, não acompanha o marido em sua primeira viagem como presidente efetivado. Há pouco, durante reunião ministerial, Temer afirmou que não estava viajando para a China "a passeio" e que a comitiva brasileira quer mostrar ao mundo que é um governo legítimo.




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