REPERCUSSÃO INTERNACIONAL DO IMPEACHMENT
Analistas especializados em Brasil na Europa consideram que, ao menos
por ora, o impeachment não representa o final da crise política interna,
nem a retomada da atratividade econômica do país em relação a
investidores estrangeiros. Para os experts, a queda de Dilma Rousseff
encerra um ato da turbulência, mas não garante que o presidente Michel
Temer conseguirá estabilizar o país nos próximos meses, em meio à
operação Lava Jato e eleições.
Para François-Michel Le Tourneau, geógrafo do Instituto de Estudos da
América Latina (IHEAL), de Paris, a destituição de Dilma Rousseff
representa também a derrocada do Partido dos Trabalhadores (PT), ao
menos temporária. Por outro lado, não significa que Michel Temer
comandará um governo estável. "O país está longe de ser estável. A
capacidade de Temer de estabilizá-lo não é evidente, ainda mais no
contexto da operação Lava Jato, que ainda derrubará ministros e
parlamentares", entende Le Tourneau. "Esse episódio chegou ao fim, mas a
crise política não."
O economista, consultor e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega
afirmou que o presidente da República Michel Temer terá uma tarefa
difícil de salvar o País do desastre fiscal ocorrido nos últimos anos do
mandato da presidente cassada Dilma Rousseff (PT) e sem ter a ainda a
legitimidade no cargo. "Temer tem uma tarefa difícil, porque precisa
salvar o País de um desastre fiscal sem paralelo e sem ter legitimidade.
A ascensão ao poder é legal, mas a legitimidade se dará ao longo do
tempo", disse o ex-ministro.
O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon divulgou na tarde de quarta-feira
(31.ago.2016) uma nota sobre o impeachment de Dilma Rousseff. No texto,
ele agradece o "comprometimento e apoio" da petista às Nações Unidas e
enviou seus "melhores desejos" ao presidente Michel Temer.
CNN — Ao falar do impeachment de Dilma Rousseff em sua versão online, a
CNN se referiu à origem ideológica da presidente cassada como 'marxista'
e relembrou seu passado de lutas contra o regime de repressão
ditatorial no Brasil. O jornal ressaltou, também, os conflitos políticos
que se espalharam pelo País durante o processo de impedimento.
The Guardian — O jornal britânico destacou o afastamento definitivo de
Dilma Rousseff e reiterou o processo como reflexo da perda de apoio da
presidente cassada diante da sua base aliada.
The New York Times — O NYT comentou as principais razões para o
impeachment, entre elas a movimentação de recursos públicos e os casos
de corrupção descobertos durante o governo de Dilma Rousseff.
El Pais — A versão espanhola do jornal El País se referiu ao processo de
impeachment como 'interminável' e 'labiríntico' e o enfatizou como a
troca de governo mais 'traumática e esquizofrênica' da história do
Brasil.
Der Spiegel — A revista alemã faz um perfil do novo presidente do
Brasil, Michel Temer, e fala sobre o seu primeiro compromisso oficial, a
reunião do G-20 na China.
Le Monde — O periódico francês Le Monde noticiou a queda da presidente
cassada Dilma Rousseff e destacou a posse 'imediata' do novo presidente
Michel Temer.
El Clarín — O jornal argentino deu destaque ao discurso de Dilma
Rousseff após a decisão do Senado, no qual a presidente cassada se
declarou vítima de um golpe.
Washington Post — O jornal norte-americano chamou atenção para a reação
de alguns senadores, que cantaram o Hino Nacional quando o resultado
definitivo do impeachment foi anunciado pelo presidente do Supremo
Tribunal Federal Ricardo Lewandowski.
BBC — A rede britânica BBC observou em seu site que Dilma perdeu o cargo
por manipular o orçamento do país. "Isso coloca fim a 13 anos no poder
do esquerdista Partido dos Trabalhadores. Rousseff nega as acusações."
O presidente Michel Temer embarcou há instantes rumo a China, onde
participa do encontro do G-20 e de outros compromissos, como reuniões
bilaterais. Estão no avião presidencial os ministros da Fazenda,
Henrique Meirelles, e das Relações Exteriores, José Serra, e o
presidente do Senado, Renan Calheiros, além de alguns parlamentares.
O avião presidencial — um Airbus A319 — possui uma suíte para Temer,
além de uma espécie de ala vip, com cadeiras e mesas de escritório para
reuniões. A primeira-dama, Marcela Temer, não acompanha o marido em sua
primeira viagem como presidente efetivado. Há pouco, durante reunião
ministerial, Temer afirmou que não estava viajando para a China "a
passeio" e que a comitiva brasileira quer mostrar ao mundo que é um
governo legítimo.
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