Como presidente, Temer não pode ser investigado
por atos fora do mandato
por atos fora do mandato
Michel Temer |
A efetivação de Michel Temer como presidente da República traz
consequências jurídicas para o peemedebista: a partir de agora, ele não
pode ser alvo de investigação penal até o fim do seu mandato, a não ser
cometa crime no exercício das funções.
Por uma interpretação de dispositivo da Constituição, o presidente da
República não pode ser investigado por atos estranhos ao exercício da
função durante a vigência do mandato. Ou seja, enquanto estiver à frente
do Palácio do Planalto, Temer só pode ser investigado se houver
suspeita de crime em atividade relacionada às suas funções como
presidente. Eventual apuração só pode ser feita após o fim do mandato.
A impossibilidade de investigação é uma crítica de petistas no curso do
processo de impeachment. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) tem
defendido que a destituição de Dilma servirá como uma “blindagem” para o
presidente da República, Michel Temer.
“É importante que cada senador aqui saiba: se a gente afasta a
presidente Dilma, o Temer está blindado, não pode ser investigado. Isso
está na nossa Constituição. E eu digo mais: ele também é presidente do
PMDB. Têm várias acusações ao PMDB. Ele está blindando investigações
também do seu partido.Todo mundo tem que ser investigado, PT, PSDB,
PMDB. Agora, na votação disso aqui hoje, nós estamos blindando um
presidente que já foi citado várias vezes e que tem que ser
investigado”, disse o petista, em sessão na semana passada.
Lava Jato — O nome de Temer já foi mencionado em delações
premiadas da Operação Lava Jato. O ex-presidente da Transpetro Sérgio
Machado chegou a dizer que o peemedebista esteve envolvido em um pedido
de recursos ilícitos para a campanha de Gabriel Chalita (à época no
PMDB) à prefeitura de São Paulo em 2012. O ex-senador Delcídio Amaral
também mencionou o nome de Temer em delação premiada. Delcídio falou que
o peemedebista teria “apadrinhado” dois investigados na Operação Lava
Jato à BR Distribuidora, subsidiária da Petrobrás, e à própria estatal.
Todas as menções não se referem a atos relativos ao exercício da
presidência da República.
Dilma — Em março de 2015, o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, decidiu não investigar a presidente Dilma Rousseff apesar
da menção ao nome dela por um dos delatores da Lava Jato. Na ocasião,
Janot destacou que não seria possível investigar a presidente por atos
estranhos ao exercício da função.
Dilma virou alvo de um pedido de abertura de inquérito em maio de 2016,
no entanto, por práticas relacionadas à presidência. Janot entendeu que
há uma “trama” que indica tentativa de atrapalhar as investigações da
Operação Lava Jato e envolvem Dilma.
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