sexta-feira, 12 de junho de 2015


Camargo Corrêa não acha provas de consultoria de Dirceu

A Camargo Corrêa informou à Justiça federal no Paraná que não encontrou relatórios, documentos ou provas que comprovem as consultorias prestadas pela empresa do ex-ministro José Dirceu, a JD Assessoria e Consultoria, para a empreiteira.
A empresa de Dirceu recebeu R$ 900 mil da Camargo Corrêa.
O ex-ministro já disse que prestou consultorias para a empresa em Portugal, onde a Camargo Corrêa estava interessada na compra de uma produtora de cimento, e na Venezuela.
O pedido de comprovação havia sido feito em março pelos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato.
A suspeita dos investigadores é que os contratos de consultoria serviram para dar uma aparência legal ao repasse de propina – o que Dirceu nega enfaticamente.

Trecho do contrato firmado entre a Camargo Corrêa e empresa do ex-ministro José Dirceu

Comprovantes dos pagamentos à JD Assessoria e Cunsultoria, empresa de José Dirceu 

Dois altos executivos da Camargo que fizeram acordo de delação premiada contaram que a empreiteira pagou R$ 67,7 milhões a empresas de consultoria do lobista Julio Camargo e que nenhum serviço foi prestado. O montante, segundo os delatores, foi usado para pagamento de suborno em contratos da Petrobras.
Os executivos que fizeram essa revelação são Dalton Avancini e Eduardo Leite, respectivamente ex-presidente e ex-vice presidente da empreiteira.
Os pagamentos da Camargo a Dirceu foram feitos entre 2010 e 2011. A compra da cementeira pela Camargo em Portugal não foi fechada na época, mas dois anos depois, segundo o advogado Roberto Podval, que defende o ex-ministro.
Entre 2006 e 2013, a empresa de consultoria de Dirceu recebeu R$ 39,1 milhões. Outras empresas investigadas na Lava Jato, como a OAS, UTC e Engevix, também fizeram pagamentos ao ex-ministro.
A empresa de Dirceu continuou faturando mesmo quando ele estava preso em Brasília, após ter sido condenado a sete anos e 11 meses de prisão no processo do mensalão.
Dirceu foi preso em 15 de novembro de 2013, ficou 354 dias numa penitenciária em Brasília e desde 4 de novembro do ano passado cumpre prisão domiciliar e trabalha num escritório de advocacia.

OUTRO LADO
Podval diz que é equivocada a ideia de que a ausência de provas materiais significa que Dirceu não prestou os serviços para os quais foi contratado. "Não tem provas porque esse tipo de consultoria não tem um trabalho físico, como um relatório, a ser apresentado. É um tipo de aconselhamento para a empresa".
Segundo Podval, Dirceu viajou ao menos cinco vezes para Portugal e outras cinco para a Venezuela para ajudar em negócios da Camargo nesses países. "A gente tem a comprovação de que o Dirceu estava nos locais onde a Camargo buscava novos negócios".
Em nota, a empreiteira disse que "está prestando os esclarecimentos necessários às autoridades competentes sobre os serviços prestados."


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