Governo retoma práticas que dão em Lava Jato
A reiteração de grandes escândalos — o petrolão sucedendo o mensalão —
significa que o governo não aprende com seus erros. Em vez de buscar o
caminho da moralidade, afunda-se nos velhos vícios. Politicamente
enfraquecida, Dilma Rousseff reativou o toma-lá-dá-cá em pleno governo
de continuidade. Levou ao balcão uma centena de cargos. E cuida para que
os chefes partidários sintam-se contemplados com “espaços” na
administração pública. Pode não dar em nada. Mas esse é justamente o
tipo de prática que costuma desaguar em operações como a Lava Jato.
Na terça-feira (19.maio.2015), o senador Ciro Nogueira (PI), presidente
do PP federal, emplacou o ex-deputado federal Felipe Mendes na
presidência da Codevasf, a Cia. de Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e do Parnaíba. Foi uma espécie de prêmio de consolação.
Nogueira ambicionava a presidência do Banco do Nordeste. Mas para essa
cadeira Dilma nomeou o economista Marcos Holanda.
Trata-se de um apadrinhado do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira
(CE). Marcos Holanda tomou posse há cinco dias. Ao discursar, agradeceu
sua nomeação a Dilma, ao ministro Joaquim Levy e a Eunício, cuja
malograda campanha ao governo do Ceará ele coordenou, no ano passado. A
coisa começa assim. Se desandar, os padrinhos renegam os afilhados. E a
madrinha diz “eu não sabia”.
Suprema ousadia: eleita com a promessa de transformar o Brasil, Dilma
torna o país cada vez mais igual ao que sempre foi. E fica moralmente
cada vez mais parecida com Lula, em cuja administração a Petrobras foi
ao balcão. Muitos críticos do sistema sustentam que os partidos não têm
jeito. Verdade. Mas essa não é a principal encrenca. O problema começa
em quem oferece vantagens. PMDB, PP e congêneres apenas jogam o jogo que
lhes foi proposto. Nesse ritmo, Dilma acaba extinguindo o direito do
brasileiro de ser otimista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário