Câmara começa votar a reforma política
Após descartar o trabalho da comissão especial que debateu o tema nos
últimos quatro meses, o plenário da Câmara começará a votar nesta
terça-feira (26.maio.2015) sua proposta de reforma política.
Dois pontos terão prioridade para a votação no plenário
O primeiro trata da mudança do atual sistema de eleição dos deputados, o
proporcional, para os modelos conhecidos como distritão ou
distrital-misto. O distritão é a bandeira do PMDB. Já o distrital-misto é
defendido pelo PSDB e pelo PT, que por falta de apoio abandonou sua
proposta original, a do voto em lista fechada de candidatos.
O modelo atual, o proporcional, leva em conta toda a votação dada nos
candidatos de um partido ou coligação, além do voto na legenda, para
distribuir as 513 cadeiras da Câmara dos Deputados. No distritão, são
eleitos os mais votados em cada Estado. O distrital-misto elege metade
dos candidatos pelo sistema atual (a partir de uma lista fechada de
candidatos definida pelos partidos) e a outra metade pelo voto
majoritário por região dos Estados.
O chamado voto em lista fechada, que era defendido pelo PT, não tem
chance de aprovação. Nele, o eleitor vota em uma lista de candidatos
definida previamente pelos partidos políticos.
O distritão é criticado por quase toda a ciência política por fragilizar
ainda mais os partidos e dificultar a já trabalhosa eleição de
representantes de minorias para o Congresso.
O segundo ponto diz respeito ao financiamento das campanhas, que hoje é
público e privado. A maioria dos deputados defende a proposta da
manutenção desse modelo, com algumas travas extras, e a sua inclusão na
Constituição.
Isso tem como objetivo barrar a inclinação do Supremo Tribunal Federal
de proibir as empresas de doarem para candidatos. A proposta da
constitucionalização das doações privadas tem amplo apoio na Câmara, com
exceção do PT, que defende o financiamento exclusivamente público das
campanhas.
Além do sistema eleitoral e do financiamento das campanhas, a Câmara
votará a manutenção ou não da reeleição no Executivo, a alteração no
tamanho dos mandatos (com pouquíssima chance de mudança), a unificação
das eleições a cada quatro anos (hoje ela ocorre de dois em dois anos), a
instituição de cota para mulheres nos cargos eletivos, o fim das
coligações de partidos nas eleições de deputados e vereadores e regras
para barrar a proliferação de partidos nanicos.
Como se trata de emenda à Constituição, qualquer dessas alterações
precisa do voto de pelo menos 308 deputados (60% do total), em dois
turnos de votação. As medidas têm que passar ainda pelo Senado, também
com apoio mínimo de 60% da Casa.
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