Desemprego no país sobe para 7,4% no trimestre, maior taxa desde 2013
A taxa de desemprego no Brasil avançou no trimestre encerrado em
fevereiro para 7,4%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad Contínua) divulgada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). É a maior taxa desde o trimestre
encerrado em junho de 2013, quando também fechou em 7,4%. Em janeiro, o
indicador havia ficado em 6,8%.
A série histórica da pesquisa com resultados para trimestres encerrados
mês a mês teve início em janeiro de 2012. O IBGE apresenta o cálculo em
trimestre móvel, pois a metodologia de coleta e cálculo da pesquisa
impede isolar os dados apenas de um mês.
Segundo o instituto, a renda média real do trabalhador foi de R$ 1.817,
1,1% maior do que em igual período de 2014. Já a massa de renda real
habitual paga aos ocupados somou R$ 162 bilhões, alta de 2,2% na mesma
base de comparação.
Entre janeiro e fevereiro, no entanto, a massa de rendimento real
mostrou tendência de queda, decorrente do número menor de pessoas
ocupadas, comentou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento
do IBGE.
No trimestre até fevereiro, a massa de renda real somou R$ 162,271
bilhões, abaixo do observado nos três meses até janeiro (R$ 163,076
bilhões). "No período mais curto, a massa de renda começa a apresentar
leve tendência de queda. Isso tem a ver com a queda na ocupação",
afirmou Azeredo.
Crise chega ao emprego
O resultado da Pnad mostra que os efeitos do esfriamento da economia
chegou de forma efetiva ao mercado de trabalho. A avaliação é do
economista da RC Consultores Marcel Caparoz, para quem a tendência é de
uma deterioração maior do emprego.
Para o ano que vem, a seguir o ritmo atual de desemprego, a taxa deverá
subir para 8%, prevê o economista. "A renda das famílias está diminuindo
e as pessoas que estavam entrando no mercado de trabalho mais velhas
passaram a procurar emprego", disse o economista.
Segundo Caparoz, um exemplo que ilustra bem a tese é a comparação do
total de vagas abertas em 2010, de 2,4 milhões, com o total de novos
postos de trabalho abertos no ano passado, de apenas cerca de 400 mil,
segundo o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged).
"São mais pessoas disputando um número de vagas bem menor", diz,
reiterando que esta dinâmica tende a piorar já que tudo indica que a
renda das famílias vai apertar ainda mais daqui para frente.
Caparoz reconhece que não se pode desconsiderar as influências sazonais
que a taxa de desemprego no trimestre terminado em fevereiro carrega.
Por outro lado, de acordo com ele, não se pode também desconsiderar que
de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014 a taxa de desemprego subiu 0,6
ponto porcentual - de 6,8% para os atuais 7,4%.
"A seguir neste mesmo ritmo, a taxa de desemprego no trimestre terminado
em fevereiro de 2016 irá para 8%", reafirma o economista. Para ele, o
melhor momento para o emprego foi 2014, já que em 2012 a taxa de
desemprego foi de 7,8%, em 2013 de 7,7%.
Desocupados
De acordo com o IBGE, a procura por trabalho aumentou no trimestre
encerrado em fevereiro de 2015, mas parte desse contingente não
conseguiu uma vaga. A Pnad Contínua mostra que, nos três meses até
fevereiro deste ano, a população na força de trabalho aumentou 1,6% em
relação a igual período de 2014, o que significa 1,596 milhão de pessoas
a mais.
Porém, a população desocupada foi engrossada por 778 mil pessoas, alta
de 11,7% em relação ao trimestre até fevereiro do ano passado.
O emprego também aumentou no período. Ao todo, 818 mil pessoas
conseguiram trabalho no trimestre até fevereiro de 2015, alta de 0,9% em
relação a igual período de 2014. Mas o nível da ocupação caiu para
56,4% - 0,6 ponto porcentual a menos, na mesma base de comparação.
Já a inatividade subiu 2,4% no período, com 1,504 milhão de pessoas a
mais. A Pnad Contínua analisa a população de 14 anos ou mais.
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