quinta-feira, 26 de março de 2015


Um dos pilotos da Germanwings ficou preso fora da cabine

Caixa preta do avião foi encontrada danificada

Um dos pilotos deixou a cabine do Airbus 320 da Germawings pouco antes da queda com 150 pessoas a bordo, segundo o jornal "The New York Times".
A informação, divulgada na noite de quarta-feira (25.mar.2015), é a primeira pista concreta sobre as causas do acidente ocorrido nos Alpes franceses na última terça-feira (24.mar.2015).
De acordo com o jornal americano, trechos do áudio da caixa-preta apontam que um dos pilotos deixou a cabine e não conseguiu entrar novamente.
Segundo a reportagem, é possível ouvir o piloto batendo na porta para retornar, mas sem obter resposta de quem está do lado de dentro.
A reportagem cita uma fonte militar da investigação na França e diz que os dois pilotos conversaram normalmente no começo do voo, que fazia o trecho entre Barcelona (Espanha) e Düsseldorf (Alemanha).
O áudio, então, indica que um dos pilotos deixou a cabine e não retornou. "O cara do lado de fora bate à porta delicadamente e não há resposta", disse ao "NYT". "Ele então bate com mais força e não há resposta. Não há mais resposta."
"Pode-se ouvir ele tentando derrubar a porta", completou o investigador, que pediu anonimato.
Apesar de dar alguma pista sobre as possíveis razões que levaram à queda do avião, as gravações também levantam mais dúvidas.
"Não sabemos ainda por que um dos pilotos saiu", disse a fonte. "Mas o que temos certeza é de que, nos últimos instantes do voo, o outro piloto está sozinho na cabine e não abre a porta."
As autoridades anunciaram na quarta-feira (25.mar.2015) que haviam recuperado os áudios da caixa-preta.


ESTOJO
A outra caixa-preta, porém, que registra os dados do voo, permanece desaparecida – apenas o estojo que a envolvia foi achado.
Espera-se que o material recuperado ajude a esclarecer o principal mistério que cerca a tragédia: por que os pilotos não emitiram alerta de emergência nem responderam a chamados do controle aéreo pouco antes do choque com a montanha?
O avião fez um trajeto repentino de oito minutos em direção ao solo, a 700 km/h. Caiu por volta das 11h (7h, horário de Brasília).
"O arquivo de áudio é usável", disse na quarta-feira (25.mar.2015) Rémi Jouty, diretor da agência investigativa de aviação da França, minimizando as especulações de que o material estava totalmente danificado.
Segundo ele, os elementos coletados pelos peritos descartam, por ora, as hipóteses de explosão no ar ou despressurização da aeronave.
"Os destroços não são característicos de um avião que explodiu em voo. Sugerem que a aeronave atingiu o solo e então se despedaçou."
Jouty, no entanto, não quis adiantar se a análise já apontou alguma pista. "Mas estou confiante de que vamos descobrir o que aconteceu", disse. "É difícil imaginar que um piloto levaria o avião em direção à montanha, assim como um piloto automático."
As primeiras conclusões devem sair em alguns dias, mas a investigação pode levar meses, frisou a autoridade.
O voo 4U9525 fazia a rota com 144 passageiros e seis tripulantes.

Reprodução de imagem de TV mostra destroços após acidente
de avião da Germanwings perto de Seyne-les-Alpes, nos Alpes franceses

NACIONALIDADES
A nacionalidade das vítimas foi confirmada. Segundo a Germanwings, cidadãos de pelo menos 18 países estavam a bordo, sendo 72 alemães e 35 espanhóis (o governo da Espanha fala em até 51).
Há três britânicos, três cazaques e dois colombianos. Os demais são de EUA, Argentina, Austrália, Irã, Japão, México, Venezuela, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Israel, Marrocos e Turquia.
A Germanwings, subsidiária da Lufthansa, diz que a contabilização é difícil porque alguns passageiros têm dupla nacionalidade – os dados completos devem ser divulgados nos próximos dias.
O presidente da França, François Hollande, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o premiê espanhol, Mariano Rajoy, visitaram a região da tragédia na quarta-feira (25.mar.2015).

Presidente francês, François Hollande (centro), primeiro-ministro espanhol,
Mariano Rajoy (dir.), e chanceler alemã, Angela Merkel,
 caminham em área perto de local de acidente de avião da Germanwings


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