MST pretende transformar 2015 no ano da formação política
Prioridade do MST, diz dirigente, é a reforma agrária, mas movimento defenderá presidente
O MST possui mais de 40 unidades de formação de quadros espalhadas pelo
país. Mas é na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), localizada em
Guararema, no interior de São Paulo, que os dirigentes do movimento são
preparados.
Decorado com imagens de ícones da esquerda como Che Guevara, Fidel
Castro, Carlos Marighella e Frida Khalo, o espaço de 11 hectares (11
campos de futebol) oferece cursos variados, todos com viés ideológico de
esquerda, que abordam desde a questão agrária brasileira até o
histórico de movimentos sociais na América Latina.
De acordo com Rosana Fernandes, da coordenação política pedagógica da
ENFF, a escola se mantém com doações e verbas de cooperativas agrícolas
do MST espalhadas pelo país.
- O MST ampliou muito o trabalho de base na formação de quadros porque
os últimos anos foram muito ruins para reforma agrária. O movimento teve
que passar para outras atividades - avalia o cientista político Miguel
Carter.
Lula na Escola Nacional Florestan Fernandes |
O MST quer ampliar os cursos e pretende transformar 2015 no ano da
formação política para o movimento. Um mês antes de citar o "exército"
do MST, o ex-presidente Lula visitou a Escola Nacional Florestan
Fernandes e foi recebido por João Pedro Stédile, principal liderança do
movimento.
A economista Joelci Damasceno, de 35 anos, que integra a direção do MST
no Ceará e na semana passada encerrava um curso na escola, acredita que
os integrantes do movimento podem se valer da "sólida formação política"
para sair às ruas em defesa do governo Dilma Rousseff, caso o movimento
a favor do impeachment, que ela classifica como "golpe", ganhe corpo.
- Nós do MST devemos chamar a atenção das pessoas para essa movimentação anti-democrática - afirmou.
Apesar de terem críticas duras ao governo Dilma em razão de a reforma
agrária ter sido relegada na atual gestão, os dirigentes do movimento
entendem que existe o risco de um grupo político que criminalize o
movimento assumir o poder.
Gilmar Mauro, dirigente nacional do MST, diz que a defesa de Dilma
contra o impeachment não está na órbita do movimento neste momento, mas
admite, porém, que se os movimentos contra a presidente crescerem, os
sem-terra não irão se omitir.
- Sempre que o espaço democrático for colocado em risco, as forças de
esquerda e progressistas, inclusive o MST, vão se posicionar e vão ter
uma participação muito ativa - disse Gilmar Mauro, para quem a luta pela
reforma agrária é mais urgente.
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