Dilma é vaiada nas ruas durante pronunciamento
A presidente Dilma Rousseff foi vaiada nas ruas de ao menos 12 capitais
durante pronunciamento de rádio e TV no domingo (08.mar.2015), por
ocasião do Dia Internacional da Mulher.
Durante a fala, motoristas fizeram buzinaços em São Paulo, Brasília,
Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba, Porto Alegre,
Goiânia, Belém, Recife, Maceió e Fortaleza.
Em São Paulo, nas janelas dos prédios, moradores batiam panelas,
xingavam a presidente, enquanto piscavam as luzes dos apartamentos. No
bairro de Pinheiros, zona oeste, as buzinas e gritos da "Fora, Dilma!" e
"Fora, PT!" começaram assim que foi ao ar o pronunciamento, e duraram
até três minutos depois do final da transmissão. As pessoas gritavam das
janelas dos prédios, principalmente, mas também de dentro dos carros.
No Rio, gritos e vaias durante o pronunciamento da presidente foram
ouvidos em diversos bairros, como Copacabana, Leme (na zona sul), Méier,
Tijuca (bairros de classe média da zona norte), Santa Teresa (centro) e
Barra da Tijuca, bairro nobre da zona oeste. Em alguns locais, segundo
relato de moradores, pessoas saíram às janelas batendo panelas e
motoristas que estavam nas ruas buzinavam durante o discurso de Dilma na
TV. Na Barra, os protesto foi mais intenso e, em vários prédios e
condomínios, moradores se manifestaram contra a presidente.
O PRONUNCIAMENTO
Dilma defende ajuste fiscal e diz que críticas ao governo são 'injustas'
Em pronunciamento de rádio e TV, a presidente Dilma Rousseff defendeu o ajuste fiscal, pediu apoio da população e do Congresso na implementação de medidas que afetam a "todos" e disse que as críticas contra o governo são "injustas".
Segundo a petista, o ajuste é uma medida tomada "corajosamente". "Mesmo que isso signifique alguns sacrifícios temporários para todos e críticas injustas e desmesuradas ao governo", afirmou.
Durante o pronunciamento, houve buzinaço, panelaço e vaias em ao menos 12 capitais. Nas janelas dos prédios, moradores batiam panelas, xingavam a presidente, enquanto piscavam as luzes dos apartamentos.
Em sua fala, Dilma chamou o ajuste fiscal em curso de "travessia". Negou que irá "trair" a classe média e os trabalhadores, mas anunciou que todos pagarão pelas medidas. "Absorvemos a carga negativa até onde podíamos e agora temos de dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade."
A defesa ocorreu na fala sobre o Dia da Mulher - sobre o tema, anunciou que irá sancionar nesta segunda-feira (09.mar.2015) o projeto que considera assassinato de mulher um crime sujeito a penas mais severas.
Dilma retomou a narrativa segundo a qual o país está sob impacto da crise internacional iniciada em 2008.
Ela disse que o Brasil tem "fundamentos sólidos" e que "nem de longe [o país] está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns. "Muito diferente daquelas crises do passado, que quebravam e paralisavam o país".
A presidente fez ainda uma crítica à mídia pela forma com que descreve a economia -as previsões são bastante pessimistas para 2015, com todos os indicadores apontando o risco de uma recessão, a inflação namorando os 8% anuais e o emprego dando sinais de arrefecimento.
"Noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes. Muitas vezes nos confundem mais do que nos esclarecem."
Ainda assim, admitiu que a situação é preocupante. "Você tem todo direito de se irritar e de se preocupar", disse, após elencar que o país vive a "segunda etapa" da crise, agravada pela seca no Sudeste e no Nordeste.
Fez então o tradicional apelo por união de governantes. "Peço a você que nos unamos e que confiem na condução deste processo pelo governo, pelo Congresso."
A menção ao Parlamento reflete as dificuldades que o governo enfrenta nas Casas dominadas por um PMDB cada vez mais arredio, com seus dois presidentes culpando o Planalto pela sua inclusão na lista de investigados da Operação Lava Jato, que apura corrupção na Petrobras.
Na semana passada, por exemplo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), devolveu a medida provisória que mudava o regime de desoneração de folha de pagamento de vários setores e obrigou o governo a enviar um projeto de lei, atrasando a iniciativa, parte do ajuste fiscal, em vários meses.
Nesta semana, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve decidir se abre a CPI do setor elétrico. Além disso, a Casa tende a derrubar o veto de Dilma à lei que corrige em 6,5% a tabela do Imposto de Renda.
Dilma lembrou que em 2003 o então presidente Lula também teve de promover um ajuste fiscal e que "depois tudo se normalizou", sem citar, contudo, que o ambiente externo foi excepcionalmente favorável ao Brasil naquela época, ao contrário de agora.
Sobre a Lava Jato, defendeu a "apuração ampla".
Dilma defende ajuste fiscal e diz que críticas ao governo são 'injustas'
Em pronunciamento de rádio e TV, a presidente Dilma Rousseff defendeu o ajuste fiscal, pediu apoio da população e do Congresso na implementação de medidas que afetam a "todos" e disse que as críticas contra o governo são "injustas".
Segundo a petista, o ajuste é uma medida tomada "corajosamente". "Mesmo que isso signifique alguns sacrifícios temporários para todos e críticas injustas e desmesuradas ao governo", afirmou.
Durante o pronunciamento, houve buzinaço, panelaço e vaias em ao menos 12 capitais. Nas janelas dos prédios, moradores batiam panelas, xingavam a presidente, enquanto piscavam as luzes dos apartamentos.
Em sua fala, Dilma chamou o ajuste fiscal em curso de "travessia". Negou que irá "trair" a classe média e os trabalhadores, mas anunciou que todos pagarão pelas medidas. "Absorvemos a carga negativa até onde podíamos e agora temos de dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade."
A defesa ocorreu na fala sobre o Dia da Mulher - sobre o tema, anunciou que irá sancionar nesta segunda-feira (09.mar.2015) o projeto que considera assassinato de mulher um crime sujeito a penas mais severas.
Dilma retomou a narrativa segundo a qual o país está sob impacto da crise internacional iniciada em 2008.
Ela disse que o Brasil tem "fundamentos sólidos" e que "nem de longe [o país] está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns. "Muito diferente daquelas crises do passado, que quebravam e paralisavam o país".
A presidente fez ainda uma crítica à mídia pela forma com que descreve a economia -as previsões são bastante pessimistas para 2015, com todos os indicadores apontando o risco de uma recessão, a inflação namorando os 8% anuais e o emprego dando sinais de arrefecimento.
"Noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes. Muitas vezes nos confundem mais do que nos esclarecem."
Ainda assim, admitiu que a situação é preocupante. "Você tem todo direito de se irritar e de se preocupar", disse, após elencar que o país vive a "segunda etapa" da crise, agravada pela seca no Sudeste e no Nordeste.
Fez então o tradicional apelo por união de governantes. "Peço a você que nos unamos e que confiem na condução deste processo pelo governo, pelo Congresso."
A menção ao Parlamento reflete as dificuldades que o governo enfrenta nas Casas dominadas por um PMDB cada vez mais arredio, com seus dois presidentes culpando o Planalto pela sua inclusão na lista de investigados da Operação Lava Jato, que apura corrupção na Petrobras.
Na semana passada, por exemplo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), devolveu a medida provisória que mudava o regime de desoneração de folha de pagamento de vários setores e obrigou o governo a enviar um projeto de lei, atrasando a iniciativa, parte do ajuste fiscal, em vários meses.
Nesta semana, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve decidir se abre a CPI do setor elétrico. Além disso, a Casa tende a derrubar o veto de Dilma à lei que corrige em 6,5% a tabela do Imposto de Renda.
Dilma lembrou que em 2003 o então presidente Lula também teve de promover um ajuste fiscal e que "depois tudo se normalizou", sem citar, contudo, que o ambiente externo foi excepcionalmente favorável ao Brasil naquela época, ao contrário de agora.
Sobre a Lava Jato, defendeu a "apuração ampla".
Íntegra do discurso de Dilma no Dia Internacional da Mulher
Meus queridos brasileiros, e, muito especialmente, minhas queridas brasileiras: hoje é o Dia Internacional da Mulher.
Falar com vocês mulheres - minhas amigas e minhas iguais - é falar com o coração e a alma da nossa grande nação.
Ninguém melhor do que uma mãe, uma dona de casa, uma trabalhadora, uma empresária é capaz de sentir, em profundidade, o momento que um país vive.
Mas todos sabemos que há um longo caminho entre sentir e entender plenamente.
É preciso, sempre, compartilharmos nossa visão dos fatos. Os noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes. Muitas vezes até nos confundem mais do que nos esclarecem.
As conversas em casa, e no trabalho, também precisam ser completadas por dados que nem sempre estão ao alcance de todas e de todos.
Por isso, eu peço que você - e sua família - me ouçam com atenção.
Tenho informações e reflexões importantes que se compartilhadas vão ajudá-los a entender melhor o momento que passamos.
E a renovar a fé e a esperança no Brasil!
É uma boa hora para que eu tenha uma conversa, mais calma e mais íntima, com cada família brasileira - e faça isso com a alma de uma mulher que ama seu povo, ama seu país e ama sua família.
Vamos começar pelo mais importante: o Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos. Mas nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns. Passamos por problemas conjunturais, mas nossos fundamentos continuam sólidos. Muito diferente daquelas crises do passado que quebravam e paralisavam o país.
Nosso povo está protegido naquilo que é mais importante: sua capacidade de produzir, ganhar sua renda e de proteger sua família.
As dificuldades que existem - e as medidas que estamos tomando para superá-las - não irão comprometer as suas conquistas. Tampouco irão fazer o Brasil parar ou comprometer nosso futuro.
A questão central é a seguinte: estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão de 1929. E, nesta segunda etapa, estamos tendo que usar armas diferentes e mais duras daquelas que usamos no primeiro momento.
Como o mundo mudou, o Brasil mudou e as circunstâncias mudaram, tivemos, também, de mudar a forma de enfrentar os problemas.
As circunstâncias mudaram porque além de certos problemas terem se agravado - no Brasil e em grande parte do mundo -, há ainda a coincidência de estarmos enfrentando a maior seca da nossa história, no Sudeste e no Nordeste.
Entre muitos efeitos graves, esta seca tem trazido aumentos temporários no custo da energia e de alguns alimentos. Tudo isso, eu sei, traz reflexos na sua vida. Você tem todo direito de se irritar e de se preocupar. Mas lhe peço paciência e compreensão porque esta situação é passageira. O Brasil tem todas as condições de vencer estes problemas temporários - e esta vitória será ainda mais rápida se todos nós nos unirmos neste enfrentamento.
Peço a vocês que nos unamos e que confiem na condução deste processo pelo governo, pelo Congresso, e por todas as forças vivas do nosso país - e uma delas é você!
Queremos e sabemos como fazer isso, distribuindo os esforços de maneira justa e suportável para todos.
Como sempre, protegendo de forma especial as classes trabalhadoras, as classes médias e os setores mais vulneráveis.
Temos compromissos profundos com o futuro do país e vamos continuar cumprindo, de forma inabalável, estes compromissos.
Minhas amigas e meus amigos, a crise afetou severamente grandes economias, como os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão.
Até mesmo a China, a economia mais dinâmica do planeta, reduziu seu crescimento à metade de suas médias históricas recentes.
Alguns países estão conseguindo se recuperar mais cedo.
O Brasil, que foi um dos países que melhor reagiu em um primeiro momento, está agora implantando as bases para enfrentar a crise e dar um novo salto no seu desenvolvimento.
Nos seis primeiros anos da crise, crescemos 19,9%, enquanto a economia dos países da zona do Euro, caiu 1,7%.
Pela primeira vez na história, o Brasil ao enfrentar uma crise econômica internacional não sofreu uma quebra financeira e cambial.
O mais importante: enquanto nos outros países havia demissões em massa, nós aqui preservamos e aumentamos o emprego e o salário.
Se conseguimos essas vitórias antes, temos tudo para conseguir novas vitórias outra vez.
Inclusive, porque decidimos, corajosamente, mudar de método e buscar soluções mais adequadas ao atual momento.
Mesmo que isso signifique alguns sacrifícios temporários para todos e críticas injustas e desmesuradas ao governo.
Na tentativa correta de defender a população, o governo absorveu, até o ano passado, todos os efeitos negativos da crise. Ou seja: usou o seu orçamento para proteger integralmente o crescimento, o emprego e a renda das pessoas.
Realizamos elevadas reduções de impostos para estimular a economia e garantir empregos.
Ampliamos os investimentos públicos para dinamizar setores econômicos estratégicos.
Mas não havia como prever que a crise internacional duraria tanto. E, ainda por cima, seria acompanhada de uma grave crise climática.
Absorvemos a carga negativa até onde podíamos e agora temos que dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade.
É por isso que estamos fazendo correções e ajustes na economia.
Não é a primeira vez que o Brasil passa por isso.
Em 2003, no início do governo Lula, tivemos que tomar medidas corretivas.
Depois tudo se normalizou e o Brasil cresceu como poucas vezes na história.
São medidas para sanear as nossas contas e, assim, dar continuidade ao processo de crescimento com distribuição de renda, de modo mais seguro, mais rápido e mais sustentável.
Você que é dona de casa ou pai de família sabe disso.
As vezes temos de controlar mais os gastos para evitar que o nosso orçamento saia do controle.
Para garantir melhor nosso futuro.
Isso faz parte do dia a dia das famílias e das empresas. E de países também.
Mas estamos fazendo de forma realista e da maneira mais justa, transparente e equilibrada possível.
As medidas estão sendo aplicadas de forma que as pessoas, as empresas e a economia as suportem.
Como é preciso ter equidade, cada um tem que fazer a sua parte. Mas de acordo com as suas condições.
Foi por isso, que começamos cortando os gastos do governo, sem afetar fortemente os investimentos prioritários e os programas sociais.
Revisamos certas distorções em alguns benefícios, preservando os direitos sagrados dos trabalhadores.
E estamos implantando medidas que reduzem, parcialmente, os subsídios no crédito e também as desonerações nos impostos, dentro de limites suportáveis pelo setor produtivo.
Estamos fazendo tudo com equilíbrio, de forma que tenhamos o máximo possível de correção com o mínimo possível de sacrifício.
Este processo vai durar o tempo que for necessário para reequilibrar a nossa economia.
Como temos fundamentos sólidos e as dificuldades são conjunturais, esperamos uma primeira reação já no final do segundo semestre deste ano.
Mais importante, no entanto, do que a duração destas medidas será a longa duração dos seus resultados e dos seus benefícios.
Que devem ser perenes no combate à inflação e na garantia do emprego.
Que devem ser permanentes na melhoria da saúde, da educação e da segurança pública.
As medidas serão suportáveis porque além de sermos um governo que se preocupa com a população, temos hoje um povo mais forte do que nunca.
O Brasil tem hoje mais qualificação profissional, mais infraestrutura, mais oportunidades de estudar e mais empreendedores.
Somos a 7ª economia do mundo.
Temos 371 bilhões de dólares de reservas internacionais.
36 milhões de pessoas saíram da miséria e 44 milhões foram para a classe media.
Quase dez milhões de brasileiras e brasileiros são hoje micro e pequenos empreendedores.
E continuamos com os melhores níveis de emprego e salário da nossa história.
Minhas amigas e meus amigos, o que tenho de mais importante a garantir, hoje, vou resumir agora.
Primeiro: o esforço fiscal não é um fim em si mesmo. É apenas a travessia para um tempo melhor, que vai chegar rápido e de forma ainda mais duradoura.
Segundo: não vamos trair nossos compromissos com os trabalhadores e com a classe média, nem deixar que desapareçam suas conquistas e seus direitos.
Terceiro: não estamos tomando estas medidas para voltarmos a ser iguais ao que já fomos. Mas, sim, para sermos muito melhores.
Quarto: durante o tempo que elas durarem, o país não vai parar. Ao contrário, vamos continuar trabalhando, produzindo, investindo e melhorando.
As coisas vão continuar acontecendo.
Junto com as novas medidas estamos mantendo e melhorando os nossos programas. Entregando grandes obras.
Nossas rodovias e ferrovias, nossos portos e aeroportos continuarão sendo melhorados e ampliados.
Para isso, vamos fazer, ainda este ano, novas concessões e firmar novas parcerias com o setor privado.
Incluímos - e vamos continuar incluindo - milhões e milhões de brasileiros.
Mas agora a inclusão tem que se dar, sobretudo, pelo acesso a melhores oportunidades e a serviços públicos de maior qualidade.
Este esforço tem que ser visto como mais um tijolo, no grande processo de construção do novo Brasil.
Esta construção não é só física, mas também espiritual.
De fortalecimento moral e ético.
Com coragem e até sofrimento, o Brasil tem aprendido a praticar a justiça social em favor dos mais pobres, como também aplicar duramente a mão da justiça contra os corruptos.
É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla, livre e rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras.
Minhas amigas mulheres homenageadas neste dia: por último, quero anunciar um novo passo no fortalecimento da justiça, em favor de nós, mulheres brasileiras.
Vou sancionar, amanhã, a Lei do Feminicídio que transforma em crime hediondo, o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica ou de discriminação de gênero.
Com isso, este odioso crime terá penas bem mais duras.
Esta medida faz parte da política de tolerância zero em relação à violência contra a mulher brasileira.
Brasileiros e brasileiras, é assim, com medidas concretas e corajosas, em todas as áreas, que vamos, juntos, melhorar o Brasil.
É uma tarefa conjunta de toda sociedade, mulheres e homens.
Tenho certeza que contará com a participação decisiva do Congresso Nacional, que sempre cumpriu com seu papel histórico nos momentos em que o Brasil precisou.
Temos que encarar as dificuldades em sua real dimensão e encontrar o melhor caminho de resolvê-las.
Pois, se toda vez que enfrentarmos uma dificuldade pensarmos que o mundo está acabando - ou que precisamos começar tudo do zero - só faremos aumentar nossos problemas.
Precisamos transformar dificuldades em soluções.
Problemas temporários em avanços permanentes.
O Brasil é maior do que tudo isso e já mostrou muitas vezes ao mundo como fazer melhor e diferente.
Mais que nunca é hora de acreditar em nosso futuro.
De sonhar. De ter fé e esperança.
Viva a mulher brasileira!
Viva o povo brasileiro.
Viva o Brasil!
Obrigada e boa noite.
Falar com vocês mulheres - minhas amigas e minhas iguais - é falar com o coração e a alma da nossa grande nação.
Ninguém melhor do que uma mãe, uma dona de casa, uma trabalhadora, uma empresária é capaz de sentir, em profundidade, o momento que um país vive.
Mas todos sabemos que há um longo caminho entre sentir e entender plenamente.
É preciso, sempre, compartilharmos nossa visão dos fatos. Os noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes. Muitas vezes até nos confundem mais do que nos esclarecem.
As conversas em casa, e no trabalho, também precisam ser completadas por dados que nem sempre estão ao alcance de todas e de todos.
Por isso, eu peço que você - e sua família - me ouçam com atenção.
Tenho informações e reflexões importantes que se compartilhadas vão ajudá-los a entender melhor o momento que passamos.
E a renovar a fé e a esperança no Brasil!
É uma boa hora para que eu tenha uma conversa, mais calma e mais íntima, com cada família brasileira - e faça isso com a alma de uma mulher que ama seu povo, ama seu país e ama sua família.
Vamos começar pelo mais importante: o Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos. Mas nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns. Passamos por problemas conjunturais, mas nossos fundamentos continuam sólidos. Muito diferente daquelas crises do passado que quebravam e paralisavam o país.
Nosso povo está protegido naquilo que é mais importante: sua capacidade de produzir, ganhar sua renda e de proteger sua família.
As dificuldades que existem - e as medidas que estamos tomando para superá-las - não irão comprometer as suas conquistas. Tampouco irão fazer o Brasil parar ou comprometer nosso futuro.
A questão central é a seguinte: estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão de 1929. E, nesta segunda etapa, estamos tendo que usar armas diferentes e mais duras daquelas que usamos no primeiro momento.
Como o mundo mudou, o Brasil mudou e as circunstâncias mudaram, tivemos, também, de mudar a forma de enfrentar os problemas.
As circunstâncias mudaram porque além de certos problemas terem se agravado - no Brasil e em grande parte do mundo -, há ainda a coincidência de estarmos enfrentando a maior seca da nossa história, no Sudeste e no Nordeste.
Entre muitos efeitos graves, esta seca tem trazido aumentos temporários no custo da energia e de alguns alimentos. Tudo isso, eu sei, traz reflexos na sua vida. Você tem todo direito de se irritar e de se preocupar. Mas lhe peço paciência e compreensão porque esta situação é passageira. O Brasil tem todas as condições de vencer estes problemas temporários - e esta vitória será ainda mais rápida se todos nós nos unirmos neste enfrentamento.
Peço a vocês que nos unamos e que confiem na condução deste processo pelo governo, pelo Congresso, e por todas as forças vivas do nosso país - e uma delas é você!
Queremos e sabemos como fazer isso, distribuindo os esforços de maneira justa e suportável para todos.
Como sempre, protegendo de forma especial as classes trabalhadoras, as classes médias e os setores mais vulneráveis.
Temos compromissos profundos com o futuro do país e vamos continuar cumprindo, de forma inabalável, estes compromissos.
Minhas amigas e meus amigos, a crise afetou severamente grandes economias, como os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão.
Até mesmo a China, a economia mais dinâmica do planeta, reduziu seu crescimento à metade de suas médias históricas recentes.
Alguns países estão conseguindo se recuperar mais cedo.
O Brasil, que foi um dos países que melhor reagiu em um primeiro momento, está agora implantando as bases para enfrentar a crise e dar um novo salto no seu desenvolvimento.
Nos seis primeiros anos da crise, crescemos 19,9%, enquanto a economia dos países da zona do Euro, caiu 1,7%.
Pela primeira vez na história, o Brasil ao enfrentar uma crise econômica internacional não sofreu uma quebra financeira e cambial.
O mais importante: enquanto nos outros países havia demissões em massa, nós aqui preservamos e aumentamos o emprego e o salário.
Se conseguimos essas vitórias antes, temos tudo para conseguir novas vitórias outra vez.
Inclusive, porque decidimos, corajosamente, mudar de método e buscar soluções mais adequadas ao atual momento.
Mesmo que isso signifique alguns sacrifícios temporários para todos e críticas injustas e desmesuradas ao governo.
Na tentativa correta de defender a população, o governo absorveu, até o ano passado, todos os efeitos negativos da crise. Ou seja: usou o seu orçamento para proteger integralmente o crescimento, o emprego e a renda das pessoas.
Realizamos elevadas reduções de impostos para estimular a economia e garantir empregos.
Ampliamos os investimentos públicos para dinamizar setores econômicos estratégicos.
Mas não havia como prever que a crise internacional duraria tanto. E, ainda por cima, seria acompanhada de uma grave crise climática.
Absorvemos a carga negativa até onde podíamos e agora temos que dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade.
É por isso que estamos fazendo correções e ajustes na economia.
Não é a primeira vez que o Brasil passa por isso.
Em 2003, no início do governo Lula, tivemos que tomar medidas corretivas.
Depois tudo se normalizou e o Brasil cresceu como poucas vezes na história.
São medidas para sanear as nossas contas e, assim, dar continuidade ao processo de crescimento com distribuição de renda, de modo mais seguro, mais rápido e mais sustentável.
Você que é dona de casa ou pai de família sabe disso.
As vezes temos de controlar mais os gastos para evitar que o nosso orçamento saia do controle.
Para garantir melhor nosso futuro.
Isso faz parte do dia a dia das famílias e das empresas. E de países também.
Mas estamos fazendo de forma realista e da maneira mais justa, transparente e equilibrada possível.
As medidas estão sendo aplicadas de forma que as pessoas, as empresas e a economia as suportem.
Como é preciso ter equidade, cada um tem que fazer a sua parte. Mas de acordo com as suas condições.
Foi por isso, que começamos cortando os gastos do governo, sem afetar fortemente os investimentos prioritários e os programas sociais.
Revisamos certas distorções em alguns benefícios, preservando os direitos sagrados dos trabalhadores.
E estamos implantando medidas que reduzem, parcialmente, os subsídios no crédito e também as desonerações nos impostos, dentro de limites suportáveis pelo setor produtivo.
Estamos fazendo tudo com equilíbrio, de forma que tenhamos o máximo possível de correção com o mínimo possível de sacrifício.
Este processo vai durar o tempo que for necessário para reequilibrar a nossa economia.
Como temos fundamentos sólidos e as dificuldades são conjunturais, esperamos uma primeira reação já no final do segundo semestre deste ano.
Mais importante, no entanto, do que a duração destas medidas será a longa duração dos seus resultados e dos seus benefícios.
Que devem ser perenes no combate à inflação e na garantia do emprego.
Que devem ser permanentes na melhoria da saúde, da educação e da segurança pública.
As medidas serão suportáveis porque além de sermos um governo que se preocupa com a população, temos hoje um povo mais forte do que nunca.
O Brasil tem hoje mais qualificação profissional, mais infraestrutura, mais oportunidades de estudar e mais empreendedores.
Somos a 7ª economia do mundo.
Temos 371 bilhões de dólares de reservas internacionais.
36 milhões de pessoas saíram da miséria e 44 milhões foram para a classe media.
Quase dez milhões de brasileiras e brasileiros são hoje micro e pequenos empreendedores.
E continuamos com os melhores níveis de emprego e salário da nossa história.
Minhas amigas e meus amigos, o que tenho de mais importante a garantir, hoje, vou resumir agora.
Primeiro: o esforço fiscal não é um fim em si mesmo. É apenas a travessia para um tempo melhor, que vai chegar rápido e de forma ainda mais duradoura.
Segundo: não vamos trair nossos compromissos com os trabalhadores e com a classe média, nem deixar que desapareçam suas conquistas e seus direitos.
Terceiro: não estamos tomando estas medidas para voltarmos a ser iguais ao que já fomos. Mas, sim, para sermos muito melhores.
Quarto: durante o tempo que elas durarem, o país não vai parar. Ao contrário, vamos continuar trabalhando, produzindo, investindo e melhorando.
As coisas vão continuar acontecendo.
Junto com as novas medidas estamos mantendo e melhorando os nossos programas. Entregando grandes obras.
Nossas rodovias e ferrovias, nossos portos e aeroportos continuarão sendo melhorados e ampliados.
Para isso, vamos fazer, ainda este ano, novas concessões e firmar novas parcerias com o setor privado.
Incluímos - e vamos continuar incluindo - milhões e milhões de brasileiros.
Mas agora a inclusão tem que se dar, sobretudo, pelo acesso a melhores oportunidades e a serviços públicos de maior qualidade.
Este esforço tem que ser visto como mais um tijolo, no grande processo de construção do novo Brasil.
Esta construção não é só física, mas também espiritual.
De fortalecimento moral e ético.
Com coragem e até sofrimento, o Brasil tem aprendido a praticar a justiça social em favor dos mais pobres, como também aplicar duramente a mão da justiça contra os corruptos.
É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla, livre e rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras.
Minhas amigas mulheres homenageadas neste dia: por último, quero anunciar um novo passo no fortalecimento da justiça, em favor de nós, mulheres brasileiras.
Vou sancionar, amanhã, a Lei do Feminicídio que transforma em crime hediondo, o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica ou de discriminação de gênero.
Com isso, este odioso crime terá penas bem mais duras.
Esta medida faz parte da política de tolerância zero em relação à violência contra a mulher brasileira.
Brasileiros e brasileiras, é assim, com medidas concretas e corajosas, em todas as áreas, que vamos, juntos, melhorar o Brasil.
É uma tarefa conjunta de toda sociedade, mulheres e homens.
Tenho certeza que contará com a participação decisiva do Congresso Nacional, que sempre cumpriu com seu papel histórico nos momentos em que o Brasil precisou.
Temos que encarar as dificuldades em sua real dimensão e encontrar o melhor caminho de resolvê-las.
Pois, se toda vez que enfrentarmos uma dificuldade pensarmos que o mundo está acabando - ou que precisamos começar tudo do zero - só faremos aumentar nossos problemas.
Precisamos transformar dificuldades em soluções.
Problemas temporários em avanços permanentes.
O Brasil é maior do que tudo isso e já mostrou muitas vezes ao mundo como fazer melhor e diferente.
Mais que nunca é hora de acreditar em nosso futuro.
De sonhar. De ter fé e esperança.
Viva a mulher brasileira!
Viva o povo brasileiro.
Viva o Brasil!
Obrigada e boa noite.
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