Dilma e a colheita de "arroz orgânico"
Na sexta-feira passada (20.mar.2015), a presidente Dilma Rousseff e o
governador do Rio Grande Sul José Ivo Sartori participaram da abertura
da colheita de arroz orgânico no assentamento Lanceiros Negros, na
Grande Porto Alegre. Celebraram ato comemorativo com João Pedro Stédile e
3 mil militantes do MST e da Via Campesina.
Em seu discurso, a presidente da República explicou a importância da sua
presença no evento: "Vocês podem ter certeza de que a coisa mais forte
no convencimento das pessoas é a realidade, e é a realidade transmitida
pela imagem". Ou seja, ela fez questão de frisar que estava bem
consciente da mensagem que a sua presença ali transmitia.
No momento em que a base de apoio de seu governo parece ter se
esfarelado, a mensagem não podia ser mais clara: a presidente Dilma está
próxima de Stédile e de sua militância.
Para Dilma, não basta que o governo federal financie o MST - no início
do ano passado, por exemplo, o BNDES e a Caixa Econômica Federal
liberaram mais de R$ 500 mil para o 6º Congresso Anual do MST -, ela
quer pessoalmente apoiar os eventos da entidade. Ela quer confraternizar
com notórios invasores de propriedade alheia. E, como Lula disse
recentemente, a militância do MST é um exército. Relembrava assim o
ex-presidente algo há muito tempo conhecido dos brasileiros - o MST não é
tanto um movimento social, e sim uma milícia, preparada para agir sob o
comando dos seus chefes.
E essa milícia esteve bem ativa em março, levando a desordem a variados recantos do País.
Conforme o MST ostentou orgulhosamente em seu site, seus milicianos
teriam atuado, durante o mês de março, em 22 Estados, seguindo sempre o
mesmo padrão de comportamento - pouco diálogo e muita ação. A lista de
delitos não traz grandes novidades. O MST é repetitivo em seus crimes:
ocupação de repartições e obras públicas, fazendas, agências bancárias e
empresas privadas, além de fechamento de avenidas e rodovias. Um dos
bloqueios resultou em tragédia: na BR-101, perto de Aracaju, uma carreta
bateu nos carros que estavam parados, matando dois adultos e uma
criança.
Nada disso constrangeu a presidente Dilma. "Para mim, é um orgulho ter
estado aqui", disse a presidente em seu discurso, ao lado de Stédile. E
declarou-se disposta a ter "diálogo, muito diálogo" com o MST. "Dialogar
até cansar", enfatizou a presidente. Ainda que se entenda a emoção de
Dilma Rousseff com os elogios que recebeu de Stédile, que a definiu como
"quase uma santa", e com os gritos de apoio da treinada plateia -
ambiente muito diverso das vaias com as quais está tendo de se habituar
sempre que aparece em público -, era de esperar outra atitude da
presidente da República, que é responsável pela manutenção da ordem
pública.
Mas Dilma fez questão de confraternizar com Stédile e de não mencionar
qualquer ato criminoso praticado pelo MST. Ao contrário, manifestou
apreço pela ação de Stédile e sua turma: "Eu não concordo tudo com que o
Stédile concorda, agora eu respeito a luta do Stédile e as propostas
dele". Não pode ser boa coisa tamanha compreensão por parte da
presidente com aqueles que agem como se a violência e a ilegalidade
fossem meios legítimos para a consecução dos seus objetivos.
Diante da atual crise, o País precisa de serenidade, não de louvores à
baderna. Precisa de cumprimento da lei, não de estímulos à desordem.
Precisa de diálogo honesto, não do silêncio oficial diante de atos
criminosos.
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