sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015


Youssef diz ter repassado pouco mais de R$ 800 mil de propina ao PT referente a obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
Segundo o doleiro, dinheiro foi pago pela Toshiba, que executou obras no Comperj; PP também teria sido beneficiado

Alberto  Youssef
Em depoimento à Polícia Federal (PF), em novembro passado, o doleiro Alberto Youssef disse que repassou pouco mais de R$ 800 mil em propina referente às obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. A propina é resultado de um contrato, no valor de R$ 117 milhões, firmado entre a empresa Toshiba e a Petrobras, em 2009 ou 2010, segundo o doleiro. Youssef também declarou que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa recebeu um percentual de propina paga pela Toshiba a outro partido, o PP.
Youssef declarou à PF que tratou diretamente com o presidente da Toshiba do Brasil (que ele disse não recordar o nome) e com um diretor da empresa, de nome Piva, do repasse de 1% do valor da obra ao Partido dos Trabalhadores (PT) e do mesmo percentual ao Partido Progressista (PP). E contou que o valor destinado ao PT “foi negociado com João Vaccari, que na época era quem representava o PT nos recebimentos oriundos de contratos da Petrobras”.
Para o PT, os pagamentos foram feitos em duas oportunidades, de acordo com Youssef. Na primeira delas, pouco mais de R$ 400 mil foram sacados da conta da MO Consultoria, uma das empresas de fachada utilizadas pelo doleiro, pelo próprio Youssef e entregues a uma emissária de Vaccari de nome Marice (Correa de Lima, cunhada de Vaccari), no escritório do doleiro, em São Paulo.
Num segundo momento, “alguns meses depois”, o diretor da Toshiba de nome Piva, segundo Youssef, teria almoçado diretamente com Vaccari em um restaurante em São Paulo (na região da Avenida Paulista) e lá teria entregue a segunda parcela do montante ao tesoureiro petista. Youssef declarou que o dinheiro foi levado ao restaurante por Rafael Ângulo Lopes, “em uma sacola lacrada com os valores devidos”.
O doleiro também falou que do total repassado ao PP via propina paga pela Toshiba, 60% ia para o partido, 30% para Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, 5% para João Cláudio Genu, ex-assessor parlamentar da legenda, e 5% para ele, Youssef, “deduzidos os 20% de custos de operacionalização, como emissão de notas e impostos”.
Declarou ainda Youssef que “Paulo Roberto Costa sabia que os valores recebidos eram oriundos da Toshiba“ e que houve uma reunião dele com o ex-diretor da Petrobras, com o presidente e o diretor da Toshiba e com Genu para tratar do assunto, “salvo engano no Hotel Hyat“, em São Paulo.
No depoimento, o doleiro Alberto Youssef também disse que foi o diretor da Toshiba de nome Piva recomendou que ele “procurasse Vaccari, pois o mesmo tipo de pagamento também deveria ser acertado na diretoria de Serviços da Petrobras, ocupada por Renato Duque, indicado do Partido dos Trabalhadores”.


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