Delator deve ser premiado, diz advogada americana
Erika Kelton obteve incentivos milionários para 'insiders' |
Executivos que queiram denunciar práticas prejudiciais aos cofres
públicos devem ser "incentivados, premiados e protegidos", estejam na
Petrobras, em empreiteiras ou em outra empresa que negocia com o
governo.
A opinião é da advogada americana Erika Kelton, uma das maiores
especialistas nas leis de "whistleblowers" [gíria americana para o
"insider" que faz uma denúncia].
Kelton venceu dois casos que geraram as maiores recompensas da história.
Os réus eram os laboratórios farmacêuticos Glaxo e Pfizer, que faziam
marketing enganoso de remédios.
As empresas tiveram de pagar US$ 3 bilhões e US$ 2,3 bilhões,
respectivamente. As recompensas dadas aos denunciantes foram de US$ 50
milhões a US$ 100 milhões.
No Brasil, a investigação sobre os desvios na Petrobras tem um trunfo
nas informações dadas por delatores, como o ex-dirigentes da estatal e
ex-funcionários.
Para Kelton, está havendo uma internacionalização dos "whistleblowers"
porque os negócios estão ligados mundialmente. "Quase metade dos
denunciantes de crimes financeiros em Wall Street não são cidadãos
americanos. Quem sabe não existe gente em Nova York que saiba muito
sobre a Petrobras?"
Nos EUA há vários programas de incentivo aos executivos interessados em
denunciar, inclusive leis que premiam delações há 150 anos.
No entanto, diz a advogada, elas só decolaram a partir dos anos 1980,
quando foi criado um tripé que combina incentivos, recompensas e
proteção. "Quando você ganha milhões no seu emprego e se arrisca a
perdê-lo, o incentivo precisa compensar."
Ela diz que a maioria das tentativas de proteção é retaliada e que o
sucesso depende do momento em que é feita a denúncia: antes ou depois de
deixar a empresa. "Meus clientes da Glaxo já tinham saído. O da Pfizer
ficou desempregado por seis anos."
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