Pressionado, Sartori recua e cancela aumento
para ele e para vice-governador
Governador do Rio Grande do Sul disse que ouviu ‘a voz dos gaúchos’
José Ivo Sartori governador do Rio Grande do Sul |
Alegando “ouvir a voz dos gaúchos”, o governador do Rio
Grande do Sul José Ivo Sartori (PMDB) anunciou que irá renunciar ao
aumento salarial de 45,9% sancionado por ele na última sexta-feira
(16.jan.2015). O ato abrange também o salário do vice-governador, José
Paulo Cairoli (PSD).
Durante o final de semana, Sartori foi alvo de críticas duras por ter
sancionado o aumento em meio a uma grave crise financeira no Estado. No
dia 5 de janeiro, o governo ditou um decreto suspendendo por 180 dias os
pagamentos de fornecedores e prestados de serviço do Estado, além de
cortar horas extras, promoções e viagens de servidores.
O aumento elevou o subsídio do governador de R$ 17.347,14 para R$
25.322,25 – mesmo salário de um deputado estadual. O aumento do vice
havia sido percentualmente maior, já que equiparou os vencimentos ao
salário de R$ 18.991,69 dos secretários estaduais. O subsídio anterior
era de R$ 11.564,76.
Segundo Sartori, a medida que prevê a devolução já foi assinada e deverá
ser publicada no Diário Oficial desta terça-feira (20.jan.2015). O
projeto de aumento havia sido aprovado pela Assembleia no final do ano
passado e também prevê aumento para o legislativo e para o judiciário,
num impacto de R$ 123 milhões ao ano para os cofres públicos.
Apesar de irrisória para as finanças do Estado, a economia de R$
200.226,52 ao ano com o cancelamento do reajuste do governador e do vice
foi classificada por Sartori como uma “sinalização” para as
dificuldades financeiras “de uma realidade que não foi gerada por nós”.
- Devo dizer que a opinião pública reagiu e levei muito em consideração
as pessoas com quem eu convivo, com quem dialogo permanentemente, e que
conhecem as dificuldades financeiras do Estado. Quero deixar bem claro
que não tenho receio, nunca tive, de rever posições e muito menos de não
tomar atitudes que reconheçam essa situação.
E completou:
- Sou uma pessoa como qualquer outra, que procura cumprir seu papel. E
acho que mais erra é quem, às vezes, não tem humildade de eventualmente
voltar atrás – declarou o governador.
Na sexta-feira (16.jan.2015), Sartori havia declarado que não
considerava o reajuste aprovado na Assembleia um aumento salarial, mas
apenas atualização com base na inflação do período. O último reajuste no
salário do governador havia sido em agosto de 2008. Aliados do
governador também disseram que vetar o aumento seria demagogia.
Sartori não explicou de que forma vai viabilizar a devolução de salário,
já que a lei foi sancionada e não pode ser suspensa – nem os artigos
que preveem os aumentos do Executivo. Mas garantiu que a medida valerá
por prazo indeterminado, “para não suscitar nenhuma especulação, nenhuma
outra dúvida em relação a isso”.
- Vamos encaminhar esse ato único e pessoal para a Secretaria da Fazenda
e para a Casa Civil, que vão encontrar o melhor caminho para resolver
isso – disse.
Não está descartada a possibilidade de que o governador e o vice doem os
valores excedentes dos salários a instituições de caridade, já que o
Tesouro estadual não aceita reembolso de valores por parte de servidores
públicos.
Os deputados Tiago Simon (PMDB) e Marcel Van Hattem (PP) anunciaram que
também vão abrir mão dos aumentos em solidariedade ao governador.
- Não é justo cobrar sacrifício apenas da sociedade – resumiu Van Hattem.
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