O beijo na boca de Obama e Castro
simboliza por onde Cuba vai primeiro
Peça publicitária da Benetton |
A imagem do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, beijando a boca
do presidente de Cuba, Raúl Castro, é provocadora como as campanhas de
publicidade da Benetton costumam ser. A montagem que originou a peça da
Benetton é uma série iniciada em 2011. A campanha também criou uma
montagem do papa Bento XVI beijando o imame egípcio Sheik Ahmed el-Taye,
entretanto a Benetton retirou a imagem porque o Vaticano havia ameaçado
processar a empresa.
A Casa Branca desaprovou e lamentou o uso da imagem da Presidência dos EUA para fins comerciais.
Mais do que mensagem é claro que as peças publicitárias querem vender
produtos e marcas. O que há de novo na foto de Obama e Castro é que o
criador da campanha é um cubano, que vive exilado na Itália. Erik Ravelo
bolou a série “Unhate” para contestar o ódio na política.
O jovem diretor criativo do projeto Fábrica Benetton já havia trabalhado
com outros temas incomuns na linguagem publicitária como violência de
gênero, pedofilia e intolerância.
A imagem de Obama com Castro circula agora em Cuba em sites e
publicações de oposição ao governo. Com a retomada das relações
diplomáticas entre os dois países, passou a ser um símbolo de
aproximação e da esculhambação da aproximação. Blogueiros cubanos
perguntaram a Ravelo o que havia aprendido em Cuba em seus trabalhos.
“Nada”, disse ele, antes de reclamar da falta de formação artística e
acesso à produção cultural mundial quando vivia em Havana.
"Tudo, menos beijar na boca" costumava ser a regra dos velhos bordéis.
Antigas moças de utilidade pública recusavam-se a comercializar o beijo
na boca. O problema da publicidade da Benetton é que faz o que as
prostitutas se negavam: comercializa o beijo na boca, transforma a
política em fetiche.
Que a Benetton tenha se transformado em arma política em Cuba é sinal
dos tempos que se aproximam. Cuba ruiu no campo econômico antes de ruir
no campo político. O país libertou nesta semana mais de 50 presos
políticos, no mesmo período em que proibiu protesto convocado pela
artista plástica Tânia Brugera que desejava colocar um microfone em
praça pública para que os cubanos simplesmente dissessem o que pensavam.
Tânia foi detida sob a acusação de disseminar desordem, como se o mal fosse o que saísse pela boca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário