Ex-ministra, Marta Suplicy envia à CGU
documentos contra Juca Ferreira
documentos contra Juca Ferreira
Parcerias de R$ 105 milhões com entidade ligada à Cinemateca
teriam sido aprovadas irregularmente pelo antecessor
teriam sido aprovadas irregularmente pelo antecessor
Juca Ferreira e Marta Suplicy |
A ex-ministra da Cultura Marta Suplicy (PT-SP) enviou à
Controladoria-Geral da União (CGU) documentos sobre supostas
irregularidades em parcerias de R$ 105 milhões, firmadas pela pasta na
gestão de Juca Ferreira, com uma entidade que presta serviços à
Cinemateca Brasileira - órgão vinculado ao ministério com sede em São
Paulo. O uso dessa verba está entre os “desmandos” que a petista alega
terem sido cometidos pelo antecessor na Cultura, que reassume o
cargo.
Em entrevista publicada, Marta chamou a administração de Juca de “muito
ruim” e disse ter mandado ao órgão de controle interno do governo “tudo
sobre irregularidades e desmandos” da primeira passagem dele pela
Cultura.
Auditorias da CGU apontaram problemas no uso de recursos do ministério
pela Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC). A entidade atua como irmã
siamesa da instituição, dando apoio aos projetos de preservação da
produção audiovisual.
A SAC recebeu R$ 111 milhões do Ministério da Cultura entre 1995 e 2010.
Desse total, 94% referem-se a um termo de parceria executado na gestão
de Juca. Um dos relatórios da CGU diz que a entidade foi contratada por
escolha do ministério, sem consulta a outros interessados, e que
projetos foram aprovados sem avaliação adequada dos custos.
Os auditores constataram que a SAC dispensava irregularmente licitações
para compra de materiais e contratação de serviços. Orçamentos para as
compras eram genéricos, diz o relatório, não permitindo comparação com
preços praticados no mercado e, em consequência, a avaliação de eventual
superfaturamento.
O relatório diz também que a entidade cobrava uma taxa para cobrir suas
despesas com a administração dos projetos. Para a CGU, que determinou o
ressarcimento, não foi devidamente demonstrada a composição dessa
cobrança, que seria irregular. Para atividades de R$ 49 milhões, a taxa
era de R$ 2,6 milhões.
Houve favorecimento de funcionários da Cinemateca na execução dos
projetos, segundo o relatório. A auditoria diz que o dono de uma empresa
contratada pela SAC para coordenar atividades era servidor do órgão
vinculado à Cultura.
Segundo a CGU, a SAC não apresentou prestação de contas de despesas e o
ministério não tomou providências. “Não houve apresentação, por parte do
parceiro, de demonstração dos gastos e receitas executados nas ações
pactuadas.”
As constatações da CGU já haviam sido fonte de crise no ministério. Em
2012, após tomar conhecimento do conteúdo do relatório, Marta demitiu a
então secretária de Audiovisual, Ana Paula Santana, e outros dirigentes
da área sob o argumento de que perdera a confiança na equipe.
Ana Paula foi diretora de Programas e Projetos Audiovisuais na gestão de
Juca. Em fevereiro de 2011, na gestão de Ana de Hollanda, ascendeu ao
comando da secretaria. Também é atribuída aos problemas apontados pela
CGU a exoneração do ex-diretor executivo da Cinemateca, Carlos
Magalhães, em 2013.
Defesa
Procurado, Juca Ferreira informou que não se pronunciaria. A reportagem
não localizou dirigentes da Cinemateca e da SAC. Nos relatórios da CGU, o
ministério refuta irregularidades. Num dos trechos, diz que a entidade
tem ações de compliance e auditoria interna e que seu balanço contábil e financeiro é apresentado anualmente ao Ministério da Justiça.
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