Egito absolve 26 homens acusados de serem gays
Quando o veredicto foi lido, aplausos foram ouvidos no tribunal e alguns dos réus
descobriram seus rostos e choraram de alívio
Um tribunal egípcio absolveu na segunda-feira, 12.jan.2015, 26 homens
detidos durante uma ação registrada por câmeras de televisão em
dezembro. As prisões ocorreram durante buscas policiais por gays numa
sauna pública do Cairo.
Quando o veredicto foi lido, aplausos foram ouvidos no tribunal e alguns
dos réus descobriram seus rostos e choraram de alívio. Outros, porém,
mantiveram as faces escondidas atrás de jaquetas e cachecóis, ainda
traumatizados pela humilhação à qual eles e suas famílias foram expostos
durante o caso, que recebeu muita publicidade e atraiu a atenção do
público, depois de uma rede de televisão pró-governo ter levado ao ar
cenas nas quais se via os homens seminus sendo levados da sauna pela
polícia, no dia 7 de dezembro.
O relacionamento entre pessoas do mesmo sexo não é explicitamente
proibido pela lei egípcia, mas a homossexualidade é um tabu social no
país conservador, de maioria muçulmana. Somente nos últimos anos
personagens gays passaram a aparecer em filmes e na ficção em geral.
"Eles destruíram nossas vidas. Deus nos resgatou", disse um dos réus,
que não quis revelar seu nome para preservar sua privacidade, ao cair no
choro depois de ouvir o veredicto.
As cenas dos homens sendo levados da sauna causaram tumulto entre grupos
ativistas e de direitos humanos. Ativistas, réus e seus familiares
ficaram duplamente indignados com o profundo envolvimento no caso da
apresentadora de televisão Mona al-Iraqi, que afirmou ter, ela mesma,
dado início à ação policial sobre atividades gays na sauna, descrita por
ela como "um antro de perversão que espalha a aids pelo Egito".
Os homens foram alvo de várias acusações, dentre elas devassidão e
realização de atos indecentes em público. O veredicto desta
segunda-feira (12.jan.2015) foi dado após apenas quatro audiências,
durante as quais as famílias brigaram com jornalistas que tentavam
fotografar seus parentes no banco dos réus.
As pessoas que estavam no tribunal comemoraram depois de a palavra
"absolvição" ter sido ouvida do juiz. Vários réus, no interior da gaiola
e seus parentes prometeram processar Al-Iraqi.
A absolvição aconteceu menos de um mês após um tribunal de apelação ter
reduzido as sentença de três para um ano para oito homens condenados por
"incitação à devassidão" por aparecerem num vídeo de um suposto
casamento entre homens. Ativistas de direitos humanos dizem que 2014 foi
o pior ano em uma década para a comunidade gay egípcia, com pelo menos
150 homens detidos e levados a julgamento.
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