Brasil condena somente 31% dos réus em casos de corrupção
Estados ainda têm 55,5 mil processos sobre corrupção esperando julgamento
Dados só compreendem ações iniciadas até dezembro de 2012
Dados só compreendem ações iniciadas até dezembro de 2012
O combate à corrupção no Brasil acaba de receber um dado estatístico
inédito: 31% dos processos sobre corrupção nas Justiças estaduais (casos
de improbidade e crimes contra a administração pública) tiveram
condenação dos réus em julgamentos realizados de janeiro a julho deste
ano de 2014.
Esse dado faz parte de um relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que foi divulgado.
A meta da Justiça nos Estados era julgar 86.418 processos de corrupção
iniciados até dezembro de 2012. Até julho deste ano, foram julgados
30.911 (ou seja, 36% do total). No universo das 19 unidades da Federação
que informaram dados completos, houve 6.107 condenações (31%).
Não há como afirmar se esse percentual de condenações é baixo ou alto
por uma simples razão: nunca na história do Poder Judiciário brasileiro
essa estatística esteve disponível dessa forma.
É necessário também ressaltar que os dados – embora mais completos do
que nunca – continuam precários. Só 19 das 27 unidades da Federação
enviaram informações completas ao CNJ.
Quando se observam os locais para os quais há estatísticas disponíveis,
já é possível notar quais Justiças estaduais estão melhor ou pior em
comparação com a média do país.
86,4 MIL PROCESSOS DE CORRUPÇÃO
Como se observa na tabela acima, o estoque de processos sobre corrupção
pendentes nos Tribunais de Justiça estaduais era de 86.418, para casos
cuja tramitação teve início até dezembro de 2012.
Essa informação se refere à Justiça de 26 das 27 unidades da Federação – a única exceção é Mato Grosso.
Dos 86.418 processos, 30.911 foram julgados até julho deste ano de 2014.
Ou seja, 36% foram analisados. Em agosto restavam ainda, pelo menos,
55.507 processos de corrupção esperando julgamentos nos Estados.
Por que “pelo menos” 55.507 casos? Porque esses são os processos
iniciados até dezembro de 2012. De lá para cá não se sabe quantos mais
começaram a tramitar.
INFORMATIZAÇÃO ASSIMÉTRICA DA JUSTIÇA
Há muita assimetria na informatização do Judiciário e na disposição dos
presidentes das cortes em colaborar com o CNJ. O Tribunal de Justiça de
São Paulo ficou fora das estatísticas pois informou somente dados de
processos de segunda instância, deixando lacunas sobre o desempenho da
primeira instância.
O pior exemplo vem do Tribunal de Justiça do Mato Grosso, que até julho não havia informado nenhum dado ao CNJ.
O conselho esclarece que os tribunais não são obrigados a declarar suas
estatísticas, mas há um compromisso assinado por seus respectivos
presidentes para que façam isso.
O CNJ compilou os dados a partir de informações prestadas pelos próprios tribunais.
E os dados do Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta Corte de
Justiça do país? Não estão disponíveis para o CNJ. Por quê? Porque o STF
não está submetido a ninguém e presta contas apenas da forma e quando
desejar.
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