SIP vê ‘acentuado retrocesso’ na liberdade de imprensa
Em Santiago, assembleia conclui que continente vive aumento da
censura indireta e da violência contra profissionais
O peruano Gustavo Mohme, diretor do jornal La República, de Lima, é
o novo presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).
Indicado na tarde de terça-feira, 21.out.2014, ao final da 70.ª
Assembleia-Geral da entidade, em Santiago do Chile, ele sucede à
americana Elizabeth Ballantine.
O último dia do encontro, que reuniu cerca de 300 profissionais de
mídia desde sexta-feira, foi marcado também pela apresentação das
“Conclusões” - documento final que resume os 25 relatórios nacionais
apresentados pelos países que integram a SIP. O texto afirma que
houve “acentuado retrocesso” na liberdade de informação -
principalmente pelo crescimento geral da censura indireta e pela
violência praticada contra profissionais da mídia em pelo menos oito
países do continente. Cita com mais graves as situações no Equador,
na Venezuela, na Argentina e no México.
A censura indireta, ou autocensura - diz o documento -, resulta das
ameaças partidas de milícias e grupos clandestinos ligados ao
narcotráfico ou de autoridades de governos que rejeitam todo tipo de
crítica. O relatório final informa um total de 11 mortos em seis
meses e centenas de atos de violência, boa parte deles em países
envolvidos em campanhas eleitorais, como o Brasil. O relatório
brasileiro mencionou 84 episódios, entre agressões, censura
judicial, prisões e ameaças.
Em seu discurso de posse, Mohme dirigiu uma “mensagem de estímulo e
solidariedade a todos os perseguidos” - os profissionais citados nos
relatórios - e prometeu trabalhar “pela recuperação da democracia e
do regime republicano, a separação equilíbrio dos poderes, a plena
vigência do Estado de Direito”.
Ele se referiu também ao desafio, o do mundo digital. “Enquanto
lutamos para preservar a liberdade, o mundo sofre uma vertiginosa
transformação. Me refiro concretamente à Internet.” E se mostrou
disposto a discutir “a concentração de meios em monopólios e
oligopólios, em nível público ou privado, que são motivo de debate
em nossas sociedades”.
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