Resultado de segundo exame descarta caso de ebola no Brasil
Souleymane Bah |
O resultado do segundo exame laboratorial feito em Souleymane Bah, 47
anos, primeiro caso suspeito de ebola no Brasil, também é negativo, o
que descarta em definitivo a possibilidade de infecção do paciente da
Guiné pelo vírus.
Bah chegou ao Brasil em 19 de setembro, vindo da Guiné – um dos países mais afetados pela doença no momento.
Na quinta-feira (09.out.2014), o paciente deu entrada em uma UPA
(Unidade de Pronto Atendimento) de Cascavel (PR), relatando febre, tosse
e dor de garganta. Desde que foi admitido e isolado na UPA, porém, o
paciente não apresentou nenhum sintoma característico do ebola – como
febre, hemorragia e vômitos.
Um primeiro teste, feito na sexta-feira (10.out.2014), deu resultado
negativo para infecção por ebola. Pelo protocolo, no entanto, um segundo
exame deveria ser feito 48 horas após o primeiro para descartar a
doença. O resultado deste segundo exame foi divulgado, na tarde de
segunda (13.out.2014), pelo ministro Arthur Chioro (Saúde).
Descartada a doença, será desmontado o esquema que monitorava, desde
quinta-feira (09.out.2014), as dezenas de pessoas que tiveram contato
com Bah – na UPA e no local onde ele mora – e o eventual surgimento de
febre e outros sintomas para o ebola.
A alta do paciente, segundo Chioro, vai depender dos médicos que atendem
Bah no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (RJ). Testes
rápidos feitos no paciente já descartaram malária, dengue e HIV.
MAIS SEIS MESES DE ALERTA
O ministro afirmou que o governo pretende ampliar a divulgação de
informações sobre o ebola entre companhias aéreas e funcionários de
portos, com reuniões com o setor e disseminação de mensagens para
passageiros.
Também deve ser elaborada pela Saúde, em conjunto com o Ministério do
Turismo, uma nota para viajantes, considerando que as informações
recebidas da OMS (Organização Mundial da Saúde) dão conta de pelo menos
mais seis meses até que a epidemia seja controlada na África.
Os três países mais afetados, no continente, são Libéria, Guiné e Serra
Leoa – onde vivem hoje, respectivamente, 25, 32 e dois brasileiros, de
acordo com a Saúde.
Apesar do reforço no alerta, nada, no entanto, será alterado no
protocolo brasileiro atual de identificação e tratamento da doença.
Chioro disse acreditar que o sistema nacional de vigilância
epidemiológica é bastante preparado para lidar com vírus como o ebola.
"Pelo menos neste caso, que felizmente não se confirmou, se demonstrou
que o sistema de vigilância epidemiológica funcionou adequadamente. Vai
funcionar em outros casos também? Esperamos que sim."
O ministro criticou manifestações de racismo praticadas contra
imigrantes africanos que chegam ao Brasil e lembrou que, no país, "a
saúde é um direito de todos".
"Peço a todos os brasileiros que não manifestem qualquer tipo de posição
racista, segregacionista. Não só em relação a esta pessoa que viveu a
angústia de, por alguns dias, ser tratada como caso suspeito – e que vai
voltar a conviver conosco –, como não podemos tratar nenhuma pessoa de
forma discriminatória, porque é inaceitável em um país como o nosso."
AJUDA
Segundo o ministro Arthur Chioro (Saúde), o Brasil vai ampliar a ajuda
humanitária a Guiné, Serra Leoa e Libéria, com a oferta de mais dez kits
para o atendimento às vítimas – suficientes, cada um, para cuidar de
500 pacientes por três meses – e cerca de R$ 13,5 milhões em arroz
beneficiado e feijão.
Uma nova ajuda em dinheiro deve ser anunciada na próxima semana, para se somar a US$ 500 mil já doados.
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