PF dá 5 dias para empreiteiras explicarem depósitos para doleiro da Lava Jato
Pelo menos R$ 31,5 milhões foram repassados para duas empresas de fachada de Alberto Youssef
A Polícia Federal requereu de um grupo de empreiteiras citadas na
Operação Lava Jato informações sobre valores repassados a duas empresas
de fachada do doleiro Alberto Youssef. As transferências somam pelo
menos R$ 31,5 milhões. A PF suspeita que as transações podem
caracterizar lavagem de dinheiro “tendo por antecedentes crimes
praticados contra a Petrobrás”.
Os valores foram depositados em contas da GFD Investimentos e MO
Consultoria. Elas são duas das quatro empresas de fachada controladas
pelo doleiro – as outras duas são a Empreiteira Rigidez e a RCI
Software.
A PF abriu inquéritos específicos para apurar a origem, natureza e
finalidade das transferências bancárias efetuadas pelas empreiteiras –
individualmente ou em consórcios – do ramo de construção de obras para
contas supostamente controladas pelo doleiro.
Os dados sobre as movimentações financeiras constam de quebras judiciais
de sigilo bancário. O rastreamento identificou vários depositantes nas
contas das empresas de Youssef.
A PF já intimou as empreiteiras, com prazo de cinco dias, nos inquéritos
específicos para esclarecer “a natureza e o propósito das transações,
juntando ainda a documentação pertinente, contratos e notas que os
amparam, bem como para demonstrar a efetiva prestação do serviço
contratado”.
“Observo que há indícios veementes de que as empresas GFD Investimentos,
MO Consultoria, Empreiteira Rigidez e RCI Software seriam utilizadas
por Alberto Youssef para lavagem de dinheiro, mediante emissão de notas
fiscais fraudadas, já que as empresas inexistiriam de fato ou pelo menos
não teriam condições de prestar qualquer serviço real ou fornecer
qualquer mercadoria real”, assinalou o juiz federal Sérgio Moro, que
conduz as ações da Lava Jato.
Para o magistrado, o pedido da PF às empreiteiras é “medida é razoável
já que as empresas depositantes mantém registros documentais de
transações vultosas e poderão, querendo, esclarecer o ocorrido”.
“Se as transações tiverem causa lícita, será fácil produzir o esclarecimentos e prova necessária”, pondera Sérgio Moro.
O juiz assinala que várias empreiteiras “já peticionaram nestes autos e
em outros, requerendo acesso à investigação e manifestando sua intenção
de colaborar”. No despacho, o magistrado lista 12 empresas e consórcios,
com depósitos em duas das firmas de fachada do doleiro. Entre elas dois
consórcios que foram contratados nas obras da Refinaria de Abreu e
Lima, em Pernambuco – alvo de uma das ações penais da Lava Jato – e na
Secretaria de Habitação da Prefeitura de São Paulo, durante o governo do
ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD).
Da lista com 12 empresas que fazem transferências para as firmas de
fachada de Youssef (GFD e MO Consultoria), duas são feitas por firmas
que para a PF são do próprio doleiro. A Piemonte Empreendimentos Ltda.,
que passou R$ 8,5 milhões para a GFD. E outra é a Treviso
Empreendimentos Ltda., que depositou R$ 4,4 milhões.
Das empresas que são de terceiros, a que fez o maior aporte de recursos
das empresas de fachada do doleiro é a Investminas Participações S.A, do
ex-ministro do governo Collor Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP –
controlador do grupo GPI Investimentos, também investigado na Lava Jato.
A empresa depositou ao todo R$ 4,3 milhões na MO Consultoria.
VEJA A LISTA DE TRANSFERÊNCIAS IDENTIFICADAS PELA PF
1) Depósitos de R$ 8.530.918,57 na conta da GFD Investimentos por parte da empresa Piemonte Empreendimentos Ltda.;
2) Depósitos de R$ 4.400.000,00 na conta da GFD Investimentos por parte da empresa Treviso Empreendimentos Ltda.;
3) Depósitos de R$ 2.533.950,00 na conta da GFD Investimentos por parte de Consórcio Mendes Júnior MPE SE;
4) Depósitos de R$ 3.021.970,00 na conta da GFD Investimentos por parte de Mendes Jr. Trading E Engenharia;
5) Depósitos de R$ 4.317.100,00 na conta da MO Consultoria por parte de Investminas Participações S/A;
6) Depósitos de R$ 3.260.349,00 na conta da MO Consultoria por parte de
Consórcio RNEST O. C. Edificações, capitaneado pela empresa Engevix
Engenharia S/A;
7) Depósitos de R$ 1.941.944,24 na conta da MO Consultoria por parte de Jaraguá Equipamentos Industriais;
8) Depósitos de R$ 1.530.158,56 na conta da MO Consultoria por parte de Galvão Engenharia S/A;
9) Depósitos de R$ 619.410,00 na conta da MO Consultoria por parte de Construtora OAS Ltda.;
10) Depósitos de R$ 563.100,00 na conta da MO Consultoria por parte da OAS Engenharia e Participações S/A;
11) Depósitos de R$ 435.509,72 na conta da MO Consultoria por parte da Coesa Engenharia Ltda.;
12) Depósitos de R$ 431.710,00 na conta da MO Consultoria por parte de Consórcio SEHAB (Constran e OAS).
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