Doleiro vai entregar arquivos da corrupção
Alberto Youssef, que está depondo,
reforça sua delação com documentos e registros pessoais; colaboração
será ‘infinitamente mais robusta’ que a de Costa, avalia investigador
Alberto Youssef |
O doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, está entregando
ao Ministério Público Federal farta documentação para comprovar todas as
revelações de sua delação premiada.
Youssef começou a depor quinta-feira (02.out.2014), depôs na sexta-feira (03.out.2014), depõe neste sábado e deporá no domingo,
ininterruptamente. Não há prazo para terminar.
Ele sabe muito, vai apontar empreiteiras, empresários, políticos. Um
investigador disse que “uma contribuição desse tamanho ninguém sabe onde
ela vai parar”.
Os procuradores querem informações sobre pelo menos 750 contratos
públicos que têm as digitais de Youssef, 17 deles relativos a
empreendimentos da Petrobrás, na gestão de Paulo Roberto Costa,
ex-diretor de Abastecimento da estatal.
Quando a Lava Jato foi deflagrada, em março, a Polícia Federal encontrou
em poder do doleiro relatório intitulado “planilha de projetos”,
documento que mostra indícios de que Youssef intermediou 750 projetos
entre grandes construtoras e órgãos públicos, no período de fevereiro de
2009 a maio de 2012. A planilha revela movimentos do doleiro em setores
da administração pública.
Somados, os valores referentes a estes contratos ultrapassam a “casa dos
bilhões”, segundo relatório da PF. Pelo menos 17 contratos da Petrobrás
para grandes empreendimentos nas áreas de refinarias e gás teriam tido a
participação do doleiro, suspeita a PF.
A investigação aponta, preliminarmente, que Youssef recebeu comissões no
valor aproximado de R$ 160 milhões no âmbito dos 17 contratos com a
Petrobrás.
A força tarefa de procuradores da República quer saber quem são os
contatos do doleiro nos órgãos públicos, por onde ele circulou, quem
recebeu propinas, contas para onde foram transferidos valores ilícitos.
Ele tem documentos de cada transação. No acordo de delação premiada
comprometeu-se a entregar todos os registros.
A cada situação que apontar, a cada contrato que fizer menção, a cada
episódio de corrupção e lavagem de dinheiro que confessar, Youssef se
compromete a juntar documentação para comprovar o que diz. “Dessa vez o
interesse público vai ser muito bem atendido”, avalia um investigador.
A delação de Youssef será “infinitamente mais robusta” que a delação do
ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa – o
executivo fez uma sucessão de depoimentos e apontou pelo menos 32
parlamentares como supostos beneficiários de propinas.
A grande diferença das delações de Youssef e de Costa é que o doleiro
vai enriquecer seus relatos com papéis, registros de operações ilícitas.
A delação do doleiro será mais robusta e mais longa que a de Costa. Não tem previsão para acabar.
Um investigador reiterou que “o que vai ser diferente (em relação à
delação de Costa) é que ele (Youssef) vai apresentar documentação”.
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