Cidade no Paraná notifica caso suspeito de ebola e isola paciente
Um paciente com suspeita de ebola vindo da Guiné, na África, foi isolado
em uma unidade de saúde em Cascavel (a 498 km de Curitiba). O local
está sendo esvaziado, com pacientes transferidos, diante da gravidade do
caso.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, é o primeiro caso
suspeito da doença que foi notificado por uma prefeitura neste ano.
Trata-se de um homem de 47 anos, da Guiné, que veio de seu país no dia
19 de setembro. Ao lado de Serra Leoa e Libéria, a Guiné é um dos três
países que mais registraram casos de morte pela doença no continente.
O atual surto de ebola, o pior que se tem conhecimento, já havia matado
3.879 pessoas até o dia 5 de outubro, segundo estimativa da OMS
(Organização Mundial de Saúde).
O paciente em Cascavel apresenta um quadro de febre alta, mas não
apresenta hemorragia ou vômitos. A Secretaria Estadual de Saúde chegou a
dizer que ele apresentava hemorragia, mas a informação foi corrigida.
Além de ebola, Estado e prefeitura trabalham com a suspeita de que seja
um caso de malária ou dengue hemorrágica, uma vez que os sintomas são
semelhantes.
O paciente está internado na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) 2, do
bairro Brasília. Por precaução, todos os pacientes antes em tratamento
no local estão sendo transferidos para hospitais da região.
O Estado do Paraná tomou conhecimento do caso no final da tarde de
quinta-feira (09.out.2014) e já notificou o Ministério da Saúde. Uma
equipe da secretaria de Estado está se deslocando de Curitiba para
Cascavel a fim de acompanhar o caso.
A secretaria estadual não soube informar há quanto tempo o paciente encontra-se sob cuidados na UPA.
No último mês, outros dois casos suspeitos semelhantes, de pessoas
vindas da África, foram notificados ao Estado do Paraná por prefeituras.
Nestas situações, porém, foram considerados suspeitas de malária, já
que os pacientes não vieram de países africanos com registro de surto de
ebola.
Na noite desta quinta-feira (09.out.2014), a UPA 2 estava interditada,
com portas fechadas. Pacientes que precisavam de atendimento emergencial
eram orientados por um segurança na portaria a procurar outra unidade
de saúde.
A balconista Raquel Cristina Leite foi à UPA por volta das 21h porque
sua mãe está internada desde a noite de quarta-feira (08.out.2014). Ela
disse que ficou sabendo que a unidade estava interditada e imediatamente
correu para o local para obter informações. "Minha cunhada me ligou
avisando que ninguém entrava e ninguém saía", disse.
Uma irmã de Raquel está junto com a mãe no interior da unidade e
conversou com ela por telefone. "Os médicos tranquilizaram ela, disseram
que tem que ver se é ou se não é esse ebola", contou.
Parentes de pessoas internadas e curiosos foram até o local depois que
emissoras de rádio e TV passaram a divulgar a suspeita no início da
noite.
Fachada do pronto-socorro onde paciente com suspeita de ebola foi internado em Cascavel (PR) |
MINISTÉRIO
O Ministério da Saúde afirmou, em nota, que "o paciente será
transferido, conforme protocolo de segurança, para o Instituto Nacional
de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro, referência nacional
para casos de ebola. A transferência será feita por meio de aeronave da
Polícia Rodoviária Federal", informou a pasta por nota. A previsão é que
o avião deixe o Paraná no início da manhã desta sexta-feira
(10.out.2014).
Uma coletiva com o ministro Arthur Chioro (Saúde) está marcada para a
manhã desta sexta-feira (10.out.2014). Até a manhã de quinta-feira, o
ministério informava que nenhum caso da doença havia sido notificado e
que todas as suspeitas levantadas haviam sido prontamente descartadas.
Durante um evento na manhã de quinta-feira, Jarbas Barbosa, secretário
de vigilância e saúde da pasta, disse que o risco de um caso da doença
chegar ao Brasil é "muito baixo", mas alertou que não há risco "zero" em
nenhum lugar do mundo.
Na manhã de quinta-feira, Barbosa disse que os serviços de saúde estavam
alertas para eventuais suspeitas de ebola. Em cada Estado brasileiro
foi identificado um hospital de referência para a doença, que recebeu
testes rápidos para o diagnóstico de malária – doença mais provável
entre viajantes da África febris."
Esses hospitais serão responsáveis por isolar eventuais pacientes com
suspeita ou confirmação para o ebola, até que a pessoa seja transferida
para um dos dois hospitais apontados pelo governo para o tratamento: o
Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas e o Instituto de
Infectologia Emílio Ribas (SP).
Nesta sexta-feira (10.out.2014), o governo brasileiro deve anunciar um
novo conjunto de doações para os países mais afetados pelo ebola na
África. É possível que toda a doação não seja feita diretamente em
dinheiro, mas em bens (como equipamentos e alimentos), com o objetivo
que a ajuda chegue de forma mais direta e rápida.
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