Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão
ligado ao Ministério da Educação, divulgou os resultados do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) relativos a 2013. O Ideb mede a
qualidade do ensino nos ciclos fundamental (1º a 9º ano) e médio de
escolas públicas e privadas de todo o Brasil.
Os dados revelam que há estagnação nas duas etapas. Nos anos finais do
fundamental e no médio, todos os indicadores gerais ficaram abaixo das
metas previstas: isso inclui as médias nacional e das redes públicas
(estaduais e municipais) e privadas. A exceção foi registrada nos anos
iniciais do ensino fundamental, em que a única constatação negativa
ficou na rede privada, que não atingiu a meta estabelecida (confira os
dados nos gráficos abaixo).
O Ideb tem dupla função. Por um lado, avalia (em uma escala de 0 a 10) a
qualidade da educação que já é oferecida. Por outro, propõe metas que
escolas e redes de ensino devem atingir até 2021. As metas, contudo, são
modestíssimas. O Ideb prevê, por exemplo, que o conceito médio nos
primeiros anos do ensino fundamental atinja só em 2021 a nota 6 —
correspondente, segundo cálculo do Inep, à média alcançada em 2003 pelos
alunos de nações desenvolvidas no Pisa, mais importante avaliação
educacional do planeta. Ou seja, se o brasileiro médio chegar a esse
patamar em 2021, estará quase duas décadas atrasado.
Dentro das limitações desse cenário, o Ideb 2013 confirmou tendências
dos anos anteriores. Na média, o ensino avança vagarosamente, em geral
atingindo metas propostas ao país e redes de ensino. Outra tendência
clara é o rebaixamento das médias a cada ciclo escolar. Assim, as notas
do 5º ano são superiores às do 9º, que, por sua vez, superam as do
ensino médio. “De maneira geral, o Brasil está se organizando no ensino
primário. Depois disso, no segundo ciclo, quando exige-se mais
sofisticação, professores mais preparados, estamos patinando”, diz Ilona
Becskeházy, mestre e consultora em educação, sobre a tendência já
delineada em anos anteriores.
“A melhora nas notas do ensino fundamental se deve, em primeiro lugar, à
própria existência do índice. As escolas estão cada vez mais
conscientes da importância das avaliações nacionais e preocupadas em não
ter uma pontuação ruim. Há Estados como Minas Gerais em que a nota é
divulgada na porta da escola: ninguém quer passar vergonha”, diz Claudio
de Moura Castro, especialista em educação. “Se observarmos os dados
detalhadamente, contudo, veremos que as iniciativas para melhorar a
qualidade do ensino e aumentar a aprovação são pulverizadas. Ou seja,
nem todo mundo está avançando.”
Atraso nas notas
Neste ano, a divulgação dos dados do Ideb demorou mais do que em edições
anteriores. Em 2010, os dados relativos a 2009 foram publicados no dia
1º de julho; em 2012, os números relativos a 2011 saíram no dia 14 de
agosto.
Reportagem do jornal O Globo afirmou que o governo federal havia retido
os dados na Casa Civil por razões eleitorais: um eventual resultado ruim
no Ideb poderia afetar campanhas aliadas. MEC, Inep e Casa Civil se
pronunciaram sobre a reportagem. Por meio de notas de conteúdo
semelhante, negaram que a divulgação dos dados tivesse sido retardada
deliberadamente.
O ministro da Educação, José Henrique Paim, afirmou que o atraso na
divulgação dos dados foi provocado pelo aumento no número de recursos
apresentados por Estados e municípios — que pediam revisão de suas
notas. “Tivemos um conjunto muito grande de recursos, 30% a mais (do que
em 2012). Nós queremos ter toda a segurança para divulgar esses
números”, disse.
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