Índia põe satélite na órbita de
Marte
O primeiro-ministro Narendra Modi disse que o país conquistou "praticamente o impossível" |
O programa espacial da Índia conseguiu, na primeira tentativa, o que
outros países tentam há anos: enviar uma missão operacional para
Marte.
O satélite Mangalyaan foi confirmado na órbita do planeta vermelho.
Um feito considerável.
Essa foi a primeira vez que uma agência espacial consegue colocar um
satélite na órbita de Marte em uma viagem inaugural. Também é a
missão mais barata do gênero.
A missão foi orçada em 4,5 bilhões de rúpias (cerca de US$ 74
milhões, ou R$ 178 milhões), o que, para os padrões ocidentais, é
incrivelmente barato.
A última sonda americana da Nasa - Maven - que chegou ao planeta,
custou quase dez vezes mais.
Gerenciando custos
Com certeza, os custos com pessoal são menores na populosa nação de
1,4 bilhão de pessoas, e os cientistas e engenheiros que trabalham
em qualquer missão espacial são sempre a maior fatia do preço da
passagem espacial.
Componentes e tecnologias domésticas também foram priorizadas em
detrimento das caras importações estrangeiras.
Mas, além disso, a Índia teve o cuidado de fazer as coisas de forma
simples.
"Eles mantiveram o satélite pequeno. A carga pesa só cerca de 15
kg", diz o professor Andrew Coates, da Grã-Bretanha, que será
investigador-chefe da missão da Europa a Marte em 2018.
"É claro que essa complexidade reduzida sugere que a missão não será
tão cientificamente avançada, mas a Índia foi inteligente ao
priorizar algumas áreas que irão complementar o que os outros estão
fazendo."
Missão
O Mangalyaan está equipado com um instrumento que vai tentar medir o
metano na atmosfera. Este é um dos tópicos mais quentes na pesquisa
em Marte no momento, após observações preliminares sobre o gás.
A atmosfera da Terra contém bilhões de toneladas de metano, a grande
maioria proveniente de micróbios, como os encontrados no trato
digestivo dos animais.
A suspeita dos cientistas é que alguns organismos produtores de
metano, ou metanogênicos, possam existir em Marte se viverem no
subterrâneo, longe das duras condições da superfície do planeta.
Os cientistas ocidentais também estão animados de ter a sonda
indiana na estação. Suas medições de outros componentes atmosféricos
complementarão as medições da Maven e as observações feitas pela
europeia Mars Express.
"Isso significa que estaremos recebendo as medições de três pontos,
o que é muito importante", diz o professor Coates.
Isto irá permitir que os pesquisadores entendam melhor como o
planeta perdeu o grosso de sua atmosfera bilhões de anos atrás,
determinar que tipo de clima o planeta pode ter tido, e se era ou
não propício à vida.
Gerador de riqueza
Mas há muitas críticas a respeito do programa espacial da Índia.
Uma delas parte do princípio de que a atividade espacial é um
brinquedo melhor deixado para os países ricos e industrializados,
sem valor para as nações em desenvolvimento.
Para os que defendem este argumento, seria melhor aplicar o dinheiro
do contribuinte indiano em saúde e saneamento básico.
Mas o que essa posição muitas vezes ignora é que o investimento em
ciência e tecnologia também constrói aptidão e capacidade,
desenvolvendo o tipo de mão de obra que beneficia a economia e a
sociedade de forma mais ampla.
A atividade espacial é geradora de riqueza. Algumas das coisas
feitas no espaço fazem circular dinheiro aqui embaixo. As nações
industrializadas sabem disso e essa é uma das razões pelas quais
eles investem pesadamente na atividade espacial.
O Reino Unido, por exemplo, aumentou drasticamente seus gastos com
espaço nos últimos anos. O governo até identificou a área de
satélites como sendo uma das "oito grandes" tecnologias que podem
ajudar a reequilibrar a economia do país.
A Índia quer embarcar nesta tendência. Com o Mangalyaan e os outros
programas de satélites e foguetes, o país está se posicionando
fortemente em mercados internacionais de produtos e serviços
espaciais.
'Realização histórica'
A mídia indiana está classificando a missão como uma "realização
histórica".
O jornal Hindu afirmou que a sonda já enviou cerca de dez fotos que
mostram crateras na superfície do planeta vermelho. O governo disse
que as imagens são de "boa qualidade".
Segundo fontes locais, a câmera foi o primeiro instrumento levado
pela sonda a ser ligado, horas depois do satélite entrar na órbita
de Marte.
A espaçonave robótica levou dez meses para percorrer 200 milhões de
quilômetros até o planeta. Pesa 1350 quilos e é equipada com cinco
aparelhos.
Entre eles, estão um espectrômetro de imagens térmicas para mapear a
superfície e os recursos minerais de Marte e um sensor para detectar
metano – o que pode indicar sinais de vida – e outros componentes da
atmosfera.
Com a missão, a Índia se tornou a quarta nação ou bloco a colocar um
satélite na órbita de Marte e a primeira da Ásia.
Apenas os Estados Unidos, a União Soviética e a União Europeia já
enviaram missões ao planeta.
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